Para Núbia Mota, a Adobe tem oportunidades gigantes de crescimento na América Latina, principalmente em Educação e Healthcare.
A Núbia Mota assumiu recentemente como Head de LATAM DX Marketing na Adobe. Ela é graduada em Marketing, com especializações pela Stanford University (EUA), FGV e Insper. Com uma trajetória de mais de 15 anos, a executiva acumula passagens por empresas como VTEX e Nokia e experiência como professora no curso de MBA da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, na Adobe, lidera o time de DX Marketing para a América Latina, focando em estratégias B2B que geram valor e resultados para os clientes.
E eu pude falar com ela para entender um pouco mais sobre o novo cargo e a visão dela sobre os desafios que virão.
Entrevista com Núbia Mota - Head DX Marketing na Adobe LATAM.
Você tem uma carreira longa e sólida no marketing digital, com passagens por empresas de grande porte. O que a motivou a seguir para o setor de tecnologia e marketing B2B?
Eu gosto de fazer uma analogia e comparar as decisões de carreira a um portfólio de investimentos. Você precisa decidir onde investir com base nos resultados que quer alcançar e diversificar para manter sua "carteira" competitiva. Sempre me interessei em antecipar tendências e percebi que o marketing digital e o e-commerce são só uma parte da jornada digital de uma empresa. Essa jornada envolve muitos canais e equipes diferentes dentro das corporações. Fazer esse movimento para a Adobe, que lidera soluções de criação e gestão dessa jornada de ponta a ponta, foi estratégico. A visão 360º que a Adobe Experience Cloud oferece com a nossa plataforma se soluções para o Martech (Marketing + Tecnologia) me deixou mais preparada e com um perfil ainda mais valorizado. Além disso, o mercado B2B sempre me atraiu porque é onde você aprende diretamente com as maiores empresas do mundo. É um ambiente mais competitivo, com menos players que o B2C, e quem sabe navegar bem nesse universo naturalmente se destaca.
Além disso, o mercado B2B sempre me atraiu porque é onde você aprende diretamente com as maiores empresas do mundo. É um ambiente mais competitivo, com menos players que o B2C, e quem sabe navegar bem nesse universo naturalmente se destaca.
Eu imagino que você já chegue com a pauta da IA um tópico prioritário. Como você vê o impacto das novas tecnologias emergentes, como a IA generativa e agentes de IA nesse mercado?
Sem dúvida! A IA generativa é um divisor de águas porque traz uma escalabilidade enorme para personalizar interações em tempo real com milhões de profissionais e consumidores. O diferencial da Adobe nesse contexto é que entregamos essa tecnologia com total segurança, garantindo conformidade com direitos autorais e adaptando às necessidades específicas das marcas. Isso dá mais tranquilidade para as empresas adotarem a IA de forma responsável e eficaz.
Você poderia compartilhar alguns exemplos de como essas tecnologias estão sendo aplicadas para trazer benefícios concretos para as empresas?
Tenho alguns exemplos. Hoje eu tenho pessoas do meu time em diferentes países liderando projetos com diferentes fornecedores. Todos os projetos começam no Adobe Workfront, onde, como líder, consigo acompanhar tudo o que está sendo feito, tanto pelo time interno quanto pelos fornecedores externos. Posso criar níveis de aprovação e acessar facilmente qualquer asset ou projeto criado.
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Na parte criativa, usamos o Adobe Express, que já vem com o brand guide da Adobe e templates prontos, que qualquer pessoa do time consegue replicar em segundos e em qualquer idioma. Quando está tudo pronto, publicamos diretamente no nosso site ou páginas digitais por meio do Adobe Experience Manager, que simplifica os processos, reduzindo prazos de dias para minutos.
E a parte mais divertida: com o Adobe RTCDP, conseguimos identificar e mensurar em tempo real quem são os usuários interagindo com nossos conteúdos e campanhas. Com isso, com Adobe AEM e Target, começamos a entregar páginas e conteúdos personalizados para cada perfil. É uma jornada 100% integrada, trazendo agilidade, ganho operacional e, com as ferramentas certas, um aumento significativo de receita.
Quais você considera as maiores oportunidades e desafios para a América Latina, especialmente em mercados emergentes, e como a Adobe Experience Cloud se posiciona para aproveitá-las?
A América Latina tem um potencial enorme. Regiões como os Estados Unidos já estão mais maduras no uso de tecnologias, mas por aqui, especialmente no Brasil, o crescimento é exponencial. Isso se deve não só ao tamanho do nosso mercado, mas também à criatividade do brasileiro, que sempre encontra formas inovadoras de aplicar tecnologia.
Do lado dos desafios, o idioma ainda é um grande obstáculo. Muitas tecnologias, cursos e documentações estão disponíveis apenas em inglês, e menos de 1% da população brasileira domina o idioma. Apesar de a IA estar ajudando a diminuir essa barreira com soluções de tradução, os profissionais que se destacam no mercado de tecnologia são aqueles que buscam aprender e se preparar.
Do lado da Adobe Experience Cloud, estamos investindo no crescimento do time na região para oferecer o melhor atendimento aos nossos clientes. Acreditamos no poder da reputação da marca e estamos construindo relações de longo prazo com as empresas que escolhem a Adobe. Nosso objetivo é garantir que o profissional que opta pela Adobe para sua estratégia Martech tenha a certeza de que está contratando um time altamente comprometido com o seu sucesso. Afinal, mais do que entregar tecnologia de ponta, queremos ser parceiros estratégicos no crescimento dos nossos clientes.
Falando especificamente do mercado brasileiro, sabemos que há ainda alguns setores que têm uma certa dificuldade – normalmente cultural – na adoção de novas tecnologias. Como você enxerga essas barreiras?
Como uma boa marketeira otimista, vejo essas barreiras como oportunidades gigantes. São chances para os profissionais desses setores se destacarem, assumirem a liderança e se tornarem referências no mercado. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade incrível para empresas como a Adobe participarem ativamente dessa transformação. Dois setores que estamos olhando com muito cuidado são Educação e Healthcare. Na educação, por exemplo, pense no impacto que uma jornada digital bem estruturada pode ter. Professores podem criar materiais didáticos de altíssimo nível em poucos minutos, com acesso a recursos que antes demandavam dias ou semanas. E os alunos? Uma experiência mais conectada e eficiente permite com que se formem mais rápido e mais preparados para ingressar no mercado de trabalho e contribuir com a economia. No setor de saúde, o impacto pode ser ainda maior. Muitos esquecem que o paciente também é cliente de um banco ou de um varejo e já experimenta jornadas mais fluidas e integradas nesses outros setores. Então, por que o setor de Healthcare, que lida com momentos tão delicados e importantes na vida das pessoas, não investe para se tornar referência em experiências mais humanas e integradas? Imagine quantas vidas podem ser salvas com uma experiência mais eficiente e fluida tanto para o médico quanto para o paciente. É sobre otimizar processos, mas, principalmente, sobre gerar impacto real na vida das pessoas.
Como uma boa marketeira otimista, vejo essas barreiras como oportunidades gigantes. São chances para os profissionais desses setores se destacarem, assumirem a liderança e se tornarem referências no mercado. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade incrível para empresas como a Adobe participarem ativamente dessa transformação. Dois setores que estamos olhando com muito cuidado são Educação e Healthcare.
Como líder em um ambiente de alta inovação e mudança constante, como é possível gerar valor percebido nas relações B2B?
Sou muito fã do Adam Grant, e três livros dele que sempre me inspiram são Think Again, Originals e o mais recente, Hidden Potential. Se eu pudesse resumir o que aprendi com eles, diria que liderar um time de alta performance em um ambiente tão competitivo e cheio de mudanças exige estar confortável com o desconforto. Todos os dias você vai aprender algo novo, e o que funcionou ontem provavelmente não será o que trará sucesso amanhã. Você precisa levar isso de maneira leve para inspirar o time a manter a curiosidade e a vontade de experimentar. Muita gente pensa que inovação é só sobre grandes disrupções, mas não é bem assim. Muitas vezes, é sobre olhar para os dados e identificar aquele 1% que podemos aprimorar. Essa análise detalhada e incremental pode ser tão poderosa quanto uma grande ideia disruptiva.
Outra coisa que acredito ser essencial é estar próximo do negócio. Algo que fez diferença na minha trajetória foi meu background em vendas. Eu sempre olho para os KPIs de negócio e penso em como o marketing pode ajudar o Head de Vendas, o CFO e o CTO a atingirem seus objetivos. Essa conexão íntima com o negócio ajuda a tomar decisões que não só são criativas, mas que também geram impacto real e mensurável. No final, o valor percebido nas relações B2B vem de mostrar que você entende o que realmente importa para o cliente, e que o seu trabalho está alinhado aos resultados que a empresa precisa alcançar.
Jornalista antes de tudo; agenciano, linkediner e palestrante
3 semTaí uma marca que sempre está forte nas nossas cabeças. Excelente entrevista, Armindo. Legal a preocupação dela em abrasileirar a linguagem em um mundo onde a Siri ainda fala "alarme DAS AS doze horas ativado".
Tecnologia Audiovisual Aplicada | Palestrante | Instrutor | Mentor | Projetos para emissoras de TV e empresas | Inteligência Artificial no Audiovisual | PhD em Comunicação | CEO Broadcast Media Lab | Autor
3 semExcelente entrevista