Os muitos caminhos da prática do jornalismo

Os muitos caminhos da prática do jornalismo

Dia desses encontrei um exemplar da Revista da Comunicação, publicação fácil de achar nas faculdades de Comunicação Social nos anos 90, e que servia de referencial sobre o mercado de trabalho daquele período. As longas entrevistas e matérias eram a forma de se saber o que nos esperava do lado de fora, quando o curso acabasse. 


A imagem pintada nunca era bonita e costumava dividir o mercado em duas fatias: imprensa e assessorias. 


No imaginário médio, a primeira opção representava o glamour da profissão e prometia uma vida de aventuras, viagens, coberturas sensacionais e histórias incríveis. Se o sujeito tivesse inclinação para o texto, não havia outra imagem de futuro do que a redação de algum jornalão ou, se fosse realmente bom, uma revista semanal de circulação nacional. Os desinibidos miravam na frente das câmeras de TV e ainda havia as rádios que só tocavam notícias, como oportunidade extra. 


As assessorias eram - segundo a visão média de meus contemporâneos de faculdade - destinadas ao exílio dos medíocres, a sentença de viver sob o signo do tédio e da vergonha de não ter conseguido vaga em alguma redação. 


ERA UMA VEZ... 


De lá para cá se vão quase 30 anos, nos quais a comunicação sofreu uma revolução sem igual. Novos meios e midias surgiram, desapareceram, se reinventaram. A transformação do mercado é frenética e a dualidade imprensa/assessoria sumiu pelo ralo do tempo. 


A prática jornalística hoje assume muitas formas. O texto de excelência está nos sites, nos roteiros dos documentários dos canais de streaming, nos bons jornalões que ainda resistem. A TV aberta deixou de ser a única alternativa para os telejornalistas, que ganham espaço em canais fechados e no YouTube, as redes geraram outros tantos nichos quanto nossa criatividade é capaz de imaginar. Isso sem falar nos podcasts e web rádios. 


As assessorias por sua vez evoluíram deixando de ser apenas 'de imprensa' para serem 'de comunicação' abarcando um conceito muito mais amplo e capaz de abrir múltiplas possibilidades, ao mesmo tempo em que gera novas exigências. 


Ser jornalista em 2022 exige ser multifacetado, multimídia, multitarefas, multiplicado. 


O DESAFIO É ACHAR SEU NICHO 


Ao contrário dos anos 90, agora não há exilios profissionais (quem pensa o contrário deve se reciclar ou botar o pijama de vez), todo espaço é adequado aos bons profissionais. E todos os bons profissionais têm espaço no mercado. 


Com o olhar de quem já acumulou algumas milhas, penso que a diferença entre o sucesso e a estagnação está em descobrir qual o nicho mais adequado para suas habilidades e conhecimentos. 


Após identificar a parte do cenário onde você se sente mais confortável e apto, basta partir para a ação. E neste ponto a ação não mudou muito e segue baseada no tripé: atualização constante, motivação e pró-atividade. 


E se as coisas não saírem como esperado, mude o rumo, afinal comunicação é evolução e evolução é movimento.

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