Pare de tentar mudar o mundo a qualquer custo – Parte 2

Chegamos ao segundo aprendizado desta série, e neste ponto te convido a refletir sobre escolhas e priorização.

(Se você não leu a Parte 1, recomendo que corra lá para ter a visão completa: link do artigo)

2ª Lição: Aprenda a dizer NÃO, para poder dizer SIM para aquilo que realmente importa

Dizer sim para todas as oportunidades que aparecem na nossa frente é muito comum no início de qualquer empreendimento, e é até importante para o processo de maturidade da inovação social, e claro, para gerar caixa ($) rápido. Mas chega um momento no qual a gente já aprendeu o que precisava daquele início, e já entendeu qual deveria ser nosso foco e onde agregamos mais valor, e se continuarmos dizendo sim para tudo estamos cavando nossa própria cova, pois a falta de foco dispersa a energia e os recursos e não nos deixam crescer. Os negócios e as organizações de impacto precisam entender rapidamente qual é sua principal entrega, aquela que faz toda a diferença para seu cliente (beneficiário ou consumidor), e focar seus esforços em aprimorar essa entrega para poder escalar e ampliar o seu impacto.

Em 1986, ecologista Buzz Holling, lança a teoria do ciclo adaptativo, que representa a resiliência de organismos, organizações e até sistemas complexos, e dentro desta teoria, o autor destaca 4 armadilhas que se apresentam no desenvolvimento de qualquer sistema, e isso se aplica às organizações. Uma dessas armadilhas, é a armadilha da pobreza, que acontece quando uma organização não consegue fazer escolhas, quando não consegue dizer não. O estudo de Holling mostra que qualquer sistema, para ser resiliente, precisa, em um determinado tempo, fazer escolhas, caso contrário esgotará seus recursos e não terá fôlego para passar para a próxima fase.

E o mesmo é verdadeiro para as pessoas, os empreendedores e empreendedoras costuma ficar tempo demais na função “faz tudo”, acabam por esgotar-se. Mas não são só os empreendedores solo que sofrem com isso, temos inúmeros casos de empreendedores que mesmo tendo grandes equipes ainda tem uma dificuldade enorme em dizer NÃO, e passam os anos centralizando a resolução dos problemas e dos conflitos, e sem se dar conta vão minando a autonomia das equipes e criando um ciclo vicioso de dependência, que trava o desenvolvimento da organização.

Há 10 anos, Greg McKeown lançava seu bestseller, Essencialismo: a disciplina busca por menos, e suas conclusões são tão atuais que deveria ser seu livro de cabeceira a partir de amanhã.

Este livro ajuda a aguçar nosso olhar para identificar o que é realmente importante, e entender quais são as coisas que deveríamos estar fazendo e que realmente agregam valor. Isso serve tanto para a organização como para as pessoas. Quando mais a fundo as organizações mergulharem em suas causas, mais elas entendem o problema, e melhor conseguem resolvê-lo focando naquilo em que elas são boas. Assim também as pessoas devem encontrar o ponto de intersecção entre seus talentos / habilidades e as necessidades da organização e focar suas energias em fazer entregas de valor. E a principal lição deste livro, para mim, foi:

Toda vez que você diz SIM, você está dizendo NÃO para outras coisas - e muitas vezes são as mais importantes.

Que tal aproveitar este início de ano para começar a priorizar?

Estabeleça critérios junto com a sua equipe, identifique as áreas onde agregam mais valor e as áreas onde a energia se esvai, façam escolhas, e vejam o resultado.  

Te espero na parte 3 ; )