Organizações à prova do futuro
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Organizações à prova do futuro

Que as organizações estão passando por transformações por meio da interação com a tecnologia já não é novidade, muito se fala nisso, e tá virando até clichê. Mas qual o motivo da repetição? Por que esse tema ainda será extensamente debatido? Minha organização possui Big Data e IA, já é o suficiente?

A Transformação digital define um processo no qual as organizações utilizam os recursos tecnológicos para potencializar a sua performance, aumentar o alcance e obter melhores resultados. De forma um tanto equivocada, a interpretação dessa terminologia nos artigos e posts na Internet tem focado muito na tecnologia como ponto central, esquecendo de enfatizar outras questões centrais dentro de uma empresa e, até mesmo, as pessoas. 

A IBF Future define alguns pilares dessa era digital: Pensamento Empreendedor e Ágil, Dados para tomada de decisão, Design Centrado no Humano, Risco e Governança no mundo digital, Consciência digital e Engajamento Digital. Alguns desses pontos serão comentados aqui.

De forma complementar, falar de Organização à prova de futuro (Future-Proof Organizations), ou seja, daquelas que decidiram se preparar para esse novo momento, envolve todas as esferas da organização e afeta diretamente a Cultura, as Pessoas, os Clientes, a Concorrência, os Processos, os Modelos de Negócio, o pensamento sobre Inovação, a Interação com os Dados e, obviamente, as Tecnologias. Dessa forma, podemos observar que não se trata de decisões simples. Esse artigo não se propõe a trazer definições restritas, mas pensamentos que podem contribuir para esse objetivo.

Uma questão inicial, e que determina a direção que se vai percorrer nesse sentido, é a mudança de Mindset das pessoas que compõem a organização, principalmente, daquelas que formam a alta gestão. Líderes com visão de futuro tem o potencial definir melhor a agenda de transformação digital no planejamento estratégico, além de criar um ambiente para que os colaboradores sintam-se seguros para buscar a Inovação.

Sobre a Inovação, Criatividade e Experiência

Existem pessoas pensando em Inovação na sua organização?

Para que isso seja possível, é preciso ter liberdade para divergir, emitir opiniões e sugerir novas ideias. Além disso, a inovação tem o erro como premissa básica. Ninguém inova sem errar e aprender. Nesse sentido, a inovação deve ser encarada como um componente do processo evolutivo, algo inerente a qualquer projeto ou iniciativa. O futuro será construído por empresas inovadoras!

Em todas as áreas e serviços observamos o avanço da tecnologia transformando os modelos de negócio e trazendo novas experiências, esses sistemas revolucionaram a interação com serviços que já existiam: Netflix, Airbnb, Spotify, Nu Bank, Ifood, Whatsapp, entre outros. Essas empresas já nasceram como plataformas de inovação disruptiva.

Apesar disso, achar gaps de inovação tem sido cada vez mais desafiador, de forma complementar, a experiência oferecida pelos serviços por meio de recursos tecnológicos com foco em UX (User Experience) tem sido motivação central na escolha por um aplicativo em detrimento de outro, por exemplo. Dessa forma, o pensamento sobre o oferecimento de novas experiências atrelada aos requisitos de inovação para os serviços oferecidos pela organização precisa ser desenvolvido.

Nesse contexto, uma das prioridades deve ser a geração de mais autonomia dentro processo de melhoria da experiência dos usuários, reduzindo o atrito e o esforço das atividades repetitivas e repensando a importância de cada fase. Isso não só para as atividades que impactam o cliente final, mas principalmente, para aquelas que utilizadas pelas pessoas que trabalham na organização.

Apesar de sabemos que todas as empresas precisam de tecnologia para se manterem vivas e competitivas, existem aquelas já nasceram sendo uma plataforma e outras que precisam se reinventar e se transformar digitalmente.

Sobre a Cultura

Existe investimento na realização de experimentos objetivando tomar melhores decisões sobre as iniciativas? As ideias bem-sucedidas são integradas de forma ágil a operação?

A Cultura da Startup tem entrado nas organizações e influenciado a forma de pensar e de estruturar os projetos, certamente o pensamento "lean" e "agile" são cruciais para se preparar para o futuro. O livro The Startup Way, de Eric Ries, apresentada visão sobre isso.

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A criação de ciclos de inovação curtos, por meio da metodologia MVP indicada no Lean Startup (testar com o mínimo de esforço), com a presença forte do cliente para validação, se apresenta como um processo nesse sentido. O protótipo precisa ser funcional desde o início, e vai sendo evoluindo até chegar uma solução ideal (para aquele momento). A formação de equipes multidisciplinaridades para o desenvolvimento dos projetos também deve ser encorajada, as várias visões é um requisito importante dentro de processo de criação, inovação e produção.

O Design Thinking também se apresenta com um método importante quando o assunto é inovação, pois suas etapas permitem uma sinergia forte com o cliente por meio da empatia, da definição de um problema com base nas informações obtidas com o consumidor, da ideação como uma forma de propor soluções que resolvam o problema, da prototipação como a materialização da solução e o teste contínuo e permanente de validação junto ao cliente. Essas etapas podem ser usadas irrestritamente nas ações de modelagem e validação de um produto, processo, serviço, etc. 

As Metodologias Ágeis (Agile), se implementadas adequadamente disponibilizam um conjunto de características que ajudam a manter o engajamento das pessoas na transformação digital, gera ampla participação, enriquece as relações, possibilitam a entrega de feedbacks rápidos e contínuos, privilegiam decisões baseados em dados, além de ajudar a lidar melhor com os processo de mudança.

É importante lembrar que o cliente está cada vez mais exigente, conectado, seletivo, e sua busca por um produto personalizado tem sido crescente, além disso, os valores das pessoas está mudando e podemos observar a ascensão de novos hábitos de consumo. Dessa forma, métodos que incluem o cliente dentro do processo produtivo se apresenta como uma interessante proposta. Além disso, é importante enfatizar que existe o cliente externo (consumidor) e o cliente interno (colaborador), ambos devem ser contemplados nessa visão.

Essas metodologias podem trabalhar juntas, se complementando e possibilitando melhores soluções, como é possível ver no artigo Insights sobre a combinação do Design Thinking, Lean Canvas, UX e Agile no desenvolvimento de Produtos de Software.

Sobre o Comportamento

O aprendizado contínuo é algo intencionalmente desenvolvido pelas pessoas na organização?

Nesse contexto, as pessoas devem assumir responsabilidade pelo seu aprendizado (self driven learning). Sobre isso, é muito comum as pessoas terem uma postura mais passiva em relação a sua capacitação, a importância das organizações oferecerem incentivos para isso é valorizada, mas o entendimento de que o aprendizado contínuo (lifelong learning) é uma responsabilidade individual precisa ser incorporada e amadurecida.

Existe claro entendimento de como as tendências digitais e tecnologias emergentes têm mudado o cenário de atuação da organização?

O desenvolvimento do Mindset Digital (Consciência Digital), ou seja, o entendimento sobre aplicabilidade da tecnologia nas áreas e o seu potencial, é uma mudança de ótica que deve ser buscada permanentemente, afinal, esse conhecimento não deve estar restrito apenas aos nerds do setor de TI (isso é passado). A Consciência Digital é um conhecimento que deve ser enxergado como transversal. Dessa forma, termos como Big Data, IoT, IA, Blockchain, Machine Learning, Realidade Virtual e Aumentada, devem ser conhecidos, assim como os seus contextos de aplicação.

Outra postura que deve ser incorporada são as decisões baseadas em dados, para isso, a empresa deve desenvolver visões e dashboards que permitam a aplicação prática do conceito data-driven organization.

Como começar a desenvolver essa nova forma de pensar? Vejamos algumas ideias.

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O conhecimento T (T-Shaped Person), no qual a pessoa deve buscar amplo conhecimento e habilidades em várias áreas e o conhecimento profundo em uma área específica (normalmente sua área de formação). Esse estilo está muito associado a ideia de aprendizado contínuo, ou seja, a curiosidade para pesquisas e ficar atento aos temas novos, as tendências, as previsões.

Obviamente que o Mindset Digital não diz respeito apenas às questões técnicas, as habilidades socioemocionais também precisam ser intencionalmente evoluídas. 

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Dessa forma, um caminho para desenvolvimento dessas competências, também chamadas do Século 21, é a busca pelo equilíbrio entre as Hard Skills e Soft Skills. Para reflexão, no iceberg ao lado, a parte das Soft Skills possui um pedaço maior, ou seja, é muito importante que sejam vistas como um aspeto central.

Nesse sentido, os 4Cs apresentam algumas características do profissional do futuro: Critical thinking, Creativity, Collaboration, Communication. Atrelado a isso, a postura intraempreendedora com percepção de senso de dono, sendo pró-ativo, preocupado com a qualidade da produção, com o alinhamento aos resultados do negócio, possuindo uma visão sistêmica da organização, são posturas que devem ser buscadas de forma abrangente.

Uma ação bastante recomendada nesse cenário, são as learning missions, visitas com foco em benchmarking, que promovem Experience Based Learning, esse tipo de missão pode gerar um aprendizado exponencial, conhecimento que pode ser o necessário para ajustar o resultado de um projeto, por exemplo. A participação em eventos e treinamentos também trazem normalmente informações de futuro, a proposta das Conferências da Startse certamente contribuem nesse sentido.

A questão da Humanização do processo tecnológico é um ponto importante, como propõe a Sociedade 5.0, o ser humano é o centro da experiência, e a tecnologia existe para melhorar a sua vida. A discussão sobre isso é importante, pois é muito comum a ênfase na tecnologia de forma isolada, considerando pouco os aspectos humanos envolvidos.

Por fim , a importância em mapear futuros alternativos, a capacidade de prever mudanças e entender seus impactos e como liderá-las, considerar a inovação como componente das ações e projetos, evoluir a cultura Lean e Agile, desenvolver o Mindset Digital por meio do conhecimento T, buscar amadurecer as competências do século 21 e etc, são ações que certamente vão ajudar a construir estratégias de futuro mais consistentes.

O futuro é agora!

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