Onze Lições de Sabedoria da Dona Tomiko
Imagem Ilustrativa: Criador: Nicolas McComber Crédito: Getty Images

Onze Lições de Sabedoria da Dona Tomiko

Como normalmente acontece, esta semana eu tirei um dia para resolver algumas pendências pessoais e para isso precisei me dirigir ao centro da cidade.

Quando eu já retornava, por volta do meio-dia e descendo à Rua da Glória no Bairro da Liberdade – São Paulo - Capital, reparei que uma senhora com traços orientais, magra, de cabelos grisalhos, aproximadamente 1,5 m de altura e com o corpo levemente curvado, aguardava-me a uns 20 metros à frente, estava parada com o corpo virado para frente e a cabeça para trás, me olhando fixamente enquanto me aproximava.

Ela carrega em uma das mãos duas sacolas plásticas, destas de supermercado. Em uma das sacolas, um bolo inteiro e na outra, acondicionado em uma embalagem de papel, um pastel. Na outra mão, segurava uma mala de cor preta, não muito grande, de rodinhas.

Quando me aproximei, a senhora de voz suave, mas firme, me perguntou se eu seguiria em frente por aquela calçada. Balançando a cabeça afirmativamente, respondi que sim.

Naquele momento ela me pediu ajuda com a mala. Por duas quadras ela me disse, até o condomínio onde morava.

Prontamente peguei a mala que, para mim, não estava muito pesada.

Ela já foi me agradecendo e justificando o seu pedido e a partir daí, nos 10 minutos seguintes, não deixou mais de falar e me presenteou com a sua sabedoria.

“... é logo ali, está perto, mas eu não estava mais aguentando carregar esse peso.

 Sabe! Fui até a casa de uma amiga, fui de ônibus e lá ganhei estas coisas. Bem, se eu ganhei é porque eu mereço, não é mesmo?

Eu ia pegar um táxi, mas achei mesmo que conseguiria voltar a pé trazendo estas coisas. Se a gente não tomar cuidado, gasta um pouquinho aqui, outro ali, e logo todo o dinheiro vai embora sem a gente perceber.

Eu recebo dois salários de aposentadoria e a metade disso é reservada para pagar o meu convênio médico. Meu irmão deixou de pagar e quando ficou internado em um hospital, a família toda precisou custear e ratear as despesas. Não foi fácil!

Sabe que, mesmo pelo convênio, fiquei vinte dias ligando todos os dias para poder agendar uma consulta médica e fazer os meus exames de rotina, para saber se está tudo bem com a minha saúde.

Até o mês passado eu pagava R$ 887,00 de convênio que agora foi para R$ 998,00, mais de R$ 100,00 de aumento. Já a minha aposentadoria aumentou somente R$ 40,00.

Eu queria mesmo era voltar para o Japão! Lá, em pouco mais de uma hora, você é atendida pelo médico, faz todos os exames necessários e já sai com os resultados. Para uma pessoa na minha idade, tenho 78 anos, é o melhor lugar para morar.

Porém, a minha família está toda aqui e tenho que ficar com ela! Não é verdade?“.

Naquele momento, íamos atravessar a rua e ela me pediu para não passar com as rodinhas da mala pela água suja que corria, e assim ela completou: “... depois a gente leva toda essa sujeira para dentro de casa.”.

Chegamos ao portão do condomínio e ela com um delicado e verdadeiro sorriso, me agradeceu:

“Arigatou! Você quer um pastel?”.

Me faz bem dizer que além da agradável companhia da Dona Tomiko, ainda aprendi onze coisas importantíssimas para a minha vida. São elas:

1.     Confiar no lugar de desconfiar.

2.     Quando precisar de ajuda, peça!

3.     Se alguém me der alguma coisa é porque eu mereço!

4.     Reconhecer os erros, não se envergonhar e aprender com isso.

5.     Como administrar o dinheiro olhando para o futuro.

6.     Saber viver com o que tem.

7.     Não importa a idade, cuide da saúde, sempre!

8.     Ser paciente e persistente.

9.     Aceite o sacrifício pela família.

10. Evite as coisas que não fazem bem e nem as leve para dentro de casa.

11. Seja grato, carinhoso e sorria, para tudo e para todos!

Foi um maravilhoso presente em um belíssimo e inesquecível dia!

Arigatou gozaimasu Dona Tomiko!

Contudo, ao final sempre há um começo!

Prof. Ruberval Machado

CARLOS RENATO DIAS, PMP .'.

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É muito legal quando temos aprendizados no cotidiano que, somente foram possíveis, devido a sua permissão em ajudar e a dela em aceitar a sua ajuda. Com o tempo cada vez mais sendo governado pelas atividades e correrias de todos, em troca de sei-lá-o-que, quantos poderiam de fato ajudar e, principalmente, de modo descompromissado? É um aprendizado diário de todos nós no eterno lapidar e equilíbrio da nossa luz e sombra. Agradeço por ter compartilhado.

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