A tirania dos custos
Perguntaram a um famoso e bem-sucedido empresário qual era o segredo do sucesso das suas empresas e dos seus empreendimentos.
Ele respondeu que não havia uma razão única para isso, mas que a competente e austera administração dos custos tinha sido um fator crítico de sucesso. Explicou, ainda, que os custos estão para as empresas assim como as unhas estão para o corpo humano. São importantes, ajudam a fazer muitas coisas e até ajudam a melhorar o visual, mas crescem inevitavelmente. Para que não venham a atrapalhar, é preciso que sejam limpas, lixadas e cortadas com frequência.
Ele poderia ter respondido, e seria igualmente verdadeiro, que as estratégias de marketing, a rede de distribuição e a eficiência da logística tiveram papeis importantes no crescimento, mas que isso demanda recursos que devem ser aportados de algumas formas e que uma dessas formas é a eficiência na gestão dos custos.
De fato, tanto no campo empresarial como no pessoal, é mais fácil, mais rápido e mais automático se dobrarem os gastos do que se aumentarem as receitas. É desproporcional a relação que existe entre a facilidade de se aumentar uma ou outra dessas variáveis.
O aumento das receitas exige não apenas vontade, mas também qualificação, criatividade, iniciativa, atitudes, capital e uma competente identificação e exploração de oportunidades. Não somos totalmente donos dessa ferramenta, pois as condicionantes são muitas e variadas e a concorrência pela ocupação dos espaços ainda vazios é intensa.
Enquanto isso, o aumento dos gastos requer apenas vontade e algum descuido nos controles. As oportunidades de se comprar mais e de se gastar mais são criadas naturalmente e sem qualquer esforço. Há muita gente fazendo muitas coisas importantes para aumentar os consumos de tudo e, portanto, os custos de quem consome – novas alternativas de produtos e serviços, divulgações criativas e convincentes e, principalmente, desafios comparativos com apelos ao status, ao conforto e até à modernidade ou modismo.
Para atender a esses apelos, caso não se coloquem alguns filtros, os gastos tenderão ao infinito. Ainda que se tenha tudo o que é necessário, ainda que as coisas estejam funcionando bem, fica a impressão de que falta muito – aquela funcionalidade, aquele modelo ou aquele tamanho, por exemplo. Parece que se está sempre procurando “completar a coleção” e isso nunca acontece.
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Já se disse que não há nada mais inútil do que fazer bem-feita uma coisa que não é necessária ou que não precisa ser feita. Eu diria que fazer malfeita é pior ainda. Não faz sentido. Se é para fazer, que seja bem-feita. Portanto o desafio não é fazer bem-feito ou malfeito, não é comprar o bem de melhor ou pior qualidade ou o mais barato em lugar do mais caro.
O desafio é definir o que é ou o que não é preciso, o que precisa ou não precisa ser feito, o que precisa ou não precisa ser comprado e, a partir daí, fazer o necessário e suficiente para conseguir o resultado desejado. Não mais do que o suficiente para evitar os excessos pelos quais ninguém pagará nem mesmo um centavo a mais. Não menos do que o necessário até para não precisar fazer mais de uma vez e duplicar os custos.
Mas, afinal, como é que se sabe o que deve ou não deve ser feito? Não parece haver uma regra de ouro para essa escolha, mas poderia ser um conceito relativamente simples resumido numa frase. “Aquilo que adiciona ao sistema valor proporcionalmente superior ao seu custo ou aquilo cuja ausência gera uma deterioração no sistema maior do que o seu custo quer sejam essa adição de valor ou essa deterioração monetárias, físicas, políticas, sociais ou emocionais.
Imagino que possa ter sido isso que o famoso empresário tenha pretendido dizer com “administração competente e austera dos custos”.
Market Division Lead | Market Head l Commercial Director | National Sales Manager | Senior Sales Manager | Digital Transformation | Industry 4.0
3 aExcelente artigo Adib, gde abraço!
COO at brain4care
3 aMuito bom Adib!
Excelente artigo, como sempre!! Um grande abraço!!
Finance Advisor na Di Larouffe
3 acomo sempre, colocações fundamentadas e importantes. Obrigado por mais esta contribuição. Grande abraço