Petrobras ainda esbarra em falta de transparência e dificulta previsibilidade
A companhia tem se esforçado para cumprir metas, mas continua sendo impactada por eventos não recorrentes, observou o diretor financeiro e de relações com investidores, Ivan Monteiro
A Petrobras ainda não conseguiu melhorar a transparência, dizem analistas que acompanham a empresa. Apesar das tentativas de dar maior previsibilidade sobre o desempenho, eventos não recorrentes continuam dificultando a melhora nos resultados.
Segundo o diretor da área financeira e de relacionamento com investidores da estatal, Ivan Monteiro, a empresa tem se esforçado para cumprir as metas apresentadas ao mercado. “Tem um conjunto de ações que fazem com que tenhamos maior previsibilidade, mas não nos sentimos totalmente confortáveis, porque ainda temos eventos não recorrentes”, reconheceu o executivo, em apresentação para jornalistas na quinta-feira (12).
A preocupação com o impacto desses eventos no desempenho da companhia também foi destacada pelos analistas do banco Credit Suisse, Andre Natal e Regis Cardoso, em relatório. Eles ressaltaram potenciais passivos ainda não provisionados pela petroleira e despesas com juros e variações cambiais, que têm ofuscado os resultados nos últimos trimestres. “Achamos que está ficando cada vez mais e mais difícil de visualizar a última linha [resultado líquido no balanço] da Petrobras.”
No primeiro trimestre, a estatal registrou prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 1,246 bilhão, contra lucro líquido de R$ 5,33 bilhões um ano antes. A companhia atribuiu parte do prejuízo às despesas com juros e variações cambiais, ambos eventos não recorrentes. Anteriormente, no quarto trimestre, a previsão de queda nos preços do petróleo provocou um efeito impairment acima do esperado.
“Está cada vez mais complicado prever o que virá na sequência, porque a cada trimestre temos um evento diferente, que nos leva a não esperar nada melhor na linha final do balanço [resultado líquido]”, comentou o analista da corretora Coinvalores, Bruno Piagentini.
Analistas do Bank of America Merrill Lynch, Frank McGann e Vicente Falanga Neto também observaram dificuldades em estimar o resultado da companhia. “Existem preocupações com volatilidade, tanto para preços do petróleo, a política e a incerteza relacionada a potenciais efeitos negativos das ações de classe nos Estados Unidos e investigações em curso no Brasil”, citou a dupla, em relatório ao mercado.
O alto endividamento da companhia, além das despesas com o pagamento de juros, também está no radar dos especialistas. A estatal encerrou o primeiro trimestre com uma dívida líquida equivalente a 5,03 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, depreciações e amortizações) no período, que foi de R$ 21,091 bilhões. No último trimestre do ano passado essa relação era de 5,31 vezes.
Embora o número sinalize a redução da dívida, a alavancagem da companhia continua acima do ideal, observam os especialistas. “Houve redução do endividamento. Mas ainda está acima do patamar confortável de no máximo 4,5 vezes”, afirmou o economista-chefe da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
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Reportagem publicada originalmente no Jornal DCI no dia 16/05/2016.