Os desafios de mudar

Os desafios de mudar

A vida é uma eterna mudança, dizem alguns. Enquanto, para outros, tudo é um. Leia-se: no fundo, no âmago, as coisas são fixas. Esse impasse filosófico, que remonta ao tempo dos pré-socráticos, versa sobre um tema de fundamental importância para os dias atuais, os desafios de mudar.

Muitas pessoas dizem que são de um jeito. "Ah! Eu sou assim mesmo, nem adianta eu tentar...". Como se houvesse uma essência fixa que regesse os seus corpos e comportamentos. Diante das mudanças, consequentemente, dão um jeitinho. Ou seja, não perecem, mas padecem, apresentando dificuldades reais para se adaptar. Por que será? Ao que parece, lhes falta flexibilidade e abertura.

A flexibilidade comportamental é uma propriedade humana que nos permite uma melhor adaptação em ambientes de bonança, mas também hostis. Por sua vez, a abertura trata-se da capacidade de se abrir para novas experiências. Ou seja, de contestar aquele pensamento, "Eu sou assim...". Quando nos abrimos para o novo, não deixamos de ser quem somos. Simplesmente, passamos a nos permitir sermos também de outro jeito. Não se trata de uma substituição, mas de superposição. De mais uma camada de ser. De mais uma forma de enxergar as coisas. De mais um modo de viver.

Desde que Darwin descobriu a seleção natural, passamos a entender a importância da adaptação e a sua relação com as contínuas alterações do meio ambiente. Ou seja, o mundo está sempre mudando e nós podemos nos adaptar na maioria das vezes. Mas sem romantismos. Lidar com o novo desperta ansiedade e angústia. Há risco e incertezas. Portanto, não é fácil lidar com as mudanças. Sejam elas de qual ordem for, desde uma doença até a mudança do status quo.

O fato é que toda geração tem as suas batalhas para travar e revoluções para fazer. Adaptação não é sinônimo de relativismo. É preciso lutar por pautas coletivas para que o bem comum seja justo para a maioria. Por isso, não adianta pensarmos em adaptação como um capital individual. Como se fosse suficiente ficarmos bem e os outros que se virem. É importante lutarmos pela equanimidade, por apoiarmos os mais vulneráveis a ganharem força para se adaptarem. E para isso é preciso flexibilidade e abertura. É preciso se dispor à mudar num mundo que muda o tempo todo.

Retomando o impasse pré-socrático, remonto à uma outra personagem histórica de nome Sidarta Gautama, que iluminou-se ao entender que o caminho do meio é a chave para a liberação do sofrimento. Ou seja, somente através da flexibilidade e da abertura equilibradas, podemos entrar em sintonia com as constantes mudanças que incorrem sobre nossas vidas. Sejam elas difíceis ou fáceis.


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Rodolfo Nunez

OCI Architect Professional Certified | OCI Autonomous Database Certified | OCI Cloud Operations Associate Certified | Exadata | ODA | Database | OVM

3 a

Excelente texto, como sempre agregando para nossas vidas. Mudar é uma escolha e não adianta se imposta por alguém. Mas sempre doi mudar, por que vai contra aquilo que até então acreditávamos que era a nossa verdade. Grande abraço, e o share foi feito. Por que o que é bom deve ser compartilhado.

Ontem mesmo, estava pensando comigo sobre me permitir a mudanças, me conhecer melhor! Gostei muito do seu texto! Bom dia!

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