Os segredos dos grandes investidores do Brasil - e o que você pode aprender com eles

Os segredos dos grandes investidores do Brasil - e o que você pode aprender com eles

Poucos assuntos geram tanta insegurança na maioria das pessoas quanto investimentos. Ainda assim, é algo que todos que têm alguma poupança disponível precisam se preocupar. Investir é uma das tarefas mais complexas e importantes, cujos resultados terão impactos na formação de seu patrimônio.

Neste artigo, podemos conhecer um pouco da carreira e entender como pensam esses investidores profissionais. Acompanhar e aprender com estes mestres pode fazer grande diferença na vida de qualquer investidor iniciante ou experiente.

Os investidores abaixo tem duas características principais: mantém um horizonte de longo prazo em suas aplicações e fazem análises aprofundadas sobre as empresas em que investem

Como a maioria das atividades, investir requer estudo e dedicação. Melhor, porém, é aprender com os erros dos outros. Vale lembrar da seguinte frase: Quando uma pessoa com dinheiro encontra uma pessoa com experiência, a pessoa com experiência fica com o dinheiro e a pessoa com dinheiro sai com a experiência.

Andre Jakurski - Fundou o banco Pactual em 1983. Foi diretor executivo do Pactual por catorze anos e estruturou as áreas de investimentos proprietários e de gestão de recursos de clientes, responsáveis por boa parte das receitas do banco.

Andre possui uma carteira de investimentos permanente e outra variável. A permanente reúne os ativos que acredita que podem dar retornos no médio prazo. A variável reúne as operações táticas, cujo objetivo é aproveitar alguma distorção do mercado.

O que é mais relevante, na opinião de Andre Jakurski

  1. Divida seus recursos entre investimentos de maior e menor risco. O objetivo deve ser aumentar o patrimônio mesmo se alguma estratégia der errado.
  2. Calcule quanto pode perder em cada investimento. Fuja dos riscos que podem dilapidar seu patrimônio.
  3. Ninguém consegue prever o futuro. Em vez de fazer projeções, calcule as probabilidades de ganhar ou perder dinheiro em diferentes cenários.
  4. Procure gestores de fundos que consigam gerar retornos consistentes no longo prazo. É fácil ganhar dinheiro quando o mercado vai bem.

Antonio Bonchristiano - É presidente executivo e membro do conselho de administração da gestora de fundos de private equity GP Investimentos. Atualmente, é conselheiro da fabricante de bebidas Ambev. Antes da GP, trabalhou no banco Salomon Brothers em Londres e Nova York.

O que é mais relevante, na opinião de Antonio Bonchristiano

  1. Só invista em algo que você compreende. Análises malfeitas ou pouco aprofundadas podem mascarar problemas e gerar prejuízos.
  2. Faça suas pesquisas e análises por conta própria. Não siga apenas os conselhos de amigos ou parentes.
  3. Realize investimentos de longo prazo. Só profissionais - e poucos deles - conseguem ganhar dinheiro comprando e vendendo ativamente em prazos curtos.
  4. Aplique uma parte do patrimônio no exterior. Não ha mais restrições legais para investir no exterior e há oportunidades interessantes lá fora.
  5. Se seu investimento deu errado, reconheça e se desfaça dele o mais rápido possível, pelo preço que pagarem. Não vale a pena gastar tempo e dinheiro com o que não é uma oportunidade.

Florian Bartunek - Começou a carreira no banco Pactual e, aos 25 anos, virou sócio do banco. Chefiou a área de análises de ações, a gestora de recursos, e foi responsável por um fundo de ações criado para o investidor húngaro-americano George Soros.

Para Florian, o segredo é aguentar os altos e baixos e tentar comprar mais em tempos de estresse, quando a maioria das pessoas fica apavorada. Uma forma de tentar tornar esse processo menos doloroso é decidir que percentual do patrimônio pode estar numa aplicação de maior risco, sem que isso prejudique o dia a dia do investidor.

O que é mais relevante, na opinião de Florian Bartunek

  1. Invista em ações de empresas com vantagens competitivas claras, ou seja, que tenha criado "barreiras" à entrada de competidores. É o caso de companhias que se mantêm na liderança de seus setores por anos, como a fabricante de bebidas Ambev.
  2. Só compre ações de companhias bem administradas, com donos ou executivos confiáveis. Analisar a gestão é algo subjetivo: ajuda estudar o histórico dos profissionais que comandam a empresa.
  3. Prefira empresas que tenham potencial de crescimento e receitas previsíveis.
  4. Não analise apenas o preço, mas a qualidade da companhia. Boas empresas se tornam baratas com o tempo.
  5. Num cenário de crise, não adianta tentar prever o tempo; o melhor é construir a Arca de Noé e investir em papéis de empresas que sofram menos num período turbulento.

Guilherme Aché - Começou a carreira no banco Pactual. Entrou em 1991, como estagiário, e tornou-se chefe da área de análise de ações do banco três anos depois, quando tinha 23 anos. Em 1998, ajudou a fundar a gestora JGP, onde foi responsável pelos investimentos em ações no Brasil e em mercados emergentes até 2007. Saiu de lá para montar sua gestora, a Squadra Investimentos, que tem 4,2 bilhões de reais aplicados em ações.

O que é mais relevante, na opinião de Guilherme Aché

  1. Investimento requer tempo e dedicação. Se for impossível se dedicar a isso, escolha bons gestores e deixe a decisão com eles.
  2. Tenha opinião própria e disciplina ao investir.
  3. Não mude de ideia só porque o preço da ação em que investe caiu. Pode ser o momento de comprar mais papéis, por um preço mais baixo.
  4. Avalie o risco das aplicações. Todo investidor erra, mas é preciso tentar evitar as grandes besteiras, que podem destruir o patrimônio.
  5. Na bolsa, é preciso ter visão de longo prazo.

Guilherme Affonso Ferreira - É um dos principais investidores individuais da bolsa brasileira. Foi membro do conselho de administração e acionista relevante do Unibanco entre 1984 e 2008, quando se fundiu ao Itaú. Também fundou e é responsável pela gestão dos fundos de ações da gestora Teorema, de São Paulo.

O que é mais relevante, na opinião de Guilherme Affonso Ferreira

  1. Analise a fundo a empresa em que vai investir. É preciso entender seus pontos fortes e fracos e sua estratégia de crescimento.
  2. Decidir qual é o melhor momento para comprar uma ação é tao importante quanto resolver quando vendê-la. Só venda se o desempenho da empresa ficar abaixo do esperado e não houver perspectiva de melhora.
  3. Mantenha sua estratégia de investimento durante as crises. O mercado de ações é volátil. Quedas pontuais não devem assustar o investidor de longo prazo.
  4. Avalie o histórico dos donos e principais executivos das empresas antes de investir. Escolher as pessoas certas é mais importante do que escolher a industria certa. Bons gestores são capazes de fazer a diferença.
  5. Escolhida as pessoas certas, confie nelas.

José Carlos Reis de Magalhães Neto - Fundou sua gestora de recursos, a Tarpon, em 2002, quando tinha 24 anos. Hoje a Tarpon tem cerca de 10 bilhões de reais de patrimônio e é a maior acionista da empresa de alimentos BRF.

Zeca Magalhães prefere investir na bolsa de maneira concentrada. Ou seja, acompanhar poucas empresas e setores para poder ter uma visão mais aprofundada sobre eles.

O que é mais relevante, na opinião de Zeca Magalhães

  1. Faça análises aprofundadas. Só conseguimos conhecer em detalhes a estratégia e a evolução de poucas empresas. Diversificação não ajuda neste aspecto.
  2. Dê mais importância a qualidade do que o preço. Boas empresas têm condições de gerar retornos no longo prazo do que companhias simplesmente baratas.
  3. Pense e aja de forma diferente. Ter opiniões próprias aumenta as chances de conseguir um bom desempenho.
  4. Não tenha pressa para ganhar dinheiro. Investir em derivativos e adotar outras estratégias de alto risco com o intuito de ganhar tempo podem comprometer a capacidade de julgamento.
  5. Não desista. Períodos de adversidades costumam favorecer o aprendizado e as transformações positivas.

Luis Stuhlberger - É gestor do Verde, um dos fundos multimercados mais rentáveis do país. Desde que foi criado, em 1997, rendeu 12.041%, o que significa que quem investiu 10 mil reais no fundo na data de seu lançamento passou a ter 1,2 milhão de reais em 2015. Com 37 bilhões de reais de patrimônio, o Verde faz a gestão de fundos de ações e multimercados que investem no Brasil e no exterior.

O fundo Verde é um multimercado desde o início. Seu ponto neutro teórico é investir um terço em ações e dois terços em renda fixa. Em geral, oscila entre um mínimo de 20% e um máximo de 50% do patrimônio do fundo aplicado aplicado em ações. Para ficar dentro deste percentual, é obrigado a comprar quando a bolsa cai, e pela mesma lógica, é obrigado a vender quando a bolsa sobe.

O que é mais relevante, na opinião de Luis Stuhlberger

  1. Estude o mercado para resistir a tentação de comprar na alta e vender na baixa. Sempre há desequilíbrios de preço: ganha dinheiro quem consegue identifica-los.
  2. Faça uma estimativa do risco de cada investimento. É aceitável perder um pouco de dinheiro se houver a chance de obter um rendimento bastante elevado no futuro.
  3. Escolha ações de boas empresas e durma tranquilo, sabendo que há profissionais trabalhando pra você. Ele diz: "Às vezes, o investimento em ações é como uma estrada acidentada. O investidor não pode desistir no meio do caminho".
  4. Aplique parte de seus recursos no exterior. Vale a pena diversificar o risco.
  5. Numa crise, proteja boa parte de seu patrimônio e procure oportunidades de investimento.

Vale a pena observar o que outros investidores de sucesso fizeram e, com adaptações, criar o seu próprio estilo. Não é preciso reinventar a roda. Veja quem são os melhores investidores e procure se informar sobre eles. Por isso acredito que este artigo, que traz as experiencias de investidores de sucesso no Brasil, pode ser bastante útil.

Este artigo foi baseado no livro Fora da Curva, de Florian Bartunek, Giuliana Napolitano e Pierre Moreau.

Ricardo Dutra Pereira é Administrador de Empresas com MBA em Mercado de Capitais. Personal & Professional Coach e Leader as Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Coordenador e Professor do MBA em Mercado de Capitais e Relação com Investidores da Faculdade da Serra Gaúcha, Planejador Financeiro Pessoal e Sales Trader da Corretora Santander.



Rafael Pivaro

Sócio na RD Investimentos

7 a

Ficou muito legal!!! Parabéns pela publicação !!! Abs

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