Os 4 Tipos de Ciúmes Frequentes. E qual o seu ?

Muitas tragédias já aconteceram por motivo de ciúmes, grande escritores da literatura universal escreveram livros considerados imortais, onde contam narrativas românticas e comportamentos criminais . Muitas mulheres e homens sofreram com os sentimentos do ciúme exagerado, obsessivo ou patológico. O famoso escritor Inglês William Shakespeare narra na  sua peça Otelo, sobre o ciúme patológico que tivera o personagem. E, onde depois ficou conhecido como a Síndrome de Otelo, que mostra o lado obscuro desse sentimento com pensamentos irracionais, bizarros e ilógicos. Segundo o personagem, sua mulher estava lhe traindo e por causa dessa traição suicidou-se. Obra escrita em 1694 tornou um clássico universal. Temos também outros escritores tais como : Proust, Dante, Goethe, Dostoiévsk que retrataram em sua obras a angústia desse sentimento que, por vezes , assume um caráter avalassador nas pessoas . Já na literatura Brasileira temos Machado de Assis com o livro Dom Casmurro e outros livros.

1.Como Identificar um ciumento?

Para que se possa identificar um ciumento temos que seguir as seguintes características :

1.Suspeita infundadas,

2. Sofrimento das duas pessoas envolvidas,

3.Inspeção obsessiva, repetitiva e continua de objetos pessoais e vida íntima da outra pessoa,

4.Tendência a evitar encontros sociais que possam oferecer riscos de rivalidade,

5. Perda do controle com facilidade e atitudes violentas quando desencadeadas crises de ciúme.

O ciúme na sua base instintual tem a vantagem de proteger a prole, as pessoas e objetos, mas quando ultrapassa os limites da normalidade, passa a ser considerado problemático na vida das pessoas.(vide a teoria evolucionista).

2. Tipos de Ciúmes Frequentes Nas Pessoas .

1. Normal ,
2. Exagerado,
3. Obsessivo,
4. Patológico.

3. Conhecendo os Tipos de Ciúmes nas Pessoas

O Ciúme  Normal.

Para os evolucionista, o ciúme é um sentimento que visa a preservação das espécies. Os psicodinâmicos consideram-no um medo, real ou imaginário , de se perder o objeto do desejo ou o relacionamento com outra pessoa. Como também estar muito ligado a insegurança, falta de confiança em si ou no outro.  

O sentimento do ciúme normal acuida-se no sentido de sempre proteger o objeto amado, na intenção de sempre contar com a pessoa amada. 

O Ciúme Exagerado .

Como a base do ciúme está no desejo daquilo que a pessoa quer representar para a outra, ele nasce primeiro no interior da pessoa ciumenta e não depende dos fatos e acontecimentos á sua volta nem do destino ou de outra pessoa. Tanto é verdade que existem e todos conhecem historias de traições concretas, sem manifestações doentia. manifestações de ciúme em grau máximo sem nenhuma traição concretamente associada.

O Ciúme exagerado é de origem emocional, é existencial ligado a outros igualmente emocionais , principalmente baixa autoestima, sensação de insegurança , complexos vindos de vivências traumáticas, depressão e outros fatores concernentes.

Todavia, o ciúme exagerado não é um sentimento voltado para o outro, mas sim para si mesmo , para quem o sente. Na verdade , é o medo de ser trocado , substituido, preterido, enfim, de perder o primeiro lugar no coração de outra pessoa. Trata-se de um sentimento egocêntrico , associado á terrível sensação de representar um valor exclusivo para a pessoa amada.

O Ciúme Obsessivo.

A intromissão indesejável de um pensamento na consciência de maneira insistente e repetitiva , fenômeno reconhecido pela pessoa como incomodo. Assim como acontece na idéia prevalente, o pensamento obsessivo não é exclusivo do ciúme patológico , podendo aparecer em outros problemas emocionais.

Quando uma pessoa estar apaixonada, poderá surgir outros pensamentos ou sentimentos obsessivos, muito próximo do amor obsessivo. Na paixão, os sentimentos sobre a pessoa amada ocupam quase 100% dos pensamentos e preocupações. Em um relacionamento normal, a convivência romântica torna a pessoa mais segura e confiante com o passar do tempo, fazendo com que os calorosos sentimentos apaixonados se acalmem em frequência e intensidade.

Do ponto de vista psicopatológico , as pessoas com esse tipo de relacionamento podem ser portadores do T ranstorno da Personalidade Dependente(TPD). Outras vezes são vítimas de uma autoestima muito baixa , proporcionando insegurança,medo e autoconfiança baixa, entre outras variações emocionais. 

O Ciúme Patológico.

Como o próprio termo diz : ciúme patológico significa um sentimento doentio que aparece nas mentes das pessoas inquietas emocionalmente. O ciúme patológico na sua forma mais grave também é conhecida como síndrome de Otelo, referindo a peça do famoso escritor William Shakespeare.

O ciúme patológico tem grande importância como área de estudo do relacionamento humano, já que várias pesquisas o colocam como fator motivação em casos de violências domésticas, em outros contextos de agressão e até homicidios passionais.

Há no ciúme patológico, o desejo incontido de controlar a pessoa, sobre os sentimentos e comportamentos. Há obsessivas preocupações sobre relacionamentos anteriores, as quais podem manifestar como pensamentos repetitivos e imagens intrusivas sobre fatos passados e seus detalhes.

O ciúme patológico é ilimitado, exige posse e atenção exclusiva e não se contenta com A SITUAÇÃO DOMINANTE.. Outra característica do ciúme patológico é a incapacidade de obter satisfação completa com a pessoa amada, a ponto de a pessoa ciumenta estar sempre condenada ao desapontamento , o qual muitas vezes se reflete em atitudes hostis.

4. O Poder da  Codependência dos Ciumentos . Se a relação estar muito desgastada, por que não se separam ?

Algumas pessoas que sofrem com o ciúme, e outras que se queixam da situação do constrangimento sofridos sempre constantemente e ainda não se separam. E, ai vem a pergunta crucial : Então por que não se separam ?.

O amor sadio não produz um cárcere da posse, Ele deve ser, sobretudo, compreensivo e generoso. O amor patológico, entretanto, apoia-se na obsessão, no desejo de controlar, possuir, manipular e, invariavelmente, é acompanhado de situações ruins de pensamentos e sentimentos negativos ou hostis.

A codependência é a incapacidade de manter relacionamento saudáveis e enorme dificuldades em se afastar deles. Nos relacionamentos codependentes há sempre falta de comunicação aberta e franca dos sentimentos, negação de expectativas realistas e perspectivas fantasiosas de dias melhores, negação da anormalidade do outro, falta de confiança, medo de atitudes de afastamento.

A codependência parece ser um "NÓ" que enrosca na sua plenitude no íntimo do ser ciumento, que fica tão denso, que os mais hábeis na persuasão psicoterápica não consegue desvencilhar.

As pessoas codependentes vivem em função da pessoa problemática, mantendo o relacionamento por meio de atitudes obsessivas , persistentes e bastante dependentes. Normalmente, os codependentes são pessoas de baixa autoestima, intenso sentimento de culpa e sem coragem para se desvencilhar da pessoa problemática.

Quando a pessoa codependentes diz que não se separa por causa do amor, na verdade ela não se separa em razão de seus problemas emocionais. Possui um falso-amor em seu coração, trata-se de uma amor patológico obsessivo, cheio de amargura, angústia e culpa.

5. Qual a Origem Psicológica das Pessoas Ciumentas ?

Teoria do apego ou teoria da vinculação é a teoria que descreve certos aspectos a curto e longo-termo de relacionamentos entre humanos e entre outros primatas. Seu princípio mais importante declara que um recém-nascido precisa desenvolver um relacionamento com, pelo menos, um cuidador primário para que seu desenvolvimento social e emocional ocorra normalmente. 

O psicanalista John Bowlby em seus estudos com crianças e primatas classificou na observação comportamental com mães em orfanatos 3 tipos de vinculação afetiva :

Apego seguro :

1. Durante a infância mãe está disponível e é sensível ás necessidades da criança, promovendo a confiança de que alguém com forte vinculo afetivo ( geralmente a própria mãe) poderá lhe ajudar caso se depare com alguma situação ameaçadora.Como consequência, a pessoa cresce sentindo segura, confiante e corajosa. Esse tipo de apego está diretamente relacionado á capacidade de viver amor saudável na vida adulta.

Apego Ansioso com Evitação :

Há constante rejeição por parte da pessoa com forte vínculo afetivo em situações nas quais a criança procura proteção. Isso pode gerar falta de confiança, fazendo a pessoa tentar viver sem amparo, carinho, ajuda ou amor dos outros. Nessas circunstâncias, a personalidade busca se desenvolver de forma a se tornar emocionalmente autossuficiente. Fica difícil essa pessoa entregar-se por amor.

Apego Ansioso/ambivalente :

È muito encontrado nos casos de ciúme patológico e amor patológico. Formar-se quando os pais estão disponíveis em algumas situações e não em outras, ocorrendo vivências de separações e ameaças de abandono. Quando isso acontece durante brigas dos pais, geralmente a criança é usada para chantagem emocional ou meio de controle do relacionamento. Esse tipo de apego gera insegurança e pode se manifestar com quadros francos de ansiedade de separação, tanto na infância quanto em relacionamentos amarosos na vida adulta.

No caso dos ciumentos, encontram-se as crenças disfuncionais ou desadaptativas como parte do desenvolvimento da personalidade.

6. O Que diz a Psiquiatria sobre o Cérebro dos Ciumentos.

Segundo a pesquisadora Donatella Marazziti, da Universidade de Pisa do ponto de vista biológico, haveria alterações de alguns neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina no cérebro dos ciumentos.

7. Tratamento Clínico.

Aplicação de antidepressivos indicados por psiquiatras e acompanhamento psicoterápico por especialista da área ( psicólogo, psicanalista).

8. Existe Cura ?

Poderá existir para alguns, mas há possibilidade de administrar o ciúme mais graves; com medicação e a psicologia, objetivando o equilíbrio dos sentimentos e os excessos emocionais da pessoa.

Boa leitura e conheça os caminhos que levam a entender a pessoa ciumenta.

Douglas Dantas Muniz

Psicólogo Clínico

CRP 1466 13ª Região Paraíba