Plataformas de streaming podem gerar renda para creators? E creators podem ser bons agentes de marketing para as plataformas de streaming?
Assino quatro plataformas de streaming. O uso depende basicamente do contexto - família ou individual - e do título, quando existe um específico. E para mim, o problema começa aí. Quando você tem tempo, mas não tem nada definido para assistir. Nesse momento tem início a temporada de caça por algo interessante. E por mais assertivo que sejam os algoritmos e a classificação dos títulos bem feita, o trabalho de encontrar algo interessante existe, não é fácil e muitas vezes é frustrante. Essa é uma dor do usuário.
Pelo lado das plataformas, o foco é a aquisição, engajamento e retenção dos usuários. Claro! Sem falar na necessidade de diversificar a receita com a oferta de planos básicos com publicidade, venda de títulos avulsos e bundles com frete grátis. Além disso, novos entrantes como o Mercado Play, serviço de streaming que estará disponível em breve para todos os usuários do Mercado Livre Livre na América Latina sempre aumentam a competição por uma parte da carteira dos usuários. Portanto, se manter atrativa para os usuários e financeiramente rentável são os principais desafios das plataformas.
Será que dá para facilitar a vida dos usuários de forma alinhada aos desafios das plataformas? Essa foi a pergunta base que me fiz para responder a uma dinâmica da qual participei.
Meu ponto de partida foi a dor do usuário. Como achar rapidamente um título com alta chance de agradar? A primeira coisa que me veio à cabeça foi o meu próprio comportamento como usuário. Não perca tempo procurando na plataforma! Vai no Google e pesquise: "melhores filmes para ver em família" ou "melhores séries policiais na plataforma W ( agora não dá mais para usar X por conta do Elon Musk). Fiz isso das últimas vezes e obtive sucesso com o meu público. E como nada no mundo digital fica em segredo, comecei a ser exposto nas redes sociais a conteúdos de influenciadores exatamente com esse tipo de informação. Mas aí tem outra coisa chata. Ver o vídeo - por mais curto que seja - duas ou três vezes para pegar o nome do filme/série e adicionar a sua lista de favoritos na plataforma G, D ou N. Tá, e o que isso mexe nos ponteiros de aquisição, engajamento e retenção? Nada.
Aí eu comecei pensar em outro cenário muito comum. No chopp, reunião de família, no cafezinho, a recomendação de títulos é um assunto recorrente. Todo mundo se vangloria de indicar um bom título. Mas as plataformas, por seu modelo de negócio, são praticamente 100% fechadas. A única maneira de experimentar é via trial já com cartão de crédito cadastrado ou eventuais conteúdos gratuitos.
Então me perguntei se havia uma maneira de juntar e amenizar as dores dos usuários e os desafios das plataformas. Cheguei às seguintes hipóteses ( escuta até o final antes de dizer que já existe).
1. Melhorar e organizar a área de conteúdos já consumidos pelos assinantes facilitaria e aumentaria as indicações de títulos?
2. A lista de títulos organizada aumentaria a quantidade de títulos avaliados pelos usuários?
3. Quantos usuários deixariam suas listas de títulos consumidos públicos? Existe um preço para isso? Oferecer descontos para quem deixar a lista pública pode ser um instrumento de retenção?
4. Permitir que as listas sejam avaliadas identificaria possíveis usuários com capacidade de influenciar o consumo dos outros?
5. Os usuários com melhor avaliação poderiam ser classificados e os melhores receberiam um "selo" para usar nas redes sociais para identificá-los como referência?
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6. Além do "selo", os usuários poderiam ter acesso a um link específico para divulgar nos seus perfis sociais as suas listas de filmes e atrair novos assinantes para as plataformas?
7. O volume de assinaturas geradas por esses usuários-referência poderia gerar uma remuneração?
São muitas hipóteses. E como eu disse, isso foi resultado de um exercício que me propus a fazer durante uma dinâmica. Lembra? A segunda parte da dinâmica era relacionada a planejamento e métricas. Por onde começar a implementar essas hipóteses e como medir a eficácia de cada uma? Meu plano foi:
Se esses indicadores forem positivos, realizaria uma pesquisa simples para identificar o percentual de usuários que gostaria de deixar sua lista pública. Caso o percentual de respostas positivas atingisse um volume de pelo menos, 5% eu desenvolveria essa funcionalidade, a avaliação das listas e o ranking das melhor avaliadas.
Com o público que deixou a lista pública rodaria uma segunda pesquisa para avaliar a questão do "selo" de especialista e do link para assinaturas com modelo de remuneração.
É importante destacar que as listas públicas poderiam ser acessadas por não assinantes e exibir trailers de alguns títulos. Tornando-se peças de divulgação do catálogo e também landing pages para assinaturas.
Em paralelo, para validar, definir regras, volumes e valores avaliaria junto com as áreas de negócio um modelo comparativo do CAC* do marketing tradicional x CAC via listas públicas com link para assinatura.
* custo de aquisição de clientes
Obs. Netflix e Globoplay estão desenvolvendo as áreas "Minha Netflix e "Meu Globoplay" que podem ser bons ambientes de testes para essas hipóteses.
Líder Técnico | Especialista em Tecnologia e Inovação | Gestão de equipes | Engenharia de Software | Inovação | Tecnologias Emergentes
1 aMuito boa a análise Marcio Tristão. Me lembrou o mecanismo de playlist do Spotify onde alguns usuários exploram a monetização da mesma. E ainda tem o recurso de preview das músicas para os não assinantes.