A obra de Adam Mckay merece destaque por sua crítica multifacetada.

“Não Olhe Para Cima” é um dos filmes mais comentados dos últimos tempos e, de fato, merece destaque por sua crítica multifacetada.

Um dos principais pontos que chamam minha atenção é o comportamento humano. Como estamos reagindo diante de grandes catástrofes? Que tipo de notícia prende nossa atenção e realmente nos faz refletir sobre nossas reações e ações? 

Parece que tudo de repente ficou morno, ou será que nós estamos anestesiados com esse tipo de informação e até perdemos o poder de nos chocarmos?

E, como gestor de um dos maiores grupos de comunicação do Estado, não poderia deixar de também analisar sob este aspecto. Afinal, os meios de comunicação são fundamentais em um momento em que a sociedade parece indiferente a grandes acontecimentos.

A obra, de Adam McKay, pode ser relacionada a uma série de teorias negacionistas e, por isso, dividiu críticas. Mas é inegável que a obra é sensível diante do que estamos vivendo de forma comportamental. Enquanto uma catástrofe está prestes a ocorrer, todos estão tão imersos na cultura das redes sociais, dos memes, dos influenciadores digitais e da polarização política encorpada na mídia de massa. E aí começa um embate entre negacionismo, superficialidade dos veículos de comunicação e a inércia diante dos assuntos que impactam a humanidade. 

O que assusta é o comportamento humano a partir do que acontece nas redes sociais e das fake news e, assim, enxergamos um movimento avassalador, especialmente considerando a influência que as celebridades, ou subcelebridades, têm sobre nosso cotidiano. 

Podemos nos questionar sobre a importância que damos para a informação de qualidade, ou se apenas fazemos o uso das redes sociais para dar espaço às celebridades ou pessoas que são completamente vazias, como é caso, no filme, da presidente dos Estados Unidos, no papel da Meryl Streep, e da cantora Ariana Grande, representada por uma personalidade superficial. 

Programas de massa ignoram os alertas e partem para o sensacionalismo e para os conflitos pessoais fora das telas. Um filme muito crítico também sobre o que as pessoas consideram sucesso e o que estão buscando como conquista, capazes de trocar valores importantes pelo imediatismo da fama. 

Ainda fala sobre o desenvolvimento do pensar humano, ao fazer alusão à figura do Elon Musk e de Jeff Bezos, na corrida espacial aos interesses econômicos por trás disso. E faz-nos valorizar ainda mais a construção de informações de qualidade, credíveis, fazendo-nos acreditar no poder soberano que os meios de comunicação em seus diferentes canais têm sobre seu público. 

Uma obra cinematográfica que faz crítica à rede midiática, à percepção da verdade, mas, mais do que isso, ao comportamento humano.

Uma boa reflexão. Afinal, quem não olha as situações com profundidade é porque realmente está na bolha. 

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