Plataforma: a revolução estratégica - Geoffrey Parker
As tradicionais formas de mensuração do sucesso de uma empresa tornaram-se obsoletas. As plataformas são modelos de negócios que utilizam a tecnologia para conectar pessoas, organizações e recursos em um ecossistema interativo, criando e trocando valor. Os autores focaram nelas para compreender por que algumas têm sucesso e outras sucumbem.
As plataformas superam as empresas tradicionais e eliminam portões ineficientes (gatekeepers), como quando filtram livros ou filmes de maior valor para um cliente específico (ferramentas baseadas em dados criam ciclos de feedback tornando isso possível). Elas expandem o negócio sem a necessidade de capital, como no caso do Airbnb.
As plataformas invertem os papéis da empresa, concentrando-se cada vez mais em pessoas e recursos fora da organização (marketing, tecnologia da informação, ou TI, operações e estratégia), por exemplo, quando nos preocupamos não apenas com a transmissão, mas com a segmentação, viralização ou influência social.
Os efeitos de rede ajudam a dar valor à plataforma, como no caso da Threadless, uma empresa especializada em TI, web design e consultoria que produz camisetas, promovendo concursos semanais. Os vencedores promovem seus próprios desenhos, e os clientes que votam já indicam a quantidade de camisetas que comprarão, evitando ineficiências e excesso de estoque, facilitando o escalonamento.
Para reduzir os efeitos negativos, é necessário uma boa curadoria na plataforma, como no caso de uma plataforma de encontros que tenha mais homens do que mulheres, criando efeitos cíclicos de feedback.
Uma equipe de consultoria da Deloitte dividiu as empresas em quatro tipos de ativos: criadores de produtos (Ford e Walmart), prestadores de serviços (United Health Care), criadores de tecnologia (Microsoft) e orquestradores de rede. Das quatro, as administradoras de rede são de longe as que criam mais eficiência; o multiplicador de mercado é de 2,0 para as construtoras de ativos, 2,6 para as de serviço, 4,8 para as criadoras de tecnologia e 8,2 para as orquestradoras de rede. As atividades internas são transferidas para uma comunidade de produtores e consumidores externos; a gestão de externalidades se torna essencial para a liderança.
A troca de informações pode ocorrer por meio da troca de informações, de bens e serviços, de moeda (neste caso, existe um pagamento em transações internas nas plataformas).
A plataforma precisa atrair produtores e consumidores para a interação, facilitar as interações com ferramentas e regras, estimulando trocas importantes e pareá-los de maneira eficiente. Para atrair, a plataforma precisa ter vários ciclos de feedback para analisar a atividade do usuário, conhecer seus interesses, preferências e necessidades.
Uma plataforma ideal pode oferecer o básico central, estável e bem desenhado que restringe a variedade envolvida por uma camada em expansão, com programas especificamente desenvolvidos. A plataforma deve reconfigurar o controle de qualidade por meio da curadoria orientada pela comunidade, alimentando o comportamento desejável e desestimulando o indesejável, eliminando-os.
Em vários setores, as plataformas têm repetidamente intermediado mercados, em vez de eliminar camadas de participantes, empoderando muitas vezes intermediários pequenos e ágeis em detrimento de grandes e ineficientes. Podemos pensar em quais processos gerenciados internamente podem ser delegados para parceiros externos, criando produtos e serviços com novas formas de valor, e como, com o fluxo de informações das ferramentas, podemos incrementar valor.
Para sobreviver, as empresas tradicionais devem construir seus próprios ecossistemas de criação de valor, como a Nike fez com aplicativos de esportes e condicionamento físico.
Existem estratégias para lançar uma plataforma:
Na hora de monetizar, cobrar pelo uso da plataforma de maneira geral não é uma boa ideia. Algumas sugestões do autor:
Quanto a quem deve ser cobrado, podem ser todos os usuários, cobrar de um lado para subsidiar o outro, cobrar a maioria para subsidiar as estrelas (uma marca famosa, por exemplo), cobrança de alguns para subsidiar usuários sensíveis a preço.
Uma caminhada bem-sucedida de plataforma deve levar esses pontos em consideração:
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Em relação à abertura da plataforma, como haver ou não restrições para o seu desenvolvimento, comercialização ou uso, com frequência elas devem amadurecer e evoluir para uma maior abertura.
A Governança é necessária porque os mercados livres estão propensos a falhas causadas por assimetrias de informações, externalidades, poder do monopólio e risco. Ferramentas de governança devem ser as leis (dando feedback rápido para definir o bom comportamento), normas, arquitetura (programação, prevenindo e corrigindo falhas do mercado, por exemplo) e mercados (moeda social como valor mais importante, como fama).
Nas métricas das plataformas, podemos medir aspectos equivocados, uma vez que os indicadores de empresas tradicionais podem diferir consideravelmente. Ter o nome ou e-mail em uma plataforma não garante nada; a verdadeira medida de sucesso reside na atividade, avaliando o índice de sucesso de uma interação e os fatores que contribuem para isso. As métricas mais cruciais para a plataforma são aquelas que quantificam o êxito em promover a repetição sustentável das interações desejáveis.
Na fase inicial do negócio, é imperativo aprimorar o desempenho, focando na liquidez, na qualidade do pareamento e na confiança. A liquidez é um estado no qual há um mínimo de consumidores e produtores, com uma alta porcentagem de interações bem-sucedidas. Uma forma de avaliar a liquidez é considerar a porcentagem de admissões que resultam em interações em um determinado período. Também podemos avaliar a proporção de usuários ativos em relação ao número total de inscritos no sistema.
O pareamento refere-se à precisão do algoritmo de busca das ferramentas de navegação oferecidas aos usuários que procuram com quem podem interagir e criar valor, alcançada pela curadoria do serviço. Podemos, por exemplo, avaliar a taxa de conversão de vendas ou verificar se as pessoas que interagem pelo menos 40% nas primeiras semanas têm maior probabilidade de interagir nos próximos 3 meses.
A confiança diz respeito ao grau de conforto de um usuário ao risco de interagir na plataforma. Na fase de crescimento, a proteção pode estar no equilíbrio entre o número de consumidores e produtores, na frequência de participação do produtor e nos resultados alcançados. Do lado do consumidor, podem ser consideradas a frequência de consumo, as buscas e as taxas de conversão de vendas.
Na fase de maturidade, é essencial estimular a inovação e facilitar a alocação de recursos. Na inovação, é necessário incorporar à plataforma múltiplas soluções para o mesmo problema e detectar ameaças estratégicas dos concorrentes.
Em um mundo onde a vantagem sustentada é uma ilusão, os relacionamentos da empresa com os clientes são sua única fonte duradoura de valor. Dentro do ecossistema, a competição pode ocorrer na forma de plataforma x plataforma, plataforma x parceiro, parceiro x parceiro. Uma estratégia vencedora obscurece os limites dos participantes do mercado, aumentando as interações valiosas do sistema.
As plataformas podem competir por:
Uma vantagem sustentada (o vencedor leva tudo) ocorre quando:
Alguns negócios podem ter mais potencial para a plataforma em setores:
A revolução da plataforma transformará nosso mundo de maneiras imprevisíveis, convocando a sociedade como um todo a responder de forma criativa aos desafios produzidos pelas mudanças.