As Pessoas Conseguem Ler Sentimentos? A Ciência Revela Que Raramente...
Imagine o seguinte cenário: você foi convidado para ir a um jantar na casa de um amigo e, para sua surpresa, o prato principal era Rim de Porco com Batatas. Apesar da iguaria não ser a sua praia, você decide dar umas garfadas, mas sente um tremendo desgosto pelo prato. Para a sua sorte, o anfitrião te serviu uma porção pequena. Com muito esforço, embrulhos no estômago e a ajuda de inúmeras taças de vinho, você aguenta comer tudo. Na sua opinião, quão evidente ficou para o dono da casa que você não gostou da comida?
Em casos como esse, a maioria das pessoas acredita que seu desgosto ficou mais do que evidente para o anfitrião, no entanto, inúmeras pesquisas científicas demonstram que as pessoas têm enormes dificuldades em ler os sentimentos dos outros, em saber o que está passando por suas cabeças.
Os cientistas nomearam esse fenômeno como:
A Ilusão da Transparência
e ele revela que apesar de acreditarmos que os outros conseguem ler nossos sentimentos, essa não é uma das maiores qualidades do ser humano.
Um experimento genial, conduzido pelo cientista Tom Gilovich, da Cornell University, demonstra com clareza essa dificuldade das pessoas em ler os sentimentos dos outros. Os participantes do experimento eram informados de que fariam parte de um estudo sobre as habilidades das pessoas em manter "Expressões Faciais Neutras."
A tarefa deles era provar bebidas servidas em 15 copos diferentes, sendo que 5 deles continham um líquido com sabor desagradável (água, corante vermelho e vinagre de vinho). O restante dos copos continha suco de cereja, assim, a cor do líquido nos 15 copos era igual, fazendo com que os participantes não conseguissem saber quais copos tinham a bebida boa ou a ruim. Na frente deles, uma câmera era posicionada para gravar as expressões faciais de cada participante -- lembrando que a tarefa deles era tentar ao máximo manter uma expressão neutra.
Os participantes eram então informados de que 10 jurados iriam assistir às gravações da prova das bebidas e assim, cada participante era solicitado a estimar quantos jurados conseguiriam distinguir quando ele estava ingerindo uma bebida agradável ou uma desagradável. Em média, os participantes acreditavam que 49% dos jurados conseguiriam identificar o momento em que eles estivessem provando a bebida com vinagre, mas como você pode imaginar, os participantes superestimaram a precisão da leitura dos jurados. Em média, apenas 35% dos jurados conseguiram ler com precisão os sentimentos dos participantes ao provar a bebida ruim, uma diferença estatisticamente significativa.
Essa é a Ilusão da Transparência: nós acreditamos que as pessoas conseguem ler nossos sentimentos com facilidade, no entanto, elas têm uma dificuldade enorme em julgar o que estamos sentindo ou expressando.
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A vantagem da Ilusão da Transparência é o sentimento de tranquilidade que podemos ter ao saber que as pessoas estão muito menos atentas do que imaginamos aos nossos sentimentos. Dificilmente, seu chefe conseguirá sentir com precisão o seu nervosismo durante uma reunião, uma paquera a sua timidez em um primeiro encontro, um cliente a sua insegurança em uma apresentação de produto, ou um amigo o seu desgosto pelo Rim de Porco com Batatas que ele preparou.
Porém, a Ilusão da Transparência tem a desvantagem de nos trazer frustração quando nossos sentimentos não ficam claros para as outras pessoas e assim, podemos julgar erroneamente que lhes falta empatia.
Para vencer esse desencontro, é necessário que paremos de acreditar que temos o superpoder de "pegar a perspectiva" de uma outra pessoa, e passemos a "perguntar a perspectiva" delas. Não tente adivinhar o que o outro está sentindo, perguntar é uma tarefa mais fácil, que lhe trará mais precisão nos julgamentos e menos decepção em seus relacionamentos.
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Um grande abraço,
Luiz Gaziri
Professor de Pós-Graduação na Unicamp e FAE Business School
Autor de "A Ciência da Felicidade", "A Arte de Enganar a Si Mesmo", "A Incrível Ciência das Vendas" e "Os Sete Princípios da Felicidade."
Contato Para Palestras | (41) 99103 2700
REFERÊNCIAS
Gilovich, T., Savitsky, K., & Medvec, V. H. (1998). The illusion of transparency: biased assessments of others' ability to read one's emotional states. Journal of personality and social psychology, 75(2), 332.
IDIC REPRESENTAÇÕES -TRUMPF MAQUINAS -ERGOMAT TORNOS AUTOMÁTICOS
3 mGrandw Luiz Este seu post me fez lembrar que voce e um excelente churrasqueiro Grande Abraco
Profissional independente de Softwares
3 mMuito interessante... isto vem de encontro ao q sempre observei em relacionamentos pessoais, incluindo o meu obviamente.. o parceiro e/ou a parceira imagina q vc deveria saber o q ela e/ou ele quer ou sente em determinado momento, cobrando posteriormente uma esperada reação, comportamento ou atitude q vc sequer imagina. E é isto ocorre tb profissionalmente. Por isto a importancia de sermos transparentes "de fato" ou seja, comunicarmo-nos através da forma que nos é mais natural: a fala. E observarmos se a msg foi recebida corretamente. Se não o foi, repertirmos até q aquilo q desejamos passar seja entendido...