Os desafios do RH como catalisador de transformações
Eu comecei minha carreira na área de #inovação. Minha primeira empresa foi um estúdio de design que trouxe os Macs da Apple para o Brasil. A segunda, uma agência digital criada quando ainda não existia acesso à internet fora das universidades. O gosto pela experimentação e o entusiasmo diante do desconhecido fazem parte da minha vida e, assim como a minha trajetória, tenho percebido um movimento crescente de talentos do campo da inovação para a área de desenvolvimento de pessoas. Afinal, o grande desafio do mundo do trabalho hoje é lidar com os seres humanos, em todas as suas potencialidades, necessidades e vulnerabilidades. Eu vejo o departamento de pessoas como o novo departamento de inovação das organizações, e isso me enche de esperança: colocar as pessoas no centro, para encontrar sentido no que fazem e na forma como atuam no mundo.
Recentemente fui convidada a falar sobre temas que vão pautar o RH nesse ano para o time global de RH da Oxiteno Indorama e trago aqui algumas dessas reflexões. Muitos temas não são novos, mas para esse trabalho acontecer de forma genuína, é preciso aprofundar cada vez mais a compreensão e a prática, em uma reflexão contínua.
Não é de hoje que #propósito está na pauta de CEOs e executivos de RH. Na FutureYou, fazemos do propósito o ponto de partida dos projetos que realizamos. Mas o propósito não pode ser apenas uma declaração bonita na parede. Precisa ser compreendido, vivenciado, estar no centro da estratégia de negócios e guiar ações cotidianas. E isso leva tempo. O ditado “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” precisa ser substituído pela frase “walk the talk”. Ou seja, as minhas atitudes como líder precisam ser exemplo do que eu espero dos meus colaboradores.
Eu moro há 10 anos na Nova Zelândia. No início do ano, com a renúncia da primeira-ministra Jacinda Arden, eu gravei um vídeo sobre como a sua gestão influenciou a minha forma de compreender a liderança humanizada. Em 2018, Jacinda teve sua primeira filha. Deu à luz em um hospital público, em que chegou em seu próprio carro, junto com o marido. Essa atitude “normal”, incomum para políticos que ocupam altos cargos, aumentou a admiração de todos por ela. Se a população pode realizar seus partos em hospitais públicos, por que a primeira-ministra não poderia? Esse é um caso concreto de como “andar sobre suas palavras”. De que maneira você, como liderança, vem agindo de acordo com o que você prega?
Atrair, engajar e desenvolver talentos, em um mundo em que a relação com o trabalho se transformou, exige que a área de Cultura e Pessoas seja um modelo, desenhando experiências que estimulem uma #culturadeaprendizagem, desenvolvimento pessoal e profissional, investindo tempo real nas equipes. É necessário promover espaços de conexão profunda, não só por uma questão humana, mas porque pessoas felizes adoecem menos e trabalham melhor. Um artigo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, a partir da revisão de mais de dez estudos realizados durante a pandemia de Covid-19, mostrou como a conexão social foi um fator relevante para a recuperação dos pacientes que tinham doenças crônicas, justamente pela influência positiva na saúde mental. Em tempos de trabalho híbrido, a conexão entre as pessoas é ainda mais fundamental, e conexão se cria a partir da vulnerabilidade. Qual foi a última vez em que você se mostrou frágil para seus colaboradores? Quando foi que se abriu para seus funcionários sobre alguma dificuldade sua?
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Compartilhar experiências e histórias cria os laços necessários para um ambiente com #segurançapsicológica. Equipes que se sentem seguras atuam melhor, e isso não é novidade. O senso de pertencimento é uma necessidade humana. Muitas empresas já vêm trabalhando nisso nos últimos anos, especialmente com estratégias de inclusão e diversidade. Agora, é momento de pensar quais são as práticas que você precisa criar para que as pessoas se sintam realmente seguras.
O doutor em ciências sociais e consultor em liderança Timothy R. Clark, em sua metodologia, fala sobre os quatro estágios de segurança psicológica. Primeiro, as pessoas se sentem fazendo parte do time, se sentem incluídas e ouvidas. No segundo, elas se sentem dispostas para aprender com a equipe, para experimentar e receber feedback. No terceiro, elas já se sentem seguras o suficiente para trazerem suas próprias ideias à discussão e, por fim, para questionarem as diretrizes iniciais, quando consideram que poderia haver uma maneira melhor de realizar os projetos. Em que estágio você considera que a sua empresa está? Quais práticas você pode adotar para que de fato você crie um ambiente de segurança psicológica?
Nós, na FutureYou, pensamos o RH como um catalisador de #transformações profundas não só no ambiente de trabalho, mas partindo das empresas para todas as áreas da sociedade. Líderes e organizações podem influenciar a sociedade de maneira muito real. É um privilégio e uma responsabilidade ocupar esse lugar. Como você gostaria que fosse o RH da sua empresa? Que tipo de RH você gostaria de ser? Como você colabora com as mudanças que quer ver no mundo?
E porque ninguém faz nada sozinho, convidamos vocês para participarem dos FutureYou Talks, conversas sobre liderança que temos feito mensalmente. É só ativar as notificações, que avisamos por aqui quando serão nossos próximos encontros.
M&A Integration Head at TMF Group | Operations, Business Development, Transformation
1 aExcelente reflexão, Sandra Chemin !
Global Head of Brand Strategy @natura / Strategist / Cultural Reseacher / Branding / ESG
1 amuito insightful Sandra! também vejo a potencia de RH como area catalisadora e mobilizadora, e tem muito espaço aqui na prática e valorização da especialidade. sinto um incomodo com a expressão recursos humanos, acho que tem algo conceitual e simbolico na definição que precisa ser resignificadoz também flerto com o universo de desenvolvimento humano, é a base de tudo.
Transformação Organizacional | Gestão da Mudança | Atração e Desenvolvimento de Líderes | Liderança Regenerativa | Impacto Sócio Ambiental | Mestranda em Sustentabilidade
1 aOi San, adorei a suas reflexões! Nestes últimos 4 meses (fora do ambiente corporativo), tenho refletido muito sobre o RH (que nós profissionais de RH) criamos nesses últimos 20 anos. Meus pensamentos ainda não concluídos: 1. Com o surgimento do papel dos Business Partner, nos tornamos mais parceiros do business do que das pessoas, fico pensando se nao deveríamos ter os people partners dentro das empresas?! 2. Que tipo de lideranca temos buscado como inspiração? quando vc trás a segurança psicológica e o walking the talk (que concordo plenamente sobre a necessidade), vejo como estamos longe de atingi-los. 3. E por fim o papel da inovação, quando iremos olhar para esse tema e conecta-los com impacto positivo? quando nós do RH vamos começar a provocar as pessoas para elas se verem parte do todo (e nao o todo)? Para que o propósito individual vire um legado para sociedade? Enfim.... vou parar por aqui, sao muitos pensamentos e reflexões! Saudades de conversar contigo.
HR Director | People & Culture
1 aSandra Chemin sempre tão precisa e clara nas colocações e reflexões. Ao ler, pensei: é exatamente isto que acredito! Além da inovação, acrescentaria a importância de todas as áreas serem de uma empresa serem responsáveis pela satisfação do cliente, pois é um movimento interno que reverbera no externo. Amei!
Palestrante, Coach, Mentora e Consultora (Gestão de Mudança l Cultura, Clima e Diversidade l Liderança Humanizada | Soft Skills l Segurança Psicológica l Comunicação Não Violenta)
1 aSandra Chemin, eu também enxergo dessa forma! A gente vai transformando as pessoas e elas, por sua vez, seguem transformando o mundo. Tecnologia social à serviço da inovação. Vamos juntas!