Operadoras de grande porte aumentam em 106% o percentual do valor de guias sem retorno após 60 dias da cobrança.

Operadoras de grande porte aumentam em 106% o percentual do valor de guias sem retorno após 60 dias da cobrança.

Com o objetivo de monitorar a relação entre as operadoras de planos de saúde e os prestadores de serviços, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acompanha e divulga periodicamente um grupo de indicadores que permitem o acompanhamento do fluxo financeiro entre as partes.

Nesta semana, a ANS publicou o resultado do segundo semestre de 2022 e ao compararmos com o segundo semestre de 2019, podemos concluir que houve um aumento no volume de glosas iniciais que não se concretizam e que também houve um aumento expressivo no percentual do valor de guias sem retorno após 60 dias da cobrança, evidenciando a postergação de pagamento para os serviços realizados por beneficiários das operadoras de planos de saúde.

O percentual de glosas iniciais, que consiste no percentual do valor inicial glosado pelas operadoras em relação ao valor total dos serviços assistenciais cobrados pelos prestadores, passou de 5,50% no segundo semestre de 2019 para 8,78% no segundo semestre de 2022, um aumento de 59,7%.

Já o percentual de glosa final, que é o percentual do valor final glosado pelas operadoras em relação ao valor total dos serviços assistenciais cobrados pelos prestadores, passou de 5,21% para 6,85%, um aumento de 31,5%, ou seja, quase a metade do aumento das glosas iniciais. Esse aumento sugere que houve um aumento no volume de glosas iniciais pouco fundamentadas e talvez uma tentativa de postergação do faturamento.

Esse indício é reforçado pelo aumento no percentual de guias sem retorno após 60 dias de faturamento, tanto em número quanto no valor das guias. O percentual do valor de guias sem retorno após 60 dias da cobrança aumentou em 73%, passando de 10,49% no segundo semestre de 2019 para 18,16% no segundo semestre de 2022. As operadoras de grande porte foram as que apresentaram o maior aumento, com 105,9%.

Além disso, as operadoras de grande porte foram as que obtiveram os piores resultados em 2022 e também possuem mais força junto à rede prestadora.

A análise dos indicadores divulgados pela ANS evidencia uma tendência de postergação de pagamento por parte das operadoras de planos de saúde, o que pode afetar os prestadores de serviços e, consequentemente, a qualidade do atendimento aos beneficiários.

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