Os mantras corporativos (ou a busca pelo comodismo)

A minha "impressão digital" corporativa começou a ser forjada no início dos anos 2000. É verdade que o Brasil ainda era um bebê do ponto de vista dos negócios - a abertura econômica promovida pelo ex-presidente Collor completava apenas uma década - mas eu tive a grande sorte de ter ao meu lado mentores muito inteligentes e capazes. Acima de tudo, pessoas que executaram mais que falaram. 

Os anos passaram... passaram também muitas outras pessoas na minha história profissional. Nem todos tão brilhantes como os meus primeiros mentores, mas cada qual com sua importância e seu valor em minha caminhada. O bom senso nos diz que tudo aquilo que aprendemos se tornará base profissional para o futuro, em forma de sabedoria e experiência. Mas de uns anos para cá me pego observando uma tendência esquisita: parece que tudo aquilo que aprendi a respeito de negócios estava errado (ou pelo menos é desta forma que tenho feito a leitura do cenário atual). O mantra planejar/executar - ou "pensar antes de fazer" na linguagem popular - tem dado lugar a algo, que ao meu ver, destruirá por completo muitas companhias que operam no cenário nacional: o gabar-se/proteger-se. Muito se faz uso de palavras bonitas - inovação, sinergia, integração, sustentabilidade -, e cada vez menos enxergo unidade entre áreas e colegas de trabalho. A ação está sendo relegada a segundo plano em troca da política corporativa que busca defender os territórios dos feudos que se tornaram os departamentos. Cada vez mais se buscam culpados... cada vez menos soluções para problemas reais. Companhias que se julgam inovadoras mas que continuam se apoiando em velhas e ultrapassadas políticas corporativas, que buscam sinergia entre áreas ou unidades de negócios mas que continuam apostando em pessoas cada vez menos corajosas - sem dizer da pouca capacitação -, que falam em integração mas que continuam investindo no gerenciamento de pessoas baseado em conflito, em sustentabilidade mas que continuam agindo como se não houvesse amanhã na utilização indiscriminada de recursos. 

Todas essas tendências exigem mais que belas apresentações de PowerPoint feitas para atender reuniões de massagem de ego... o êxito exige mudança, cultural e de postura. É fácil e cômodo para nós levantarmos a bandeira da culpada empresa, mas quem é a empresa senão o conjunto das próprias pessoas? Se continuarmos falando demais e fazendo de menos,  continuaremos nessa mesma tendência negativa e desagregadora. Olhando para trás e buscando nas minhas raízes a resposta para a mudança necessária, diria que é passada a hora de fecharmos a boca, arregaçarmos as mangas e unir forças com aqueles que têm vontade de fazer, independente do grau de instrução ou nível de experiência. O ego? Fica para uma outra hora. 

Thiago, que bom que resolveu escrever e compartilhar sua experiência de vida e profissional. Sim, nossa zona de conforto,dentre outros aspectos tornaram as empresas hipócritas e medíocres. Com muito discurso e pouca ação. Ego individual tomou corpo e se tornou ego corporativo? Obrigado Thiago! Abraço

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