Os robôs irão salvar o planeta?

Os robôs irão salvar o planeta?

Impossível ter acompanhado o noticiário no último ano e não se impressionado com as matérias sobre como a IA é uma ferramenta com potencial para impulsionar a sustentabilidade e mitigar impactos ambientais.

Todos os dias há novos projetos impressionantes, nos mostrando que o futuro chegou. Sim, essa tecnologia consegue identificar padrões para combater as queimadas, o desperdício de água, o desmatamento, a identificação de irregularidades na cadeia produtiva, entre tantos outros. É impressionante e inacreditável. 

Mas essa visão imediatista sobre a sustentabilidade pode nos ser cara logo mais. Por isso, hoje, proponho uma reflexão sobre a pegada de carbono digna de animais do folclore como o pé grande geradas pela IA – ainda ignorada pela mídia e extremamente difícil de ser calculada. O debate precisa com urgência trazer luz ao gasto de energia que esses “robôs” estão consumindo durante o extenso período de treinamento, implementação e, também, de quando os usuários consultam o modelo para obter resultados. Para ter-se uma ideia, em recente apuração do The Wall Street Journal, revelou-se que uma única consulta em ferramentas como o ChatGPT pode ter uma pegada quatro vezes maior do que uma pesquisa no Google.

Esse treino da IA é na maioria realizado às custas de combustíveis fósseis, já que para rodar esses modelos, as big techs precisam de datas centers que consomem quantidades realmente impressionantes de energia, gerando emissões de carbono robustas. 

Não é preciso nem gastar ainda mais energia (a sua e do nosso planeta) para encontrar alguns investimentos de compensação de carbono dessas empresas que ilustram a questão: as big techs Google, Meta, Microsoft e Salesforce anunciaram a criação da Symbiosis Coalition, uma iniciativa que irá comprar até 20 milhões de toneladas de créditos de remoção de carbono até 2030. E isso não é à toa.

Mas há, sim, estratégias para mitigar esses gastos. Da parte dos governos, é urgente a regulamentarização para emissões de carbono de IA, e essas empresas já estão pautando essa demanda, afinal de contas, sabem que o avanço da inteligência artificial pode levar data centers a consumir 4,5% de toda a eletricidade gerada globalmente. 

A localização desses centers para locais mais frios – a refrigeração dos servidores é grande fonte do consumo de energia e água – é uma maneira de mitigar impactos. Há até mesmo mercados, como o de empresas de mineração de bitcoins, que já fizeram a mudança para a Islândia, país gelado e com mais recursos renováveis, por exemplo. Por isso, quando perguntarem para você se os robôs irão salvar o nosso planeta, lembre-se de questionar de volta o seu interlocutor: será que a empresa por trás dessa tecnologia tem esse interesse?

#esg #creditodecarbono #ia #inteligenciaartificial

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