A ordem dos fatores

A ordem dos fatores

Já falei sobre este tema há algum tempo e em diferentes contextos. Depois de reler o material publicado, resolvi reeditá-lo com alguns retoques e neste novo formato para manter a atualidade.

A dúvida continua a mesma: Será que a ordem dos fatores altera o resultado ou o produto de uma operação? A resposta é que na matemática não, mas fora dela há situações em que, certamente, pode alterar significativamente.

O jovem empresta o automóvel do pai e sai para um programa noturno de final de semana com os amigos. Meia hora depois de ter saído de casa, quase se envolve num acidente e, ansioso, telefona para o pai para dar a notícia.

“Pai, eu estava indo buscar o João na casa dele e fui pela Avenida Azul. Lembra daquele semáforo na esquina com a Rua Verde? Não estava funcionando e não havia ninguém orientando o trânsito. Eu estava dirigindo com muito cuidado, juro, mas, de repente, apareceu do nada um carro correndo feito louco. Ele não parou e veio voando na minha direção. Eu tive de me desviar rápido para evitar a batida. Foi por pouco.”

A essa altura, antes do alívio com a frase final, o pai já estava suando frio e a mãe já havia se aproximado do marido querendo saber o que havia acontecido.

Teria sido melhor se a ordem das informações tivesse sido diferente?

“Pai, acabei de escapar de um acidente. Se eu não tivesse sido rápido, teria batido o carro. Eu estava indo buscar o João.............”

Numa outra situação, o gerente industrial de uma empresa apresenta uma proposta de investimento à diretoria.

“O mercado brasileiro de embalagens plásticas refratárias é de K unidades anuais e tem crescido a uma taxa média de x % ao ano, nos últimos três anos, devido a sua conveniência e comodidade e .................. Além disso, a desvalorização da nossa moeda tem permitido um crescimento exponencial das exportações, principalmente para............... A tendência, segundo a Associação dos Fabricantes, é que .......... Entretanto, o nosso desempenho não tem sido satisfatório, pois os nossos concorrentes têm ............ e temos perdido tanto margem como participação no mercado. Nesses três anos, a margem caiu de .... para .... e a participação de mercado de .... para .... Temos um maquinário antigo e superado com baixa produtividade e elevado custo de manutenção devido as frequentes ............ Para recuperarmos a nossa competitividade, entendemos ser necessário trocar a nossa injetora por uma modelo XYZ de alta produtividade fabricada na Suécia. Seu custo, já instalada e incluindo os impostos para importação, é de R$ V. O retorno do investimento, considerando a projetada redução dos custos unitários, foi estimado em dezoito meses.”

Como será que estará a cabeça dos diretores antes do gerente oferecer a solução? Eles estarão ansiosos por ouvir a proposta ou estarão cheios de dúvidas a esclarecer sobre os diversos pontos da exposição do cenário? O que ganhará mais importância durante o debate, a análise do investimento ou o esclarecimento das dúvidas? Pior ainda, eles terão paciência suficiente para esperar o final da narrativa ou interromperão para solicitar esclarecimentos?

Teria sido diferente se a ordem dos itens apresentados fosse outra?

“Senhores, esta é uma proposta de investimento de R$ V, com retorno calculado em dezoito meses, numa máquina injetora modelo XYZ. Destina-se a aumentar a nossa competitividade e a nossa capacidade de atender à crescente demanda, via maior produtividade e menores custos. O mercado brasileiro de embalagens plásticas............. (as mesmas explicações).”

Embora o mais comum seja se fazer o contrário – primeiro as explicações e depois a conclusão, fica claro que, particularmente, prefiro as segundas alternativas. Elas geram mais foco, menos ansiedade e maior clareza sobre os objetivos das informações. Além disso, predefinem a relevância do tema e o tipo de atenção que se deve dar a ele.

Prefiro: “O João acabou de receber alta do hospital depois de uma internação por COVID, com intubação e tudo. Há mais de dois meses, sentiu-se mal e não deu atenção. Piorou e ...

a: “Sabiam que o João teve COVID e precisou ser internado? Há mais de dois meses, sentiu-se mal e não deu atenção. Piorou e teve de ser internado às pressas e até intubado ... Felizmente acabou de receber alta.”

Não é melhor ir direto ao ponto?

Edmar Oliveira

Sócio proprietário na Mec Stone

2 a

Sempre aprendendo com o senhor

Paulo Petreche

Finance Advisor na Di Larouffe

2 a

Muito bom, útil até para os que estão se preparando para trabalhar como copywriting. Suas postagens são sempre interessantes e trazem boas lembranças de suas colocações, precisas e bem direcionadas. Grande Abraço.

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