Oportunidades ocultas na fusão entre IA e desenvolvimento humano
Imagem: Pexels

Oportunidades ocultas na fusão entre IA e desenvolvimento humano

QUANDO VOCÊ PAROU DE DESENHAR?

Dias atrás eu estava ouvindo um podcast de entrevistas e um tópico do episódio em questão capturou totalmente meus pensamentos. O entrevistado, que é um educador, trouxe o seguinte questionamento sobre criatividade em meio a uma narrativa: "Quando você parou de desenhar?". Sua linha de pensamento defendia que, quando crianças, desenhamos por prazer e esse prazer nos motiva a desenvolver a criatividade de maneira completamente autêntica. Desenhamos porque queremos, porque gostamos, ainda que seja uma atividade direcionada numa sala de Educação Infantil.

De acordo com ele, à medida que o tempo passa, contudo, vamos parando de desenhar - entenda aqui desenhar como qualquer atividade criativa e/ou artística feita de maneira espontânea e por simples deleite - e, caso voltemos, provavelmente é porque temos algum objetivo a cumprir - objetivo, na maioria das vezes, profissional. Nesse contexto,então, não é improvável que deixemos nossa carreira passar por cima da nossa criatividade - pelo menos a versão mais autêntica dela.

Minha reflexão a partir daquele ponto, contudo, foi além. Hoje temos um motivo a mais e cada vez mais relevante pelo qual não desenhar: dependendo do objetivo, nós simplesmente não precisamos, pois a IA faz isso por nós em questão de poucos segundos.

Mas será que isso significa que, se nossa carreira não passou por cima da nossa criatividade - e de outras competências - em sua versão mais autêntica, a IA vai conseguir fazer isso de vez? Penso que não.

A inteligência artificial é uma força transformadora que molda o panorama profissional e impulsiona o desenvolvimento de competências humanas de maneiras inimagináveis. Por meio de elementos como criação de prompts e comandos assertivos, a IA está redefinindo as fronteiras da criatividade, da curiosidade e da comunicação eficaz.

DA CRIAÇÃO DE PROMPTS À REDEFINIÇÃO DE INTELIGÊNCIA.

No cerne da IA está a capacidade de gerar prompts que alimentam algoritmos de aprendizado de máquina. Esses prompts, quando utilizados corretamente, podem ser catalisadores poderosos para a criatividade humana. Ao desafiar os limites convencionais de pensamento, a criação de prompts incentiva uma abordagem mais expansiva e inovadora na solução de problemas.

Imagine a seguinte situação: ao fornecer um prompt específico para um modelo de IA, somos confrontados com respostas surpreendentes e, por vezes, inesperadas. Este processo revela que a IA não apenas executa tarefas, mas também gera novas perspectivas e ideias.

Aqui, reside uma oportunidade única para os profissionais: assim como a IA responde de maneiras diversas, a mente humana pode explorar múltiplos caminhos criativos quando confrontada com estímulos desafiadores.

Pensando no que isso singnifica a nível de educação, Marc Prensky — EMPOWERING THIRD MILLENNIALS (criador do termo "nativos digitais") diz que estamos entrando numa era em que as pessoas se tornarão simbióticas com a tecnologia, ou seja, pessoas e tecnologia compartilharão vantagens ao ponto de se portarem como um só organismo. Isso significa, de acordo com o autor, o movimento de um estágio de educação e aprendizagem para o de empoderamento e realizações de impacto.

Marc Prensky / Google Imagens

Entenda: é lógico que passar de um estágio para o outro não significa deixar a educação e a aprendizagem para trás, mas sim lançar um novo olhar para esse processo, considerando que o modo como entendemos educação e aprendizagem hoje não deve fazer deles os meios únicos e finais pelos quais podemos promover o desenvolvimento de pessoas. De acordo com o autor, entender o empoderamento como guia do processo de desenvolvimento é a maneira de assegurar que, de modo mais rápido e cada vez mais cedo, as pessoas possam:

  • Realizar sonhos;
  • Resolver problemas com os quais se importam;
  • Impactar outras pessoas por meio de realizações significativas.

De maneira igualmente disruptiva, Marc Natanagara, Ed.D. propõe a redefinição de inteligência no contexto da aprendizagem aliada à tecnologia. Pensando em como essa redefinição pode impactar o modo como pensamos a experiência do desenvolvimento humano, o consultor educacional traz alguns pontos norteadores (você pode assistir a breve palestra logo abaixo dos tópicos para ouvir um pouco mais do próprio professor):

  • Experiência: descoberta, reflexão e ação;
  • Atribuição de sentido: interdisciplinaridade, autenticidade e relevância;
  • Conexões: integração, contexto e perspectiva;
  • Sentimentos: autoconsciência, empatia e relacionamentos;
  • Aplicação: inovação, criatividade e visão ampla;

COMANDOS ASSERTIVOS: UMA QUESTÃO DE ORGANIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO E CURIOSIDADE.

Os comandos assertivos na interação com a IA não são apenas instruções; são declarações que exigem clareza e precisão, processo que envolve competências a nível intrapessoal, como organização (de pensamento), e interpessoal, como assertividade. Para formular os comandos certos, portanto, é necessário organizar nossos pensamentos de maneira estruturada, o que, por sua vez, aprimora nossas habilidades de comunicação e criatividade.

Quando recebemos respostas da IA, a natureza assertiva dos comandos revela não apenas a competência técnica, mas também o grau de organização dos pensamentos do emissor.

Uma resposta que atende às expectativas demonstra uma comunicação eficaz e uma compreensão sólida do problema em questão. Por outro lado, respostas que fogem ao esperado podem indicar lacunas na formulação do comando ou na compreensão do contexto.

A mera existência de uma ferramenta que dá respostas prontas não precisa ser, portanto, uma ameaça ao desenvolvimento humano. Afinal de contas, um processo de aprendizagem eficaz envolve a elaboração assertiva de perguntas e, em primeira instância, a própria mobilização da curiosidade necessária para que essas perguntas sejam formuladas aliada à visão analítica que encontra as lacunas de conhecimento dignas de curiosidade.

RESSIGNIFICAÇÃO DA CARREIRA PELO EMPODERAMENTO

A integração da IA nos ambientes profissionais e de aprendizagem não é apenas uma adaptação necessária, mas uma rica oportunidade para impulsionar o desenvolvimento humano. Ao abraçar a IA como uma aliada na exploração de novas ideias, expandimos nossas fronteiras cognitivas, promovendo o pensamento analítico e a resolução criativa de problemas.

Além disso, a interação com a IA desafia os paradigmas tradicionais da carreira profissional. A habilidade de utilizar a inteligência artificial para ampliar competências humanas torna-se um diferencial valioso.

Estamos diante de uma era em que a ressignificação da carreira não significa substituição, mas sim uma evolução orientada pela integração harmoniosa entre inteligência artificial e habilidades humanas.

Eu tenho me desafiado a explorar esse vasto terreno de possibilidades e venho encontrando oportunidades de empoderamento diariamente. O convite para essa experiência está feito a você. Vamos?



SOBRE O AUTOR

Atuo e acredito há 11 anos na educação de excelência em escolas e em empresas. Como palestrante, já impactei mais de 7 mil pessoas sobre temas como soft skills, liderança, aprendizagem contínua e inovação. Como facilitador de treinamentos, colaboro com o desenvolvimento de times comerciais, pedagógicos e de relacionamento. Como designer instrucional, crio objetos instrucionais para assegurar alta performance e desenvolvimento pessoal e organizacional. Minha missão é continuar me certificando de que as pessoas que me ouvem e que leem o que eu escrevo sejam inspiradas e motivadas a continuar aprendendo e se desenvolvendo.


Agradeço por ter ficado comigo até aqui! Se você se interessa por conteúdos como o deste artigo, assim como sobre aprendizagem contínua, liderança, desenvolvimento e inovação, convido você a assinar minha newsletter AQUI, assim você fica por dentro das novidades semanalmente! Até a próxima!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos