Os robôs entre nós
“Seus ossos vão virar areia e, sobre essa areia, um novo deus andará”. A frase da robô Dolores, personagem da série de ficção científica Westworld, nos faz compreender que um novo cenário está dado. Não há como fugir do futuro automatizado. A realidade dos robôs, vinda da revolução da automação, já se faz presente em diversos setores que influenciam o trabalho e a vida das pessoas, especialmente no que diz respeito às atividades de consumo.
O assunto costuma assustar, mas é bom ir se acostumando, porque não há como detê-los: os robôs estão entre nós e podem ser considerados o grande acontecimento desta década. Só para ilustrar, apenas em 2015, quase 254 mil robôs foram comprados pela indústria de todo o mundo, segundo a Federação Internacional de Robótica.
Não se pode negar, contudo, a bagagem de entusiasmo e apreensão que essa tecnologia carrega. Novos robôs “emocionais” já buscam ler sentimentos humanos. Máquinas apresentadas na maior feira sobre eletrônica do mundo estão sendo ensinadas a ler e reagir à linguagem corporal e aos estados emocionais das pessoas. Qualquer semelhança como o clássico “Blade Runner” não é mera coincidência.
O robô Forpheus é um dos vários dispositivos apresentados recentemente na Consumer Electronics Show (CES), a maior feira de eletrônica do mundo, demonstrando como os robôs podem se tornar mais parecidos com os humanos ao adquirir “inteligência emocional” e empatia. Por exemplo, o Forpheus faz mais do que jogar uma partida de tênis de mesa: ele pode ler a linguagem corporal do oponente para avaliar sua capacidade, oferecer conselhos e encorajá-lo. “Não vendemos robôs de pingue-pongue, estamos usando o Forpheus para mostrar como a tecnologia funciona com as pessoas”, afirmou Keith Kersten, da Omron Automation, indústria japonesa criadora do robô prodígio.
Jogando luz sobre o assunto, o livro “A chegada dos robôs” (Ed.Madras, 2017), do apresentador e investidor norte-americano John Pugliano, traz uma visão menos apocalíptica e mais motivadora sobre o futuro da automação. Pugliano defende que é possível sobreviver aos robôs usando aquilo que temos de melhor: nossa humanidade. Ele diz que tarefas simples e repetitivas podem ser reduzidas a um algoritmo computacional –o que pode ser implantado em um robô, seja ele físico, como nas fábricas, ou virtual, como no caso dos softwares de apoio à decisão.
Dessa forma, a mão de obra e o conhecimento humano se tornarão desnecessários em muitos cenários. Mas em vez de declarar guerra, a melhor estratégia é usar os robôs a nosso favor. Isso implica, segundo Pugliano, em entender ameaças potenciais ao seu emprego e desenvolver habilidades insubstituíveis. Vale identificar carreiras “ à prova de robôs” e ainda reconhecer oportunidades de investimento nessa área.
Ou seja, quanto mais estudarmos essa tecnologia, mais preparados estaremos para conviver de forma amigável com essa turminha dos robôs. Em contrapartida, vamos nos preparar para os empregos do futuro, que exigirão mais criatividade, intelecto e o improviso, características inatas do ser humano –que robô algum conseguirá reproduzir.
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