Podcasts e a redenção da narrativa
Estranho mundo pós-moderno.
Que nos afoga num fetiche cada vez maior pela tecnologia com seus chats, IAs e outras bossas.
Ao mesmo tempo, como não poderia deixar de ser num mundo tão complexo, apresenta outros formatos que nos remetem a tempo mais antigos, a outras formas de pensar e de nos comunicarmos.
Nos últimos dias acompanhei com atenção o Seminário Audio Series - Modo de Usar. Foi organizado por Thiago Pavarino e Zico Goes, pessoas do mercado audiovisual, mas que resolveram criar esse painel para discutir questões envolvendo a produção de podcasts de ficção no Brasil. Uma prática ainda pequena num mercado em franco desenvolvimento.
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A produção e consumo de podcasts têm vivido uma fase de forte crescimento no país. Segundo levantamento da ABPOD, a audiência já chegou a casa de 30 milhões no país e, como gostam de dizer os Farialimers, o viés é de alta.
É ainda um mercado em formação. A maioria dos podcasts é o exército de um homem só. Apenas 2,6% dos entrevistados daquela pesquisa dizem viver apenas da renda dos podcasts que produzem. Ainda não há uma formatação precisa sobre o modo a monetização desses produtos. Enfim, é um grande campo aberto, onde os custos são baixos, as possibilidades amplas e os grandes do mercado de comunicação ainda não despertaram completamente para as possibilidades.
Eu passei a ter um contato mais amplo com podcasts há pouco tempo. Sou um jornalista/pesquisador ligado à Televisão e tinha um certo estranhamento em relação a algo sem imagens. Mas fui capturado por um outro fator. Esse universo de redes sociais que vivemos foi transformando o modo como contamos histórias. Existe uma clara crise nas narrativas. É tudo muito fragmentado, sem um fio de meada que possamos seguir e nós envolver.
E o podcast, esse herdeiro do rádio, vem conseguindo suprie essa ausência. Ali, especialmente nos formatos storytelling, vivemos aquelas histórias que são contadas. A força da narração, dos efeitos sonoros, da construção em nosso imaginário de personagens e momentos, tudo isso, somado ao fator companheiro que as mídias de áudio sempre tiveram. Estamos em nosso dia a dia sendo envolvidos a partir da audição. Na minha opinião, recupera um pouco de uma humanidade perdida num mundo que se divide em bolhas e se combate diariamente num espiral de ódio e pouca inspiração.
Client Financial Mgmt Specialist | LATAM | FP&A
1 aEu tenho uma ideia de podcast, posso vender pra vc… 😉
Especialista em Comunicação Corporativa | 25 anos de experiência em conteúdo institucional | Sócio da Luge Comunicação
1 aRapaz, não sei se ajudará a retomarmos um sentido maior de humanidade, mas concordo inteiramente que se trata de uma alternativa às crises narrativas. Quando nos formamos em jornalismo, o rádio era espaço de superficialidade; os jornais, da notícia com mais detalhes; e as revistas, de aprofundamento. Como tudo isso se dissipou, os podcasts, nossos bons e velhos programas radiofônicos, acabaram ocupando o lugar das revistas e oferecendo um mergulho sobre temas que os parágrafos do Google apenas tangenciam.