Pensar e Inovar - #Gerenciandoprofissão
Quebrar paradigmas e proceder a mudanças é acima de tudo ter capacidade de pensar, e é o que efetivamente hoje conta muito. Esta capacidade de pensar é uma das coisas que se quer encontrar no perfil desejado pelos empregadores e tomadores de serviços. Pensar é ser criativo, saber pesquisar, avaliar e solucionar problemas, e para isto não existe um curso específico. Depende da postura volitiva do indivíduo, sendo que muitos, por comodismo, não querem pensar, até porque é um desafio. Segundo Henry Ford “pensar é uma atividade realmente trabalhosa, por isso poucas pessoas a executam” (Shinyashiki, 1995, p.64). Entretanto, pensar e solucionar problemas se constituem em alto diferencial para aqueles que querem ser empreendedores e competitivos. Lembra-se aqui de Paulo Gaudêncio, brilhante psiquiatra paulista (Gaudêncio apud Aquino, 1999), que diz que o ser humano é a última invenção da tecnologia. Assim, pessoas pensadoras e inovadoras são desejadas pelas empresas modernas e competitivas, com clara demonstração de que se está na era do capital intelectual e do conhecimento. Desde a Revolução Industrial, no Século XVIII, até poucas décadas atrás, as máquinas que até então ocupavam lugar de destaque como fator de produção, superando o sistema agrário, hoje cedem lugar ao capital intelectual, o grande patrimônio das empresas e de todos os trabalhadores, sejam estes empregados, autônomos ou profissionais liberais. O trabalho, segundo o paradigma antigo e originado na contabilidade, era a mão-de-obra e seus rendimentos. Isto é a clara declaração de que as empresas queriam apenas a massa muscular dos trabalhadores, dispensando sua cabeça. No entanto, com a chegada da fase da “prestação de serviços”, que deverá predominar em todo o mundo, pois este setor (prestação de serviços) já está definitivamente instalado e crescendo em proporções cada vez maiores, tal paradigma mudou. Descobriu-se, como já mencionado, o homem integral – o homem todo e todos os homens – e sua capacidade de pensar. Assim, neste segmento de prestação de serviço o que preponderantemente conta é o fator humano, a ser aplicado precipuamente no atendimento aos consumidores e clientes, aliás, altamente exigentes e informados. As máquinas e robôs são úteis, porém, não são capazes de pensar, inovar, de conquistar e nem encantar clientes. No feroz mercado da competição, onde o concorrente está buscando fazer o que o outro não faz, agindo exatamente nas lacunas e falhas deixadas, o diferencial é a inteligência, a capacidade de pensar e as competências instaladas. Nas palavras de De Masi (2.000) “... nós seres humanos, fazemos hoje sempre menos coisas com as mãos e sempre mais coisas com o cérebro, ao contrário do que acontecia até agora, por milhões de anos”. Abrindo um parêntese, é bastante oportuno aqui questionar qual é o momento de se avaliar o nível de satistação do cliente. Muitos adotam o instrumento da avaliação somente depois que o cliente consumiu, comprou ou tomou os serviços. Pelo bem da verdade, deve ser avaliada a satisfação do cliente antes mesmo dele tomar a decisão da compra, se colocando no lugar dele e indagando o que ele, cliente, espera encontrar durante e também depois da aquisição (de bens ou serviços). Tal postura se revela bastante proativa, buscando proporcionar satisfação das expectativas do mercado, além de preventivamente se evitar falhas. Nada obstante, esta premissa não dispensa o processo de avaliação de satisfação do cliente nas fases de venda e pós venda. Desta feita, se conclui que o sucesso e o crescimento ocorrem através de tecnologia e gestão, com base em conhecimento (pensar). Capacidade de pensar é o novo paradigma e a exigência do mercado. Quando se fala do profissional inovador, se diz exatamente dos reflexos de sua capacidade de pensamento. Ser inovador é saber adaptar-se aos novos tempos e desafios, com agilidade, sendo proativo. Consiste em saber analisar, avaliar, refletir e recriar a empresa, os segmentos, as estruturas, os processos, os métodos e as coisas. É saber aplicar a teoria na pratica do cotidiano, acompanhando a evolução e a velocidade dos acontecimentos, tomando-se o cuidado, no entanto, para não entrar no ativismo. Segundo Marins (1998), ativismo consiste em só fazer, fazer, fazer, sem a necessária reflexão para saber se o que está se fazendo é realmente o que deveria ser feito. È mister ter capacidade de questionar se o que aprendeu e está fazendo é certo, e se está calcado em sólidas bases, inclusive científicas.
Não se pode esquecer, também, que é preciso ser eficaz, porém, com humildade. Pelo pensamento de Confúcio “o mar recebe as homenagens de todos os rios porque se coloca num nível abaixo deles”. Assim, o mercado valoriza aqueles que sabem aproveitar a experiência dos demais e aprender com eles. O mercado, efetivamente, é o mais sábio dos orientadores, bastando ficar atento a ele, sabendo interpretá-lo. Não pode ser esquecida, igualmente, a generosidade. O bom profissional é aquele que sabe ser generoso. Generosidade nas atitudes, nos gestos, nas ações, no trato às pessoas, nas palavras dirigidas aos seus pares e aos clientes. Esta virtude é alma gêmea da humildade. Ambas devem caminhar juntas, mesmo porque o exercício dessas qualidades, além do crescimento que proporciona, abre os caminhos para o bem estar íntimo e a felicidade. Nada obstante, não devem ser indicativo de subserviência. Para isso a pessoa há que ser dotada de equilíbrio, bom senso e dissernimento. Circundando todo esse contexto tem papel de relevo a espiritualidade de que cada um deve ser dotado, livre de qualquer condicionamento e independente do credo religioso, pois o que se quer é um indivíduo desenvolvido com amplitude. Assim, a espiritualidade é a fiel depositária dos verdadeiros, genuínos, e mais puros valores morais.
De: Ademar Pezzan