A Política Fiscal do Abismo

A Política Fiscal do Abismo

Quero partir do princípio de que a maioria tem a consciência da importância dos impostos, para a sustentabilidade e futuro de um Estado. Civilizações antigas como a do Egito, mas impressionantemente desenvolvidas para a época, já levavam esta coisa da receita fiscal muito a sério. Mesmo no dia da morte de algum faraó, o sistema de arrecadação de impostos não parava. Atualmente acontece a mesma coisa, como tem de ser.

Atualmente Portugal está-se a ver à “rasca” para manter um sistema de arrecadação fiscal sustentável, justo e equilibrado. As empresas são o motor da economia de qualquer país, o que era de esperar que Portugal adotasse medidas de benchmarking e diminui-se a taxa efetiva de IRC, para de uma certa forma, atrair Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e tentar competir com outros Estados a nível fiscal e por sua vez económico. Quero com isto dizer que estamos sempre um passo atrás das outras grandes nações europeias, o que me parece errado e não fundamentado.

Ora, se as empresas são o principal motor da economia de qualquer país, e são as pessoas parte integral das empresas, a carga fiscal sobre o rendimento singular é desproporcional de acordo com os salários que são praticados em território nacional. O que acaba por mexer naturalmente com a cultura social de um país. Isto porque, toda a gente que paga impostos está à espera por parte do Estado de uma boa prestação de serviços públicos, na saúde, na segurança, na assistência social, etc. Isto não acontece, e voltando à questão cultural, está tudo interligado, pois fomenta por parte da sociedade as práticas de fraude fiscal, branqueamento de capitais, desmotivação no trabalho, greves e mais greves e perda de talento nacional reconhecido internacionalmente. Pegando neste último ponto, se nós próprios não somos capazes de reter os que podem dar um contributo positivo para a sociedade, também não podemos exigir muito mais dos serviços públicos, e até privados. Vivemos numa espécie de paradoxo social.

Outro problema sério e que parece que ninguém está a dar muita importância (para já), é o facto de que somos um país com uma das taxas de natalidade mais baixas da Europa e do mundo, o que se prevê que daqui a 40, 50 anos, não tenhamos dinheiro suficiente para pagar todas as pensões. Isto se revelará um problema para todos nós, e quem não agir proativamente poderá enfrentar problemas agudos no futuro, como por exemplo, trabalhar para sempre.

Infelizmente é um paradigma inevitável, se o Estado português não repensar a forma como gere a sua política fiscal, que neste momento nos leva a todos para o abismo, em todos os sentidos.

Nunca é demais dizer que isto é apenas a minha humilde visão, sobre a sociedade e sobre o mundo. Obrigado a todos pelo o interesse! 

“Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara” José Saramago

Parabéns pelo texto, está muito bem explícito para qualquer pessoa entender, quer perceba de política quer não perceba. Ótimo trabalho, mais um vez parabéns 👏🏻

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