Perdi o emprego. E agora?!
O desemprego já afeta 11,8 milhões de brasileiros segundo o IBGE. O número cresceu na 2ª semana de junho, quando eu também entrei para a estatística.
Nesses quatro meses de quarentena parece que já fui muitas versões de mim. No início, estava trabalhando como nunca. Para mim o home office começou no dia 17 de março. Diante do aumento do fluxo de trabalho, a produtividade (e as horas extras) também.
Entre as muitas habilidades adquiridas ao longo da vida profissional, sou especialista em Comunicação e Saúde pela Fiocruz. Sendo assim, nada mais esperado do que trabalhar mais durante uma pandemia. Assim foi durante a chegada da H1N1 no país, nas epidemias de dengue, nas enchentes, nos grandes eventos, em grandes acidentes e nas campanhas de vacinação. Pois é, tenho uma bagagem de trabalho em grandes acontecimentos.
Na minha década de experiência, nunca vi uma crise que durasse tanto e que levasse o meu emprego. Levar esse pé na bunda profissional foi uma experiência nova. Mesmo sendo no esquema “o problema não é você, sou eu”, a gente perde um pouco o chão. Ao mesmo tempo, ouvir palavras de agradecimento e de incentivo dos coordenadores, dos clientes e dos colegas de trabalho não tem preço. É muito bom ver que foi um trabalho bem feito e que marquei as pessoas profissional e afetivamente também. Nunca imaginei que pudesse conhecer tanta gente incrível (dessas que levamos para a vida toda) numa agência de comunicação.
Ao mesmo tempo em que trabalhar de casa não deixava sobrar tanto tempo (ou disposição) para o lazer ou para investir em cursos online e assistir lives, era o trabalho a estrela da rotina do isolamento. De resto, sobravam momentos para as atividades físicas e as tarefas domésticas. De um dia para o outro tudo mudou. Me senti um pouco sem identidade. Muito do que consideramos ser está relacionado à vida profissional, não é mesmo?
A gente dedica tanto dos nossos dias ao trabalho, que quem somos quando não ocupamos mais aquele cargo? Depois do baque inicial, mantive a rotina. Comecei a dedicar minhas horas “úteis” para atualizar o currículo, o Linkedin, fazer cursos online, retomar projetos que estavam a passos lentos por falta de tempo. E a buscar vagas, é claro.
Voltei a ser a Mariana que ama ler tão somente por lazer, que escreve poesias (até me inscrevi numa oficina), que sempre está querendo publicar artigos científicos, que gosta de fotografar o cotidiano, que tem um tempo a mais para jogar conversa fora com os amigos (só online), encontrar com as melhores pessoas nas lives diárias da Teresa Cristina e pensar na vida, imaginar novos percursos (me tornei boa nisso).
Desde então, como os dias e as semanas passam rápido! Estou tendo a oportunidade de olhar e usufruir um pouco de todo um novo mundo virtual e cheio de cursos, lives e entretenimento de qualidade, gratuitos ou acessíveis. Basta um pouco de paciência para procurar.
Hoje, para mim não há elogio maior ao meu trabalho do que receber, de várias dessas pessoas que fizeram parte do meu caminho, indicações de vagas que já começam a aparecer ou quando me chamam para algum job. É muito bom saber que na correria da vida, há quem torça por nós e caminhe junto.
Mesmo aqui do meu lugar tão privilegiado, haja resiliência e inteligência emocional para recomeçar. E quando elas me faltam, sei que não estou sozinha.
Jornalista | Comunicação | Comunicação Interna & Institucional | Marketing Digital
4 aMari, adorei o artigo. Mesmo na crise, as oportunidades aparecem. E para quem é competente como você, elas não faltarão. Um beijo e conte comigo no que for preciso
Jornalista | Relações-Públicas | Comunicação Corporativa | Divulgação Científica | Marketing
4 aMari, super pertinente o seu artigo. É muito fácil "se deixar levar" pela rotina profissional e "esquecer" de cultivar momentos de lazer e autocuidado necessários. Muito sucesso no seu caminho daqui pra frente. Conte comigo. ;)