Originais de Adam Grant

Originais de Adam Grant

Nos dias de hoje, somos bombardeados constantemente por padrões, normas e expectativas que moldam nossa vida pessoal e profissional. Buscando compreender a relação e nossos hábitos, reflito sobre o livro Originais de Adam Grant.

Logo no início de sua obra é apresentada uma pesquisa que contém ingredientes e sacadas fundamentais para compreendermos determinados hábitos e suas relações. A pesquisa de Michael Housman sobre comportamento no trabalho me chamou a atenção.

Em sua pesquisa, o mesmo envolveu mais de 30 mil funcionários de call centers, revelando que o fato de profissionais mudarem de emprego várias vezes não tinha relação direta com sua permanência ou sucesso na função. No entanto, ao aprofundar seus estudos apareceu determinada correlação ao uso do navegador de internet utilizado por esses profissionais. Dentre as opções, Internet Explorer, Safari, Firefox e Chrome, aqueles que usavam navegadores como Firefox ou Chrome demonstraram uma postura diferente: mais comprometidos com o trabalho, menos faltas e um desempenho significativamente melhor. A chave para esse comportamento não estava no navegador em si, mas na mentalidade de questionar o padrão. Profissionais que escolhiam essas alternativas estavam mais dispostos a investigar, a buscar melhores opções e a desafiar o que já vinha pré-estabelecido. Essa atitude de não se contentar com o "padrão" refletia diretamente na maneira como abordavam seus desafios no trabalho. Eles não seguiam o script; procuravam melhorar constantemente.

Por outro lado, Internet Explorer e Safari, que eram mais utilizados pelos funcionários com menor desempenho, são navegadores mais antigos e, muitas vezes, menos otimizados, com limitações em relação às opções de personalização e compatibilidade com sites mais modernos.

Esses navegadores mais tradicionais eram frequentemente pré-instalados nos dispositivos, o que implicava uma escolha passiva. Ao escolher Firefox ou Chrome, os funcionários demonstravam mais curiosidade e disposição para explorar outras opções e melhorar suas condições de trabalho, refletindo uma postura mais proativa.

Ele compartilha exemplos de grandes nomes como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Martin Luther King Jr., figuras que, ao questionarem normas e padrões estabelecidos, conseguiram transformar o mundo ao seu redor. No entanto, Grant nos alerta: o que torna essas pessoas originais não é necessariamente a genialidade ou a coragem de ser o primeiro, mas sim a persistência, adaptação e a capacidade de aproveitar as oportunidades disponíveis. Ser original, segundo Grant, é sobre testar novas ideias e buscar maneiras diferentes de fazer as coisas, mesmo que isso envolva riscos.

O livro também reflete sobre o medo do fracasso, que muitos inovadores enfrentam. Ao contrário da crença popular de que grandes inovadores apostam tudo em uma única ideia ousada, Grant nos mostra que os originais, na verdade, são mais propensos a se envolver em múltiplos projetos ao mesmo tempo, o que ajuda a reduzir riscos e aumenta suas chances de sucesso. Essa inteligência estratégica é o que permite que eles desafiem o status quo de maneira cuidadosa e planejada, aproveitando o melhor de cada oportunidade.

Cultura "Pensar diferente" da Bridgewater Associates

Ele discute a cultura organizacional da Bridgewater Associates, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo, conhecida por sua abordagem única e focada em "pensar diferente". A empresa, fundada por Ray Dalio, é reconhecida por promover uma cultura de transparência radical, onde a divergência de opiniões é incentivada e essencial para o processo decisório.

Dalio desenvolveu mais de 200 princípios que guiam o comportamento de seus funcionários, os quais são treinados intensivamente para internalizá-los. A Bridgewater valoriza a expressão de ideias originais e a capacidade de questionar o status quo. A empresa acredita que as melhores decisões vêm de um debate aberto e do desafio constante das ideias estabelecidas, criando um ambiente em que os erros são compartilhados abertamente, e o feedback é dado de maneira direta e construtiva.

Um ponto central da filosofia da Bridgewater é a meritocracia das ideias, onde o objetivo é alcançar soluções melhores, independentemente do cargo ou da experiência de quem as propõe. Esse ambiente favorece a tomada de decisões melhores e mais bem informadas, evitando o pensamento de grupo e os vícios que podem surgir em organizações tradicionais. O foco na diversidade de pensamentos e na capacidade de divergência autêntica se torna, assim, um diferencial competitivo para a Bridgewater.

Conclusão: Com o aumento da necessidade de inovação, cada vez mais pessoas precisam adotar uma postura criativa e transformadora. O mercado de trabalho, as dinâmicas organizacionais e até as relações pessoais estão sendo profundamente impactados pela busca constante por inovação. Ser capaz de pensar de forma diferente, questionar o status quo e implementar soluções criativas pode ser o diferencial que nos levará a crescer, não apenas como profissionais, mas também como indivíduos capazes de transformar o mundo à nossa volta.

As informações compartilhadas em Originais nos convidam a refletir sobre as ações e hábitos de nossa sociedade. Ao ler a obra, procurei compreender quais variáveis estão relacionadas à mudança do status quo. Entre essas, destaco características como autoconfiança, resiliência, curiosidade, autonomia, tolerância ao fracasso, adaptação e inteligência emocional. Essas qualidades são essenciais para aqueles que desafiam as normas estabelecidas e buscam alternativas inovadoras. 

Pedro Henrique de Souza Oliveira

Engenheiro Civil | Especialista em Gestão de Projetos e Obras | Integrador de Times e Stakeholders com Aplicação de IA | Sustentabilidade | ESG

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Muito informativo, Felipão!!

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