“Petrobras não pode ser como o filho drogado que chama o pai quando é preso”, diz conselheiro

“Petrobras não pode ser como o filho drogado que chama o pai quando é preso”, diz conselheiro

POR JOÃO SANDRINI  EM PETROBRAS   16 set, 2016 15h59

Guilherme Affonso Ferreira, membro do conselho de administração da Petrobras, diz que a estatal já está aprendendo a resolver seus problemas sozinha e que não deve precisar de uma nova capitalização do governo

(SÃO PAULO) – Guilherme Affonso Ferreira, um dos membros do conselho de administração da Petrobras indicados pelos acionistas minoritários, acredita que a Petrobras será capaz de resolver seus problemas sem ter de pedir ajuda ao seu controlador, o governo federal. Durante o lançamento do livro “Fora da Curva”, que aconteceu nesta semana no Insper, em São Paulo, Ferreira, que é um dos maiores investidores da Bovespa, disse que não concorda com a opinião de dois dos maiores gestores de fundo do Brasil: Luis Stuhlberger, da Verde Asset, e Arminio Fraga, da Gávea.

“O Stuhlberger e o Arminio já disseram em entrevista que acham que a Petrobras vai precisar de um aporte do governo em uma nova capitalização. Eu discordo. A Petrobras não pode ser como um filho drogado que chama o pai sempre que vai preso. Eu acho que a empresa já está aprendendo a resolver sua vida sozinha.” Stuhlberger estava presente no evento, mas, da plateia, não emitiu opinião.

Com um endividamento gigantesco, a Petrobras está tomando diversas medidas para tentar equalizar sua estrutura de capital sem ter de pedir aos acionistas que injetem mais dinheiro na companhia. Entre essas medidas, está um corte drástico nos investimentos.

O mercado espera que a empresa divulgue na próxima semana seu plano de negócios para o período 2017-2021. Para os analistas do Santander, por exemplo, os investimentos de 2016 devem ser reduzidos para algo em torno de US$ 15 bilhões, contra previsão de US$ 17 bilhões feita pela companhia em agosto.

Apesar de ainda serem volumosos, os investimentos já são bem menores que no passado. Nessa década a empresa já chegou a investir mais de US$ 40 bilhões em um único ano. Como isso era duas vezes e meia sua geração de caixa, patamares assim só podiam ser sustentados com a tomada de novas dívidas. “Agora a empresa já caminha para financiar seus investimentos com a própria geração de caixa”, disse Ferreira.

Outros sinais de que a empresa está mudando de patamar em termos de gestão é que o quadro de pessoal está sendo reduzido e os preços dos combustíveis continuam acima dos praticados no mercado internacional. Após diversos escândalos de corrupção que abalaram a imagem da estatal no mundo todo, Ferreira manifestou confiança na administração atual da companhia. “Estou na Petrobras desde abril de 2015. Não vi nada de errado sendo feito lá.”

Ferreira participou de debate do lançamento do livro “Fora da Curva”, escrito por Florian Bartunek, sócio da gestora de fundos Constellation; Giuliana Napolitano, editora da revista Exame; e Pierre Moreau, sócio-fundador da Moreau Advogados. Durante o lançamento, os três participaram de um debate que contou também com a presença de Ferreira e de Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central.

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