Entenda como se deu a capitalização da Petrobras em 2010, sem que o Governo, acionista controlador desembolsasse um centavo sequer.

Entenda como se deu a capitalização da Petrobras em 2010, sem que o Governo, acionista controlador desembolsasse um centavo sequer.

O famoso "IPO" - Uma Oferta Pública Inicial (do termo em inglês - Initial Public Offering) é o processo no qual uma determinada empresa decide abrir capital publicamente para vender parte de suas ações pela primeira vez. Na verdade, o que ocorreu foi um aumento de capital - "capital increase of the company".

Em 2010, a necessidade de investimentos da Petrobras, até 2014, era de US$ 220 bilhões, de acordo com estimativas da própria companhia.

 Ao mesmo tempo, a empresa brasileira – que já vinha acelerando seus investimentos – estava tendo de lidar com uma forte dívida, que chegou a R$ 118,4 bilhões em junho. Esse valor já equivalia a 34% do patrimônio, o que estava muito próximo do teto estipulado pela empresa, que era de 35%.

 Sem poder se endividar mais, a empresa optou pela capitalização. A previsão era de que, com a operação, a petrolífera brasileira pudesse arrecadar até R$ 130 bilhões. 

 Então, o governo teve a ideia de capitalizar a Petrobras. Mas o governo não tinha dinheiro. O pré-sal embutia uma expectativa de produção estimada de  5 bilhões de barris, em reservas.

 A ideia foi que o governo cedesse os cinco bilhões de barris de petróleo à Petrobras, que em troca, entregaria ao governo títulos da dívida pública, que por sua vez, já teria recebidos da União, durante o processo de capitalização.

 O barril foi precificado a US $ 8,51.

 Ou seja, o governo não desembolsou um centavo sequer.

 A capitalização (ou aumento de capital) é um processo comum entre as companhias de capital aberto que por algum motivo precisam de mais recursos.

 Uma alternativa à capitalização, por exemplo, seria o endividamento junto ao sistema bancário. Em alguns casos, no entanto, a empresa pode não achar conveniente aumentar seu nível de dívida.

 No caso da capitalização, a empresa coloca novas ações à venda no mercado. O capital arrecadado com a venda desses papéis daria fôlego para novos investimentos.

 Como principal acionista da Petrobras é o governo federal, este teria de desembolsar uma grande quantia de dinheiro para participar do aumento de capital da empresa, na proporção de sua participação acionária. Em vez de lançar mão desse montante, o que seria inviável do ponto de vista fiscal, governo decidiu usar outro tipo de moeda: o petróleo da camada pré-sal, que pertence a União e ainda não estava explorado. Mas, a legislação não permite usar expectativa de produção como moeda, daí a ideia de usar títulos da dívida pública equivalente a 5 bilhões de barris a US $ 8,51, o barril.

 O resultado dessa operação era que o governo poderia manter (ou até ampliar) sua participação no capital da Petrobras, sem gastar dinheiro ou títulos públicos, porque a Petrobras comprou essa expectativa de produção com os títulos recebidos do governo, numa operação casada.

 Os novos papéis (ações) foram oferecidos primeiro aos acionistas minoritários. Se eles adquirissem toda a parte colocada a sua disposição, estariam mantendo sua participação na Petrobras, na mesma proporção anterior a capitalização.

 Mas o que não foi adquirindo, pelos acionistas minoritários foi vendido na bolsa de valores.

 A Petrobras divulgou naquela quinta-feira, 23/09/2010, ter arrecadado R$ 120,36 bilhões, em sua capitalização. Essa operação foi usada para arrecadar fundos para investimento na exploração da camada pré-sal.

 Em dólares, pelo câmbio daquela época, a capitalização atingiu cerca de US$ 70 bilhões e fez com que o processo se tornasse o maior do mundo. 

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