OS DESAFIOS DO IMPACTO DA I&D

OS DESAFIOS DO IMPACTO DA I&D

As atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) fazem cada vez mais parte da nossa sociedade, proporcionando uma relação também cada vez mais dinâmica e profícua entre o meio empresarial e o científico. A I&D deve ser parte integrante da estratégia de inovação de uma qualquer organização, permitindo: i) o fortalecimento da competitividade da economia e do sistema de inovação; ii) o aumento do sucesso e capacidade inovadora das empresas, iii) o aumento do sucesso financeiro das empresas; iv) a criação de efeitos positivos sobre a economia e receitas fiscais.

 

Primariamente desenvolvidas pelas entidades do Sistema de Investigação e Inovação (I&I), ou numa classificação mais “portuguesa” – Infraestruturas tecnológicas, são pilares essenciais do aumento de intensidade tecnológica, da capacidade empreendedora e do crescimento económico do país e de territórios específicos. A estrutura organizacional, o conhecimento especializado e a proximidade às empresas e às instituições de ensino superior, colocam as infraestruturas tecnológicas numa posição privilegiada para promover a circulação da transferência do conhecimento e da tecnologia. A presente década é caracterizada por alguns desafios muito relevantes para estas organizações: a) melhorar o desempenho da inovação das empresas, fortalecendo as suas capacidades tecnológicas e de gestão; b) estimular o surgimento de novas empresas em atividades intensivas em conhecimento; c) assegurar ligações mais fortes entre a ciência e a indústria; d) definir agendas desenvolvidas em conjunto sobre política de inovação; e) fomentar o recrutamento de investigadores por empresas.

 

Atualmente o conjunto de infraestruturas tecnológicas é bastante diversificado, com uma estratégia a nível nacional pouco clara sobre o papel de cada um dos atores, o que acaba por dificultar a ligação com meio empresarial. Tem existido uma competividade que provalmente é desnecessária, refletindo-se muitas vezes em alguma descridibilização das competências e capacidades destas mesmas entidades, para que o conhecimento gerado, possa surtir em Inovação. E sem dúvida, a I&D deve gerar conhecimento, que deve ser potenciado em valor para toda a nossa sociedade, e nas empresas, esse valor representa Inovação.

 

Encontramos felizmente um conjunto cada vez mais diversificado de entidades empresariais, que se dedica a gerar conhecimento através de atividades de I&D mais ou menos sistematizadas e que podem vir a tornar-se cada vez mais robustas. Esta dinâmica necessita sobretudo do desenvolvimento das competências das pessoas e das capacidades das empresas, mas pode vir sem dúvida a tornar-se relevante para assegurar a geração de valor com impacto, sobretudo em nichos de mercado. Este caminho necessita de continuar a ser percorrido, e de ser “premiado” com incentivos para que as entidades empresárias impactem uma estratégia mais focada no I&D, em conjunto ou não, com as infraestruturas tecnológicas portuguesas.

 

No contexto global, importa ainda considerar sobretudo no meio empresarial, a necessidade de um foco grande, sobretudo na definição e concretização de objetivos estratégicos definidos para projetos de I&D. O impacto do conhecimento na sociedade só muito raramente é imediato, pelo que é preciso dispender esforços e recursos durante um período temporal muitas vezes longo, sem qualquer tipo de retorno. Importa ainda considerar que as invenções podem chegar a inovações, apesar dos timings muitas vezes serem longos – que o diga a 3M, quando inventou uma cola, para inovar com o Post-it.

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