Pequeníssimo Manual Anti-Exlcusão Digital
A filósofa e ativista Angela Davis diz que não adianta não ser racista, é preciso ser antirracista. É uma constante busca e desafio, afinal, todos somos racistas, em diferentes níveis. Mas neste artigo não quero falar de inclusão racial, e sim, aproveitar o impulso para falar de inclusão de pessoas com deficiência. Afinal, penso que não é preciso só falar de acessibilidade, é preciso ser anti-exclusão.
Em parceria com o EnableIn, grupo que pretende tornar o LinkedIn um ambiente mais inclusivo para esse público, organizamos um InDay com o tema de Relationships para o mês de agosto. Convidamos duas pessoas com deficiência e especialistas no tema para trazer dicas práticas de como tornar a comunicação e redes sociais mais inclusivas.
Encare esse espaço como um simples diário de minhas anotações. Ainda tenho muito que aprender para promover uma análise mais extensa do tema. Entretanto, sinto uma urgência de já compartilhar algo. De acordo com o IBGE, 23,9% da população brasileira tem ao menos um tipo de deficiência e como contou o Jennison, que já vou apresentar, são 1 bilhão de pessoas no mundo.
Dicas Práticas de Comunicação Acessível
Começamos o evento com a maravilhosa Isa Meirelles, ex-ecana assim como eu, que trabalha com design e comunicação acessível. Uma mulher, com baixa visão e fã de roupas neon. Aqui vão minhas anotações.
- Um QR code para que todos acessem a apresentação ou enviar a apresentação previamente pode auxiliar na inclusão. Assim as pessoas podem acompanhar no próprio ritmo ou usar tecnologias que auxiliem na leitura da apresentação.
- Para incluir deficientes visuais, é legal você descrever o ambiente onde você está e suas características físicas
- A acessibilidade precisa estar presente em todos os momentos. Não adianta o seu evento ser acessível se o site de inscrição não for acessível, por exemplo
Podemos criar um design mais inclusivo com 3 passos:
- Reconheça a exclusão: nossos recursos são limitados para atender toda a população. Somos uma sociedade exclusiva.
- Resolver o problema para todos: crie recursos e formatos para tentar incluir diferentes comunidade. (legendas, audiodescrição, intérprete de libras)
- Aprender com a Diversidade: treinar nosso olhar para enxergar formas de promover a diversidade em todas as interações e espaços.
- É sempre bom disponibilizarmos nosso conteúdo em dois canais de sentido, no mínimo. O recurso audiovisual é um ótimo exemplo, mas para ser acessível é bom trazer audiodescrição, legenda e intérprete de LIBRAS.
- Sempre opte pela maior fonte tipográfica.
- Fontes com serifa e o uso de itálico podem atrapalhar a leitura
- A ABNT tem normas para contraste nas imagens - e tem aplicativos que ajudam nisso...
E fica a dica para assistir o TED Talk da Haben Girma e você pode descobrir como tudo isso que falamos se relaciona com um bolo de chocolate.
Acessibilidade no LinkedIn
O nosso segundo convidado foi o Jennison Asuncion, um homem cego, que é o head de engenharia acessível do LinkedIn. Junto com outros profissionais ele tem a missão de tornar o LinkedIn cada vez mais acessível.
Jennison contou sua marcante história. Por ser deficiente visual, diziam para ele ficar longe das áreas de ciências e matemática. Seria melhor se desdobrar nas humanidades. Mas ele aproveitou as oportunidades e nunca desistiu. Se formou em ciências políticas, fez mestrado em tecnologia educacional. E em 2013, ele se juntou ao LinkedIn para capitanear as iniciativas de acessibilidade.
Para alguém que sempre defendeu a inclusão pela tecnologia, Jennison diz que a internet era mais inclusiva no passado. Os sites mais simples, com menos imagens e animações, facilitavam a leitura para deficientes visuais que utilizam dispositivos de leitura da imagem. A busca pela inclusão na internet é um desafio constante. Um estudo, citado por ele, analisou 1 milhão de páginas na web e 96% tinham algum problema que violava as normas mundiais de acessibilidade.
A minha pergunta e maior curiosidade era: O LinkedIn é uma rede acessível?
A resposta, em resumo, é assim como o começo de meu relato. Vivemos uma jornada anti-exclusão. Como um espaço tecnológico, estamos constantemente escrevendo código, criando produtos e ferramentas, então, mudanças podem acontecer todo tempo. Há uma equipe de engenheiros trabalhando em tempo integral para manter nossos sistemas acessíveis e seguimos as diretrizes de acessibilidade da Microsoft, que são referência mundial.
Algumas funcionalidades legais que você pode incluir no dia-a-dia são:
Alt-Text (Texto alternativo em imagens)
Ao postar uma imagem via desktop você pode criar uma descrição da imagem para facilitar a compreensão de pessoas com deficiência visual. Quando fazemos um evento é comum querer fazer um convite chique com todas as informações em imagem, mas isso só atrapalha a leitura.
Legenda em Vídeo:
Você pode adicionar arquivos de legenda em vídeos para facilitar a compreensão para pessoas com deficiência auditiva.
A acessbilidade é uma constante jornada. E como disse meu amigo José Ronaldo Almeida, membro do EnableIn: se conscientizar já é um grande passo. Espero ter conseguido trazer algumas dicas práticas.
PS: Compartilhei as ideias do texto com a minha amiga Micaela Herford, que estuda Terapia Ocupacional, e ela disse para reforçar um detalhe: acessibilidade não é uma coisa que devemos fazer para "ser legal" ou, porque somos "pessoas do bem". Acessibilidade é direito das pessoas com deficiência. Temos um dever de promover um mundo mais inclusivo.
Senior Software Engineer at Amazon
4 aOlá Rudi, sou do time de engenharia de Acessibilidade do LinkedIn e trabalho com o Jennison. Estou muito feliz por esse artigo, acho muito legal e importante espalhar essa mensagem no Brasil e no mundo. Parabéns e vamos juntos lutar pela anti-exclusão!
PLD-CFT | Banking | Payments | Fraude | Chargeback
4 aMuito legal Rudi, texto excelente!! São coisas que parecem complicadas de aplicar mas na verdade não são! Uma legenda na imagem como você citou por exemplo, é simples e com certeza já ajuda demais! Boaa Rudini!!
✈️🌎 On the road following music and writing about it
4 aParabéns Rudi, foi muito bacana a sessão! Rico aprendizado.