Tendências de IA para 2025 com James Barroso, diretor de Go To Market da Infor LATAM.

A Infor é uma empresa global de tecnologia especializada no desenvolvimento de software empresarial para indústrias específicas. Sua oferta principal inclui soluções de ERP (Enterprise Resource Planning), gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM), gerenciamento de capital humano (HCM), e análise de dados, muitas vezes fornecidas na nuvem.

Fundada em 2002 e com sede em Nova York, a Infor se posiciona como uma das maiores empresas de software empresarial no mundo. Desde 2020, a Infor é uma subsidiária da Koch Industries, o que fortaleceu sua capacidade de investimento em inovação.

E para saber mais sobre as tendências de adoção de Inteligência Artificial para 2025 eu pude falar com o James Barroso que é diretor de Go To Market da Infor LATAM e especialista em IA, machine learning, LLM e cloud.

Entre os principais insights ele destacou a importância das empresas se preocuparem com as regulações, a adoção dos agentes B2B de IA que transacionam entre si e destacou que 2025 deve ter o foco na personalização. Também deu exemplos atuais de uso entre grandes companhias entre elas, Magazine Luiza e Petrobras

Confira a seguir a entrevista completa.

Entrevista com o James Barroso, diretor de Go To Market da Infor LATAM.

Quais mudanças mais significativas você prevê para o uso de IA no ambiente corporativo em 2025?

Analisando o cenário brasileiro, 2025 será um ano de transformação significativa no uso corporativo da IA. A principal mudança que observo é a democratização da tecnologia, com 75% das empresas adotando soluções de IA em seus processos. Isso significa que veremos uma transição de experimentações isoladas para uma integração mais profunda da IA nos modelos de negócio, especialmente com o surgimento de modelos de linguagem especializados para setores específicos.

Um fator que será uma tendência clara, é a automação mais sofisticada. As empresas brasileiras irão além das tarefas básicas e começarão a implementar sistemas de IA para análise preditiva e tomada de decisões estratégicas. Outro fator importante é que as PMEs terão acesso a ferramentas mais acessíveis e adaptadas às suas necessidades, permitindo a automatização de processos administrativos, melhoramentos no atendimento ao cliente e otimização das operações com análises preditivas mais precisas.

Antecipo, também, uma mudança significativa na forma como as empresas lidarão com a regulamentação da IA, especialmente com a implementação do novo marco regulatório. As organizações precisarão adaptar seus sistemas e processos para atender às novas exigências legais, principalmente em relação à avaliação de impacto algorítmico e proteção de dados. Acredito que isso levará a um uso mais responsável e ético da IA, com maior transparência e governança nos processos automatizados.

Antecipo, também, uma mudança significativa na forma como as empresas lidarão com a regulamentação da IA, especialmente com a implementação do novo marco regulatório.

Muitas empresas ainda têm algumas restrições em relação a IA, principalmente no que diz respeito à segurança de dados e eventuais violações de propriedades intelectuais. Essas barreiras serão quebradas?

De acordo com uma pesquisa da IBM, 41% das empresas de comércio, saúde e logística, já fizeram a adoção de algum processo de IA nas suas operações. Embora muitas empresas ainda tenham cautela em relação à adoção da IA, é provável que essas barreiras sejam gradualmente superadas à medida que a tecnologia amadureça e as regulamentações se tornem mais claras.

A aprovação do marco regulatório da IA no Brasil é um passo importante para estabelecer diretrizes claras e proporcionar maior segurança jurídica às empresas. Com regras mais definidas sobre transparência, avaliação de impacto e proteção de direitos autorais, as organizações poderão implementar sistemas de IA com mais confiança. No entanto, é crucial que a regulamentação encontre um equilíbrio entre proteção e inovação, evitando criar obstáculos excessivos, especialmente para pequenas empresas e startups.

Para superar as barreiras remanescentes, as empresas precisarão investir em medidas de segurança robustas e em práticas éticas no uso da IA. A implementação de controles de segurança desde o início do desenvolvimento de soluções de IA, bem como a adoção de plataformas modernas de gerenciamento de dados, como o open data lakehouse, podem ajudar a mitigar riscos e aumentar a confiança na tecnologia. À medida que as empresas se adaptam às novas regulamentações e desenvolvem melhores práticas, é provável que vejamos uma adoção mais ampla e confiante da IA no ambiente corporativo.

Como as empresas podem se preparar para integrar tecnologias de IA de maneira mais eficaz nos próximos anos?

Para uma integração eficaz de IA nos próximos anos, as empresas precisam adotar uma abordagem estratégica e estruturada. O primeiro passo é desenvolver um planejamento claro que identifique as áreas que mais podem se beneficiar da tecnologia, estabelecendo objetivos específicos e mensuráveis. É fundamental investir na qualidade e governança dos dados, criar uma infraestrutura tecnológica adequada e estabelecer diretrizes éticas robustas para o uso da IA. Além disso, as organizações devem formar equipes multifuncionais e implementar plataformas para o intercâmbio de conhecimentos, promovendo uma cultura de inovação e colaboração.

O sucesso da integração depende fortemente do desenvolvimento de competências internas. As empresas devem investir em programas abrangentes de treinamento para capacitar suas equipes, mantendo-as atualizadas sobre as últimas tendências e inovações em IA. É crucial estabelecer processos de monitoramento contínuo para avaliar o desempenho dos sistemas implementados e realizar ajustes quando necessário. A implementação deve ser gradual, começando com projetos-piloto que permitam ajustes e adaptações antes de uma implementação mais ampla, garantindo assim uma transição mais suave e eficaz para toda a organização.

O B2B ainda é cheio de desafios, mas os agentes de IA podem ser transformadores nesse segmento. Poderemos ver empresas fazendo transações comerciais/fiscais de forma autônoma e sem interação humana?

Sim, já estamos observando uma evolução significativa na autonomia das transações B2B através da IA. Um ótimo exemplo é a Amazon, que utiliza sistemas de IA para automatizar completamente o processo de reposição de estoque. O sistema analisa padrões de consumo, prevê demandas futuras e realiza pedidos automaticamente aos fornecedores, sem necessidade de intervenção humana, garantindo que os produtos estejam sempre disponíveis no momento certo.

A tendência é que essa autonomia se expanda ainda mais nos próximos anos. De acordo com projeções do Gartner, até 2028, aproximadamente 60% do trabalho dos vendedores B2B será executado por meio de interfaces conversacionais alimentadas por IA generativa, um salto expressivo comparado aos menos de 5% registrados em 2023. Isso significa que processos como negociações, aprovações de crédito e fechamento de contratos poderão ser conduzidos inteiramente por sistemas autônomos.

As cadeias de suprimentos não serão resilientes sem automação. Tecnologias que utilizam IA para gerenciamento das operações de forma autônoma são mais eficientes e responsivas, reduzindo o risco de rupturas e desabastecimento, o que representa uma verdadeira revolução na maneira como as empresas B2B operam.

Achei bem interessante sua visão sobre a IA estar evoluindo em termos operacionais e estratégicos. Poderia detalhar um pouco mais isso?

A evolução da IA no ambiente corporativo brasileiro pode ser exemplificada pelo caso da Magazine Luiza, que expandiu significativamente o uso da tecnologia. Além da conhecida assistente virtual Lu, a empresa criou uma diretoria específica para IA em 2024, com foco em treinar o "cérebro da Lu" para interações mais inteligentes com consumidores, oferecendo recomendações personalizadas de produtos e esclarecendo dúvidas de forma mais natural. A empresa também implementou sistemas de IA em sua logística para otimizar rotas de entrega e prever demandas, demonstrando uma abordagem que vai além do atendimento ao cliente.

Outro exemplo é a Petrobras, que está investindo significativamente em IA para transformar suas operações. A empresa participa de um projeto de modernização do supercomputador Santos Dumont, com investimento de 1,8 bilhão de reais em cinco anos, visando aplicações avançadas de IA em áreas críticas como inspeção remota de plataformas, caracterização de reservas petrolíferas e otimização dos modelos de produção.

Esta abordagem demonstra como a IA está evoluindo de simples automação para aplicações mais sofisticadas e estratégicas, que impactam diretamente o core business das empresas.

Como tem sido esse trabalho da Infor com seus clientes? Quais aprendizados de 2024 você levará para o próximo ano?

A Infor defende a visão da da IA especializada para diferentes indústrias e nosso método está pautado pela adoção de novas tecnologias a partir da entrega de valor real para as empresas, o que vai na contramão do hype. A implementação da IA tem que vir de mãos dadas com casos de uso com ROI previsto. Um exemplo notável dessa visão é a GMM Pfaudler, onde a implementação do Infor GenAI acelerou drasticamente um projeto de limpeza de dados de 800 mil produtos, aumentando em 95% a produtividade com atividades manuais e reduzindo em 5% o custo de inventariação (1 a 2 milhões de euros de economia).

Outro caso extremamente relevante é o da Grosfillex, produtora de móveis para áreas externas, que após 90 dias de implementação do Infor AI, aumentou a produtividade de vendas em 83% e registrou um crescimento de 10% de faturamento em um grupo específico de clientes, através da melhoria do sortimento de produtos.

Temos, ainda, o caso de uma rede de supermercados líder nos Estados Unidos onde a implementação do Infor AI trouxe um aumento na acuracidade dos estoques para produtos perecíveis de 30% para +70%. Em 120 dias foram gerados mais de 8 milhões de dólares de economia, a partir do aumento da eficiência dos processos de reabastecimento.

Um aprendizado crucial de 2024 que a Infor levará para o próximo ano é a importância da personalização e da abordagem específica por indústria em suas soluções de IA. A nossa expectativa é que esses casos internacionais possam inspirar as empresas brasileiras a investirem na adoção de novas tecnologias.

Um aprendizado crucial de 2024 que a Infor levará para o próximo ano é a importância da personalização e da abordagem específica por indústria em suas soluções de IA.