ODISSEIA LUZ
ODISSEIA LUZ (XX)
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A interpretação e a compreensão que fazemos dos ensinamentos da História permitem-nos concluir, ou talvez não, que por vezes são necessárias medidas drásticas para combater males que necessitam de ser definitivamente suprimidos ou rapidamente alterados. Também nos tem demonstrado que por norma o custo a pagar é sempre elevadíssimo e acabam, tantas e tantas vezes, por serem muitos a pagar a responsabilidade que é só de alguns. Recordo como paralelismo a parábola do apicultor que se passeava com um enxame de abelhas debaixo do braço, quando do nada uma delas o resolveu ferrar. Este, perante a dor, não hesitou em fechar o braço e esmaga-las todas.
No nosso caso, a ação do rei Juan Odisses com vista a erradicar um racismo inaceitável, apesar de se revestir de uma violência psicológica brutal e com consequências incalculáveis para as sociedades e para os seus povos, acabou por não ser tão definitiva como se julgava à partida e conseguiu alcançar cabalmente os objetivos delineados.
Deste modo, depois de todos terem cegado em simultâneo, deixando o universo escurecido para cada alma que vivia à face da Terra, o rei permitiu que todos os recém-nascidos já pudessem nascer a ver - segundo o próprio rei - não eram culpados pelos erros cometidos por outros antes de terem vindo ao mundo. Esta posição iria permitir que, volvidos alguns anos, já pudesse haver imensa gente a ver e cerca de um século depois já toda a humanidade poderia ver de novo.
Escusado será dizer que as várias raças continuaram a existir, assim como continuaram a existir brancos e negros à face da Terra, mas nunca mais ninguém reparou sequer que havia pessoas de cor diferente. No fundo, no fundo eram todos iguais … Pessoas!
FIM
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Agostinho Silva