OUVI DIZER QUE ROLOU UM CLIMA...
Ouvi dizer que rolou um clima em Brasília entre um homem que se diz imbroxável e um grupo de adolescentes venezuelanas que imaginou viverem numa casa de prostituição. Ouvi dizer que chegou uma denúncia de abuso sexual e de pedofilia até uma certa ministra do governo federal dos direitos humanos e, ela resolveu confessar seu pecado de omissão junto à seus irmãos e irmãs de fé.
Se entendi bem, os dois casos envolveram confissão de crime de prevaricação por parte de autoridades brasileiras, de negligência aos direitos de crianças e adolescentes vítimas de violência. Aliás, as confissões têm potencial explosivo para conflitos diplomáticos por envolver filhos de uma outra nação latino-americana. Os réus confessos, se denunciados, poderão ser condenados em tribunal internacional da OEA ou da ONU.
Diante da gravidade do que eu ouvi falar, fui buscar as fontes e encontrei os dois vídeos onde as referidas autoridades confessaram os crimes. Em estado de choque, me percebi estarrecido com o tamanho da violência das narrativas. Emprestei meus ouvidos amigos e amigas falarem de suas reações. Depois, tratei da minha dor e da vergonha alheia.
Entendo que nós, homens, não podemos aceitar o discurso da ministra e do presidente sem denunciar sua tramoia e suas armadilhas. O discurso protege o pedófilo e o abusador, criminaliza o pobre e o estrangeiro e, culpabiliza a própria vítima.
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Analisando o discurso, observo que ele usa técnicas de tortura que faz a vítima reviver a dor do abuso, do abandono e da culpa, enquanto enaltece o algoz. Numa narrativa, o garanhão pode falar em público de suas incursões sem medo e as meninas precisam ficar escondidas; na outra, a ministra que teria a obrigação de proteger, avisa que não vai fazer nada e, à luz de dito pelo outro ministro (Salles), deixa uma mensagem para turismo sexual em temporada de turismo. O Estado não vai fiscalizar, ou mesmo, prender ninguém.
Tenho dificuldade de acreditar que as falas sejam verdadeiras. Mas, verdadeiras ou falsas foram promovidas por adultos que sabem do lugar político deles e de suas manifestações. Estes discursos, em tempo de eleição, dialogam com um imaginário coletivo do tempo da escravidão e das cavernas, evocando o medo e o terror. Estes discursos dialogam com aqueles que defendem a redução da maioridade penal, a pena de morte, a tutela de crianças e adolescentes, o trabalho infantil, o turismo sexual, o fim do Estatuto da Criança e do Adolescente, a privatização da saúde e da educação, a liberdade para amigos e o poder de polícia para controle dos pobres, negros e adversários.
Em memória de D. Helder. D. Luciano, D. Pedro Casaldáliga e D. Evaristo; pe. Josimo, pe. Burnier, Santos Dias, Zumbi dos Palmares e de tantos outros homens que lutaram e lutam para defender a vida dos pequenos; rogo à Sagrada Família de Nazaré que venha em socorro do homem Brasileiro para libertá-lo do pesadelo fascista e do feminicídio. Ó Maria, livrai-nos de homens e mulheres perversas ocupando cargos no serviço público.
Quero ainda declarar meu voto na democracia, no partido dos trabalhadores e, convidar a todos e todas que amam suas mães, suas filhas, suas amigas e companheiras para votar comigo no LULA no dia 30 de outubro e pôr fim ao pesadelo alimentado por quem promove a tortura.