Para frente!
Nunca tivemos no Brasil um período de debate tão intenso entre direita e esquerda - e, da mesma forma, esse debate nunca foi tão improdutivo para o país. Acirradas pela vitória, depois de tantos anos, de um candidato a Presidente da República declaradamente de direita, as discussões tem tomado o espaço que deveria ser destinado a questões mais construtivas para o país.
Quem estudou um pouco sobre o espectro político sabe que resumir qualquer discussão a direita versus esquerda já é, por si só, um empobrecimento do debate. Do centro aos extremos há diversas "camadas", digamos assim, que possuem focos diferentes no seu posicionamento político no que diz respeito a questões sociais, mercadológicas, gestão pública, etc. - ou seja, às vezes você e o seu amigo que brigam por estarem em lados "opostos" podem ter muito mais a convergir do que a divergir, se estiverem dispostos a conversar e não brigar.
O grande problema é que, neste cabo de guerra, as pessoas tem esquecido de que mais importante do que defender o seu "lado", é nunca deixar de andar para frente - goste você ou não se o caminho estiver inclinado um pouco mais para um lado ou para o outro.
O Brasil perdeu muito, em minha opinião, no momento em que se pintaram as ideologias de direita como algo do mal, especialmente pelo posicionamento a este lado mais ligado aos governos que se passaram durante o regime militar. Direita passou a ser sinônimo de ditadura, enquanto a esquerda virou a salvaguarda da liberdade. E não é assim que a coisa funciona, tanto é que algumas das ditaduras mais conhecidas que estão em andamento no mundo são de esquerda.
Como citei no início do texto, porém, essa disputa ideológica foi acirrada com a vitória de um candidato de direita, especialmente porque vínhamos de três décadas de governos com suas origens na "canhota" - mas que, na prática, foram governos moderados, mais aproximados do centro em questões mercadológicas, com algumas tentativas de guinadas à esquerda em determinados temas, especialmente nos últimos quinze anos.
Um grande problema gerado por esse acirramento é a generalização pelos extremos - infelizmente, por parte de alguns, derivado de preguiça em compreender o espectro político como um todo, por outros por ma fé, para tentar denegrir seus opositores.
Dizer que todo mundo que é de direita é fascista é uma besteira enorme - ou uma acusação grave, tendo em vista os crimes dos regimes fascistas no passado - tendo em vista que o fascismo está láááá na extrema direita. Da mesma forma que dizer que todos os esquerdistas são comunistas está errado, considerando que o comunismo mora lá no fim do espectro, mas no outro lado, na extrema esquerda. Aliás, se formos analisar bem de perto, os extremos são dois lados da mesma moeda, embora sigam por caminhos diferentes.
Porém, só uma análise sobre o espectro político, o que é esquerda e o que é direita, ocuparia um texto inteiro aqui, então vou retomar meu raciocínio: Hoje, estamos convivendo com o risco de o Brasil ficar parado nesse cabo de guerra improdutivo, que não constrói nada de bom e se ocupa apenas de tentar decidir quem tem "razão" na história toda. Só que, com a briga desse jeito, ninguém tem razão.
Eu estou tentando voltar minhas ideias e ações para um viés propositivo, e assim vejo muitos amigos fazerem - alguns deles são de "direita", outros de "esquerda", mas todos querem andar pra frente. E você, pra onde quer ir?