Onde você quer estar nos próximos 10 minutos?
Seja em uma entrevista de emprego, em uma avaliação de desempenho ou, em qualquer outro lugar, certamente você já ouviu a fatídica pergunta: “Onde você se vê daqui 10 anos?” Provavelmente sua resposta foi fundamentada no mais profundo nada.
Do nascimento a morte, todo ser humano é constantemente pressionado a evoluir. Na infância, comumente as crianças são instrumento de competição (ainda que involuntária) das mães que disputam qual filho apresenta melhor desempenho e evolução: quem falou primeiro, quem deu os primeiros passos antes do 1 ano de idade e por aí vai. Na fase adulta, a pressão continua e somos constantemente influenciados a ser o melhor em tudo.
A vida é uma eterna busca por alto desempenho.
Gosto sempre de voltar meu pensamento para o período da minha infância. Provavelmente a época onde vivi com menor cobrança. Ser criança já nos ocupava tempo demais e a própria infância nos bastava. Nos bons anos 90, a rede social não existia, a internet era para poucos e por pouco tempo. Não tinha Twitter, Facebook e nem Instagram. Principalmente, a comparação com o outro era limitada. Limitada aos vizinhos, aos amigos mais próximos e, no máximo, aos personagens da televisão. Mas este último era tão, tão distante, que não causava nas pessoas a vontade de ser igual. Até causava, mas o que predominava era a admiração e não a comparação.
Com a monstruosa chegada da internet, nossa base de comparação se expandiu - do nosso pequeno círculo de pessoas, para o mundo todo. O planeta Terra inteiro passa, então, a ser a nossa base comparativa. Foi aí que o caldo começou a azedar. Associe essa expansão da base comparativa ao fator da falsa felicidade extrema e contínua que as pessoas ostentam nas redes sociais, pronto, foi criado um modelo inalcançável de comparação.
Uma recente pesquisa apontou que o Instagram é considerada a rede social mais nociva à saúde mental. Além disso, outro estudo mostrou que a depressão está crescendo entre os adolescentes. Quando, nos anos 90, uma criança seria diagnosticada com depressão? Como eu disse acima, a infância nos bastava e não sobrava espaço para mais nada. Apenas para ser criança. É claro que existiam crianças com depressão nos anos 90, mas, certamente, eram crianças que passavam por situações realmente traumáticas e extremamente críticas.
A tecnologia evoluiu, a medicina fez grandes avanços, a comunicação derrubou barreiras e fez do gigantesco mundo um vilarejo. Mas, diferente dos vilarejos que vemos nos filmes, onde as pessoas se relacionam, criam laços afetivos e desenvolvem personalidades mais saudáveis, o “Vilarejo Mundo” é hostil e essa é a pergunta que ele nos faz o tempo todo: “Onde você se vê daqui a 3 anos/5 anos e 10 anos?”
Acontece que esse vislumbre do futuro é etéreo demais. Culturalmente, vivemos em um País onde a maioria das pessoas aprendeu a se virar com o dia de hoje, a correr atrás do sustento de hoje. Olhar para esse futuro, muitas vezes, é pouco agradável. Por isso, na maioria das vezes, evitamos.
Porém, se quisermos ter a mínima noção de onde estaremos nos próximos 10 anos, precisamos nos concentrar exatamente no hoje. Isso mesmo!
Só teremos uma prévia dessa pergunta cruel quando conseguirmos responder, antes, outra pergunta: “Onde você vai estar nos próximos 10 minutos?”
O que faremos com os próximos 10 minutos da nossa vida, pode determinar onde estaremos no futuro. Sim! Isso porque o futuro nada mais é do que resultado do que construímos hoje. Quando tivermos em mente o que estamos construindo, seremos pessoas mais tranquilas, menos ansiosas e mais realizada com o hoje. E é a construção desse hoje que nos levará para os próximos 10 anos da melhor forma possível. Quando nosso foco for um pouco mais próximo e palpável do que um futuro tão distante, conseguiremos determinar onde estaremos.
É um exercício. Demanda tempo, disciplina e foco. Foco no agora. Em um mundo tão mutável, com tanta polaridade, cobrança, stress, ansiedade, depressão e síndromes, precisamos saber exatamente quem somos hoje.
Lembre-se: os próximos 10 anos serão determinados pelo que você estará fazendo nos próximos 10 minutos.
Diretora de Dados e Estratégia @GrupoInPress | Estratégia | Social Media | Marketing de Influência | Relações Públicas
5 aUsei meus 10 minutos para ler o seu texto. Tão bom quanto as conversas no café. Menos realidade opressiva e mais essência nos nossos próximos 10 minutos.
Copywriter Senior na Power House Serasa | OLIVER Latin America
5 aÓtimo texto, Paulo!!