Onde estava o pessoal da Comunicação?
Se você ainda não viu Succession, a série premiadíssima da HBO, talvez possa aproveitar essa quarentena para acompanhar essa grande história. Em resumo: é a história da família Roy que vive ao redor do magnata e do império econômico que ele construiu.
Um homem poderoso, quatro filhos, poucos amigos e muitos inimigos. Os herdeiros se equilibram em uma balança que ora pende pro envolvimento de cabeça nos negócios da família, ora vai pro desejo de ser esquecido pelos familiares.
A partir de agora, cuidado, spoilers! O que me chama na série a atenção é o papel contido da diretora de Comunicação desse grande grupo econômico. Ela até poderia ser encarada como um erro de verossimilhança, afinal, liberdade criativa aos criadores! Essa profissional só é acionada em momentos de crise aguda e atua muito mais na produção de notas para a imprensa ou discursos. Vez ou outra, ela faz um treinamento de porta-voz, tenta dar uma ideia acolá, mas no geral ajuda pouco nas definições estratégicas, ficando sempre em segundo ou terceiro plano atrás de outros departamentos igualmente importantes dentro de uma empresa.
Infelizmente, dá para sentir o gostinho de realidade ali: quantas lideranças contam com a Comunicação no planejamento estratégico? A série acerta até mesmo nisso, porque infelizmente esse cenário existe. Inclusive em multinacionais. Quais são os líderes que valorizam o media training e se mantêm atualizados não apenas sobre seu setor, mas também em relação ao approach que eles podem aprimorar?
Nunca acreditei que a Comunicação devesse assumir o papel de Vendas, Marketing, Recursos Humanos, Supply Chain ou de qualquer outro time. Ela é a parceira que pode otimizar tudo isso porque, via de regra, a Comunicação é uma equipe com pessoas que entendem da parte técnica e valoriza soft skills. Mais do que nunca, ela é a argamassa que mantém essas equipes dentro de um mesmo projeto, a Comunicação precisa sempre nos lembrar do propósito. E por isso mesma precisa ser feita de uma forma criativa, alinhada aos objetivos da organização (empresa, ONG, órgão público) e aos desafios éticos que nossa profissão traz.
Alguém avisa os Roy, da série Succession, que eles estão fazendo isso da forma errada?