Os três pilares da liderança

Em toda a minha carreira, e lá se vão cerca de treze anos, fui mais liderado do que líder, mesmo agora que não deixo de ser líder um minuto. Foram muitos anos para refletir sobre as maiores carências pelas quais passei e melhores situações que vivenciei. Curioso notar somente agora que muitos líderes que conheci em diversos setores e níveis, esquecem o que mais sentem falta no trato com seus próprios superiores, transparecendo por vezes uma falta de compreensão do que mais importa para seus times. Refletindo a respeito, alternando entre o que acho justo e importante para minha equipe e o que gostaria de ter garantido de meus líderes, pensei em três pilares que um líder deve construir e proteger: Blindagem | Transparência | Instrução.

Blindar sua equipe de desconforto, desentendimentos e de mal-estar entre fornecedores e clientes, internos e externos, da falta de recursos e ferramentas e da ineficiência pela perda de tempo ou retrabalho, de detalhes de cobranças inerentes à rotina e que só traduzem a pressão já sabida por todos e principalmente, blindá-los de um ciclo vicioso de pessimismo quanto às dificuldades enfrentadas no dia a dia. Mas jamais blindá-los das interações, sugestões e da participação ativa no desenvolvimento das melhorias e de novas formas de trabalho.

Transparência ao esclarecer os passos para o desenvolvimento individual, em benefícios e remuneração, em feedbacks, em iniciativas e projetos para o crescimento da organização, em impossibilidades imediatas de crescimento ou direcionamento de esforços, em tornar as portas verdadeiramente abertas para diálogos de mão dupla e em dividir periodicamente as dificuldades a serem vencidas pela organização como um todo. Além, obviamente, de exercer o máximo da transparência quando o assunto é deixar claro o que é esperado de cada um da equipe, em termos de atividade e comportamento.

Instruir a equipe quanto aos objetivos macro da empresa e micro dos setores e departamentos, quanto às políticas, quanto às práticas de mercado, quanto às obrigatoriedades legais e organizacionais, quanto às metas gerais e individuais, quanto a questões técnicas através da troca de conhecimentos, quanto a importância do follow-up nas requisições e entregas, quanto à relevância para qualquer organização da constante busca por conhecimento e pelo desenvolvimento de melhorias, quanto à importância de dividir o conhecimento e seus benefícios intrínsecos ao crescimento individual, entre tantos outros pontos!

Acima de tudo, um líder inspira, inclusive pelo exemplo. E neste caso, espera-se que seja o bom exemplo!

Sei que é impossível para qualquer ser humano passar uma imagem a todos ao seu redor que resulte nas mesmas percepções e que ele ou ela se mantenha 100% do tempo nas entregas citadas acima, mas se ao menos na média houver um consenso dos seus liderados de que estes pontos são alcançados, haverá sucesso e possivelmente um movimento da opinião geral em direção àqueles que enxergam o bem nas ações do líder.

E você? O que pensa a respeito? Tenho certeza que inúmeras reflexões construtivas podem surgir sobre um tema tão relevante como este para a perspectiva das pessoas nas organizações. Afinal de contas, um líder pode tornar um dia a dia difícil em algo que valha a pena enfrentar, mas também pode fazer de uma rotina tranquila algo insuportável. E há várias escalas entre estes dois extremos.