Os patinhos feios transformam-se num cisne negro

Os patinhos feios transformam-se num cisne negro

Always learn something new

As crianças buscam o novo e o desconhecido. Alimentam-se da curiosidade pelo mundo, pelos outros, e por si mesmas nas interações com tudo o que as rodeia. Gostam particularmente do contacto com a natureza. E o seu desenvolvimento floresce quando lhes proporcionamos as experiências que lhes permitam usar todas as suas competências de descoberta do mundo.

Todos os dias, as crianças saudáveis aprendem algo novo.

Sabendo que o processo de desenvolvimento é igual em crianças saudáveis e em crianças com necessidades especiais de saúde, porque é que consideramos aceitável que as crianças com NES não aprendam algo novo a cada dia?

No post do blog Espetro da Linguagem, o que é que a idade tem que ver com isso?, abordei de forma superficial algumas questões sobre o envelhecimento.

As crianças com NES envelhecem muito mais cedo do que as restantes pessoas. Por isso, têm uma esperança média de vida muito mais curta do que a generalidade da população. Isto acontece porque na tentativa de lhes proporcionarmos as normas de conduta estabelecemos constantemente objetivos para as suas vidas, quando devíamos proporcionar-lhes as condições para que as suas aprendizagens fossem constantes.

O que significa aprender?

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Aprender é quase sinónimo de desenvolver. Eu diria que pertencem ao mesmo campo de significados. Aprender promove o desenvolvimento, que desencadeia crescimento e novas aprendizagens, mais desenvolvimento, mais crescimento, e continua….

Quando face a crianças com graves alterações de desenvolvimento projetamos cenários de normalidade, estamos a definir um destino final. Se por outro lado, não o fizermos mas nos limitarmos a promover as aprendizagens e o desenvolvimento, elas crescem e definem os seus próprios destinos.

É isso que significa não ter objetivos, apenas controlar o processo.

Esta é uma mudança de paradigma que empodera a criança, faz dela a solução para o seu próprio “problema”. Eu faço-o seguindo as tendências globais do desenvolvimento humano.

Todas as teorias, todas as técnicas e métodos, têm de se enquadrar no processo evolutivo do desenvolvimento humano. Faço-o quando desenho programas de intervenção intensivos ou outros e sempre que avalio as capacidades das crianças procuro ver as possibilidades em que as suas características únicas e especiais lhes permitem brilhar. É um constante exercício de empatia ao qual se junta um vasto conhecimento e prática clínica.

Aprender promove o desenvolvimento, que desencadeia crescimento e novas aprendizagens, mais desenvolvimento, mais crescimento, e continua….

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E se aplicássemos os mesmos pressupostos à economia? Afinal desenvolvimento é desenvolvimento, seja infantil ou económico – a palavra é a mesma, isso deve quer dizer alguma coisa. E se os processos forem os mesmos?

De repente, algo que aparenta ser muito complicado torna-se irremediavelmente mais simples.

Para assegurar o crescimento económico temos de assegurar as necessidades básicas da economia. Controlar o processo e deixar que os resultados apareçam. Esta forma de pensar liberta-nos do peso da incerteza. Dá-nos qualidade de vida, felicidade, emoções positivas que alimentam a criatividade, levam a soluções fora-da-caixa para problemas que pareciam impossíveis de resolver. E tudo isto é bom para a economia.

Eu sou suspeita, pela paixão que tenho pelo meu trabalho, mas talvez todos devêssemos prestar mais atenção às crianças com NES. E se ao compreendermos melhor como elas funcionam compreendêssemos melhor o funcionamento do mundo?

Boas férias!

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