Os homens-abutres

OS HOMENS-ABUTRES

Nesses tempos sombrios, Idade Média revivida, se prolifera espécie híbrida de humanos: os homens-abutres. Utilizando-se de mil disfarces, eles se introduzem sorrateiramente em todos os lugares, atentos, vorazes, sedentos, famintos por carne pútrida. Calados e discretos, observam tudo com olhinhos sagazes, mente suja e coração empedernido. Estão a serviço do obscurantismo, são ensinados a serem intolerantes com o oposto, insensíveis com os necessitados, implacáveis com os vanguardistas - percursores da nova era que se instalará após período de retrocesso. Obedientes e obsessivos, os homens-abutres destroem sonhos, freiam o progresso intelectual e espiritual, desprezam a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Contrários à construção de uma sociedade independente, irmanada, justa, tolerante e afetuosa, semeiam a discórdia, o ódio e a desesperança. Detestam literatura, a arte a cultura, cultuam a violência, a força das armas, incentivam o jugo do forte sobre o fraco. Abominam a solidariedade, a liberdade de expressão, a soberania individual e coletiva, o livre-arbítrio para eles é crime grave, passível de prisão. Egoístas, reféns da soberba, defendem a segregação racial, a hegemonia branca, deploram o que consideram “desvios” - de comportamento, de opção de vida, de escolha de gênero. Eram poucos, mas estão aumentando à medida que os idealistas e os visionários se recolhem à solidão da inércia, talvez cansados de uma luta que consideram perdida. Não é hora de comodismo, tampouco de se deixar dominar por temores. A conjuntura perigosa exige luta e resistência, união em defesa dos interesses coletivos, sob pena de os homens-abutres assumirem o total controle, retardando o surgimento de uma sociedade plural, diversa, livre, baseada nos preceitos do amor e do respeito mútuo.


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