Os velhos 20's e os novos 50's
Me lembro com muito carinho dos meus 20 anos.
Eu tinha acabado de sair do exército, e tinha uma vida inteira pela frente.
Tudo parecia mágico e, ingenuamente, infinito.
Era o dia 19 de setembro, de 1994, uma segunda-feira, quando entrei no ônibus da Viação Presidente, às 9h45, indo de Caratinga para Belo Horizonte, com a minha mochilinha recheada de sonhos, as lágrimas da minha mãe e uma coragem invejável.
Desde então, Desafios e Reinvenção passaram a ser meu sobrenome.
BH, que começou imensa, em poucos dias, já era uma linda roça iluminada; onde as Tribos cruzam os Estados (quem conhece a cidade vai entender) com tanta facilidade que dentro da Contorno era o quintal da minha casa.
Eu trocava de empregos como quem troca de roupas. Lia e aprendia numa velocidade incrível.
Eram tantas possibilidades. A metrópole me encantava com as suas infinitas camadas.
Não existia Internet no Brasil ainda. Três anos depois, eu tropeçaria nela e tudo ia mudar.
Já não seria mais eu, um capiau do mato, em uma cidade enorme; mas eu, um moleque "metido a besta", querendo abraçar o mundo através da WEB.
Lá se foram 30 anos.
Parece que vivi umas 10 vidas, desde então.
Casamento, livros, empresas abertas, negócios falidos, alegrias e tristezas, 3 faculdades inacabadas, sucesso no amor, azar no jogo, embarques e desembarques, divórcio, traumas, arrependimentos, mas, com toda a certeza do mundo, uma bagagem de aprendizado que só a Universidade da Vida é capaz de nos oferecer, de forma insólita e personalizada.
Para o meu azar ou sorte, vai saber, eu nunca apreciei salas de aula.
Não se trata das pessoas, mas da pedagogia. Eu odiava o ritmo das coisas e como o “conhecimento” era entregue de forma dura e desajeitada.
Preferia matar aulas na biblioteca, onde eu mesmo definia o que eu deveria aprender.
Um possível TDAH, não diagnosticado, me trouxe mazelas desde o berço, passando pelo catecismo, vida acadêmica, relacionamentos, sociedades, etc., etc., etc., até um dia, depois dos 40, resolver que precisava, definitivamente, de tratamento.
Salvou a minha vida.
Eu sempre toco nesse assunto, pois acho importante a gente prestar atenção à saúde mental das pessoas com quem convivemos: pais, mães, irmãos, cônjuges, amigos, colegas, colaboradores, sócios, etc.
O que importa na vida é ser capaz de se importar com as pessoas. Isso é um tipo de maturidade que cabe em qualquer época das nossas vidas, principalmente nos primeiros quilômetros, para evitar dores desnecessárias.
40+, 50+ ou 60+
o William Barter 5.0, agora, precisa encarar a vida com a mesma disposição que o 2.0 teve no passado.
O mundo mudou muito, e não dá mais tréguas grátis.
É exigido de todos nós, a despeito da formação ou histórico de vida, uma disposição colossal para esticar a juventude.
Não se trata apenas de estética ou a capacidade de falar gírias.
O mercado se transformou em uma coisa inexoravelmente complexa, e aprendeu a falar todas as línguas.
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Ele afeta a todos nós, em todas as fases de nossas vidas. Se você não o entende ele se sente ofendido.
E isso custa caro, incrivelmente caro. E, nem sempre, é possível pagar com dinheiro.
Se você tem 40+, 50+ ou 60+ já deve ter percebido isso.
A minha sorte foi nunca ter deixado o moleque "metido a besta" morrer ou se perder pelo caminho.
Ele sempre foi muito teimoso e cheio de artimanhas.
Quando pensava que estava a ensinar alguma coisa pra ele, na verdade era o contrário.
O conceito de "criança", "adolescente" e "jovem" é uma combinação poderosa de sobrevivência, se a gente for capaz de usá-lo, agora, com os cabelos brancos, de forma, não apenas inteligente, mas sábia.
Não adianta nada ser um adulto certinho, que segue as regras com perfeição.
É, sim, imprescindível prestar atenção ao texto da vida. Mas, as respostas que ela realmente exige, sem dó, estão nas entrelinhas. Sutileza é um super poder.
E, isso, amável ser que passeia pelo tempo, só o tempo e a música que você aprende a compor em parceria com ele são capazes de nos ensinar a dançar nesse presente, insistentemente, futurista.
Se você tem 20 anos, parabéns, seja muito bem-vinda pessoa passageira do tempo. Os seus melhores instintos vão depender da sua capacidade de traduzir as ideias de quem você acha "cringe", atrasado, velho e sem noção.
Se você tem 50, parabéns, seja muito bem-vindo ser humano viajante do tempo, você não está no fim e nem no começo. Os seus melhores instintos vão depender da sua capacidade de renovar suas forças com quem vem logo atrás, com esse jeitinho, às vezes chato e petulante, típico de jovens.
Não se esqueça: já fomos todos jovens um dia.
E os adultos da época piravam com o nosso jeito de ser. Muitos perderam a chance de aprender com a gente.
E, por isso, um pedaço único e original da história foi perdido, infelizmente.
Se vivemos em um tempo carregado de oportunidades de aprendizado, com todas as gerações dependendo umas das outras, então bora criar um ecossistema em que o Velho é Novo e o jovem é o trampolim perfeito para brincar de criar novos futuros.
Não se fazem mais 20's como antigamente, e nunca mais serão feitos 50's como os de hoje.
Essa é a nossa oportunidade de fazer história, como nunca se viu antes.
Bora viajar no tempo, juntos?
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