Organizações Transcendentes
Uma organização transcendente é uma organização que está para além da sua definição conceptual. Que vai além da soma dos esforços individuais que têm por finalidade atingir objetivos coletivos. O caminho de uma gestão linear para uma organização transcendente não é fácil e, muitas vezes, sinuoso.
Em qualquer publicação ou artigo sobre novos modelos organizacionais podemos constatar as mudanças que são necessárias para que exista esta transformação, como por exemplo, a mudança de mindset de obtenção de lucros para uma organização centrada no seu propósito ou de um modelo de hierarquia rígida para modelos de rede e de colaboração. No entanto, todos estes modelos não colocam o enfâse correto no elemento mais importante de uma empresa, as pessoas.
O termo “transcendente” é comumente associado a líderes e pessoas que desempenham papéis que vão além da sua natureza física nos mais diversos ambientes ou contextos. Estes líderes reconhecem as características humanas a cada colaborador, a necessidade e a dimensão interpessoal de uma empresa. O ónus da mudança ou criação de cultura numa organização é muitas vezes, para não dizer sempre, colocado na gestão de topo e nos níveis médios de senioridade. E é exatamente aqui que a estratégia falha. O sucesso de qualquer organização é medido pelo sucesso que existe nas interações intra e entre equipas.
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Fred Kofman, coach executivo e conselheiro sobre liderança e cultura, no seu livro “Liderança e propósito: O novo líder e o real significado do sucesso”, refere que o “sucesso interpessoal é um requisito para a sobrevivência. Se as pessoas não cooperarem e não se respeitarem umas às outras, a empresa irá fracassar”.
A cultura de uma organização não é só definida pelos anúncios em letras garrafais e uso de palavras “triviais” dos seus valores ou missão, é maioritariamente definida por regras e procedimentos formais da organização, com os seus códigos informais de comportamento, rituais, funções, sistemas de remuneração e gíria utilizada pelos colaboradores. Nesse sentido, a seleção de novos membros para integrar a organização e a equipa torna-se crucial pois quando os atores organizacionais conhecem os princípios e valores que a organização defende e abraça e se identificam com eles, é mais provável que o seu comportamento organizacional seja coerente com esses valores. Cada membro da organização sentir-se-á parte integrante da organização e atribuirá significado e relevância à realidade organizacional.
A rápida transformação tecnológica e das dinâmicas demográficas, a globalização e alterações climáticas produzem impactos profundos nas atividades económicas, incluindo na organização do trabalho e nas relações de emprego. Urge a necessidade de construirmos sociedades moldadas por organizações humano-cêntricas, que apostem no desenvolvimento dos seus colaboradores enquanto criam valor para as comunidades onde se inserem. O propósito é criar um mundo de trabalho melhor.