A Política – Sem Ideologias
A Política, Formação do Caráter e Educação Como Base Central
A política, como seu próprio significado diz, é a arte ou ciência de se governar, direção ou administração de Estados ou nações, mas ela não se restringe somente a isso, mas em todos os ramos de nossas vidas, financeiras, pessoais, profissionais e empresariais.
Para nos aprofundarmos nas raízes da política, devemos rever um conceito aristotélico, na qual ele dizia: “a política utiliza-se de todas as outras ciências, e todas elas perseguem um determinado bem, o fim que ela persegue pode englobar todos os outros fins, a ponto de este fim ser o bem supremo de todas as criaturas.”
Daí nasce o princípio da moral, que é a regra para se conduzir bem, fundando-se na observação das leis Divinas, a humanidade se conduz bem quando faz tudo em vista e para o bem de todos, princípio primeiro para adoção em caráter, não só político, mas humanitário.
Retirando um trecho do livro A Política, que explica de forma abrangente o dever primário do estado, sendo ele: “Estas preocupações, de como oferecer uma luz ou o bem supremo aos homens, e não apenas agir em nome deles na direção dos negócios públicos, constituem uma grande novidade. Através dela se forma um espaço de presença da política no cotidiano e se abre em terreno a participação política fora do âmbito (espaço que envolve) restrito ao exercício do governo. Coloca a educação, função do Estado, na raiz do processo de crescimento de um povo. Reconhece a família como lugar da primeira infância, mas sendo a educação necessária ao Estado, onde quer que a educação tenha sido descuidada, tem o Estado recebido o golpe fatal. Como o Estado inteiro tem um único solo e um mesmo fim, deve ser a educação uma e idêntica para todos os membros.”
Aristóteles aborda apenas o homem, mas utilizarei a palavra criatura, pois a inclusão social se faz necessária e não se pode deixar ninguém de fora, pois todos farão suas devidas contribuições para a melhora de nossa sociedade.
Aristóteles abordava inúmeros conhecimentos aos seus alunos, incluindo a formação do caráter, que é a formação da personalidade e dizia que quem age com retidão é contemplado com as recompensas e as coisas boas da vida, pois virtudes como o respeito mútuo e admiração uns pelos outros graças a cooperação podiam ser ensinadas nas escolas.
A formação do caráter poderia servir como base de subtítulo para uma compreensão mais concreta, mas o assunto requer cuidados e foi visto pela psicologia como algo bastante abrangente, em poucas palavras, é o conjunto das qualidades, boas ou más de um indivíduo e isso lhe determinam a conduta e a concepção moral.
Aristóteles sempre acreditava em um ponto intermediário, que era o meio entre dois extremos e obrigava seus alunos a passarem por uma série de auto análises, com isso introduzia nesses jovens a consciência de seu posicionamento nas questões de caráter. Ele pregava a prática intensa para que eles adquirissem a máxima sabedoria na hora da tomada de decisões ensinando incessantemente na assertividade das decisões.
Dos ensinamentos extraídos, devemos entender que a formação do caráter pode sim se fazer presente através da educação; a educação não serviria apenas para formar a capacidade intelectual de crianças e jovens, mas também da formação do caráter por meio de técnicas e práticas que devem ser revistas e introduzidas, pois o caráter, aprendemos com exemplos através de atitudes exemplificadas, elevando a moral de cada criatura a agir por meio de tomada de decisões que incluem a moral como parte principal. Muitas vezes aprendemos metodologias de casos para tomada de decisões a todo custo e muitas vezes ignoramos a dimensão moral e estimulam o preparo de profissionais/políticos que dão pouca importância as questões éticas.
A boa educação não pode ser usufruto de apenas uma parcela da sociedade, precisa e deve pertencer a todos, na sua forma mais integral e justa, pois é através de uma base mais fraterna e sociável como essa, que edificaremos uma mudança acolhedora, pois a socialização necessita fazer parte do processo de aprendizado, seguindo a regra do “um por todos e todos por um” e não mais o “cada um por si” que temos hoje.
A criatura política deve ser politizada ainda na infância, afim de conhecer e compreender os caminhos do bem, do trabalho em prol a uma comunidade ou sociedade, lembrando sempre que o conceito de filosofia, a arte do saber, precisa ser implantada, afim de colher jovens mais sábios e com ágil poder de decisão sobre as situações que a vida lhe imporá, influenciando a arte da prática e da observação constante.
A Desunião
A desunião de povos pertencentes a mesma sociedade tem se mostrado tão evidente que chego a colocar um adendo de alguns escritos extraídos do livro Roma A Queda do Império, de Michael Grant, abordado pelo próprio autor antes mesmo de começar a introdução, dando mais foco e destaque pela sua teoria de como Roma caiu e os motivos por detrás de toda a avalanche que se debruçou sobre o império, sendo eles:
“Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar – (Evangelho segundo S. Marcos, 3:24).”
“Dai, pois, as mãos, vós todos, bravos Americanos: unidos prevaleceremos, divididos cairemos. - (John Dickinson, The Liberty Song, Boston Gazette, julho de 1768).”
“Sim, temos mesmo de nos manter todos unidos ou seremos com certeza todos enforcados um a um. - (Benjamin Franklin na declaração de independência dos Estados Unidos da América – 1776).”
“Não podemos continuar a dar-nos ao luxo de nos dividirmos uns contra os outros. - (Políticos Britânicos, 1973 – 75).”
Observando esse breve conceito teórico, passivo de praticidade, nos questionamos o seguinte propósito. Será que se faz necessário uma nação dividida com várias forças se sobrepondo umas às outras, a ponto de abraçar a mesma avalanche que debruçou sobre um dos maiores impérios já conhecido? Ou queremos uma nação unida, que lute apenas pelo bem-estar de nossa sociedade sem colocar seus princípios egoístas (suas vontades) a frente de qualquer decisão que perturbe o bem-estar social e o desenvolvimento de nossa nação?
Chego, em minha opinião, a pensar da mesma forma que o Presbítero Saviano aborda sobre Roma, sendo o primeiro: Ou o Brasil já está morto ou dá seus últimos suspiros; ou em segundo; A maioria dos Brasileiros não tem a imaginação suficiente para perceber o perigo supremo que se encontram, e se por acaso os tem esse discernimento, falta-lhes a coragem para agir em consequência.
O tema desunião, tão frequente nos dias de hoje, é um assunto muito pouco debatido, mas é um tema de extrema importância e que necessita de todos os cuidados, pois, como vimos, é um dos principais problemas enfrentados por uma sociedade, a nossa divisão só nos fará retroceder, e foi talvez o maior fator para o esfacelamento do império romano, assim como outros impérios que foram a pique em virtude de divergência de pensamentos.
As divergências de pensamentos sem o devido respeito entre as partes, geram a divisão dos grupos que, por conseguinte a isso, geram-se as ideologias pelos próprios interesses, deixando os deveres para com o próximo fora de questão.
Com a criação de ideologias, criam-se a desunião, com a criação da desunião, cria-se o caos, porque uma sociedade dividida por ideologias, é uma sociedade propícia a viver em uma total desordem, por isso é importante destruir esse paradigma e começar a trabalhar em prol de uma política totalmente focada em necessidades do que em vontades. As ideologias nascem do próprio orgulho do ser humano, gerando paixões desenfreadas e extremismo, atuar na raiz desse problema, nos levará a outros patamares de como enxergaremos uma sociedade.
A união se faz necessária em todos os aspecto da vida, seja ele no meio político, social e pessoal, o respeito aos direitos de cada um precisa ser posto sempre em evidência para que se estabeleça sempre os limites da razão, aceitar o pensamento do próximo, mesmo que divergente, é dever de todos, porque respeitar o direito é ser justo com o próximo e consigo mesmo.
A desunião sempre nos levará a falência, seja ela no meio político quanto no meio empresarial ou em qualquer ramo de nossa vida, estabelecer meios para se ter um ambiente amigável e favorável, nos trará conforto e uma base mais sólida para progredirmos naquilo que nos propomos como seres humanos.
Criar ambientes na qual o interesse público venha sempre como prioridade, fará com que o político trabalhe sempre em prol a uma determinada região a depender de sua jurisdição, dando-lhe créditos para continuar sempre a trabalhar pelo progresso.
Servidão e Liderança
Antes de entendermos o conceito do título, é preciso entender o conceito de aristocracia, cujo nome se origina do grego “aristos” o melhor, e “Kratus” poder, a aristocracia e sua acepção literária, significa, Poder dos Melhores. Convir-se-á que o sentido primitivo, foi, por vezes, singularmente desviado, mas para isso, tomemos as coisas desde o ponto de partida para melhor compreendê-la, através das idades, para se dela deduzir, o que ocorre hoje.
Em nenhum tempo, nem em um povo, os homens em sociedade puderam abster-se de chefes; são encontrados entre os povos mais selvagens. Isso se prende a que, em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda a parte homens incapazes que é preciso dirigir, fracos que é necessário proteger, paixões que é preciso comprimir; daí a necessidade de uma autoridade.
Sabe-se que, nas sociedades primitivas, essa autoridade foi deferida aso chefes de família, aos anciões, aos velhos, em uma palavra, aos patriarcas, essa foi a primeira de todas as aristocracias.
Com o aumento da sociedade, a autoridade patriarcal ficou cada vez mais impossibilitada em certas circunstâncias. As desavenças entre populações vizinhas ocasionaram os combates, foi então precisa para dirigi-las não de velhos, mas de homens fortes, vigorosos e inteligentes, daí os chefes militares. Vitoriosos esses chefes, se lhes conferia a autoridade, esperando encontrar em sua bravura, uma garantia contra os ataques dos inimigos, muitos, abusando de sua posição, dela se apoderaram eles mesmos, depois, os vencedores se impuseram aos vencidos, ou os reduziram a servidão, daí a autoridade da força bruta, que foi a segunda aristocracia.
Os fortes, com seus bens, transmitiram, muito naturalmente, sua autoridade aos seus filhos, e os fracos sob compressão, não ousando nada a dizer, se habituaram, pouco a pouco, a considerar estes como os herdeiros dos direitos conquistados pelos seus pais, e como seus superiores, daí deu-se a divisão da sociedade em duas classes, os superiores e os inferiores, aqueles que mandam e aqueles que obedecem, daí por consequente, a aristocracia por consequência, a aristocracia de nascimento, que se torna tão poderosa e tão preponderante quanto a da força, porque ela não tinha força por si mesma, como nos primeiros tempos em que era preciso pagar por sua pessoa, ela dispunha de uma força mercenária. Tendo todo o poder, se dava, naturalmente, privilégios.
Para a conservação desses privilégios, era preciso lhe dar o prestígio da legalidade, e ela fez as leis em seu proveito, o que lhe era fácil, uma vez que só elas a fazia. Isso não era sempre suficiente, deu-se o prestígio do direito divino, para torná-las respeitáveis e invioláveis. Para assegurar o respeito da parte da classe submissa que se tornava mais numerosa, e mais difícil de contentar, mesmo pela força, não havia senão um meio, impedi-las de ver claro, quer dizer, mantê-la na ignorância.
Se a classe superior tivesse podido nutrir a classe inferior sem nada fazer, a teria facilmente dominado por muito tempo ainda, mas como esta era obrigada a trabalhar para viver, e trabalhar tanto mais quanto era oprimida, disso resultou que a necessidade de encontrar sem cessar, novos recursos, se lutar contra uma concorrência invasora, de procurar novos mercados para os produtos, desenvolveu a sua inteligência, e ela esclareceu pelas mesmas causas das quais se serviu para sujeitá-la.
A classe submissa, portanto, viu claro, viu a pouca consistência do prestígio que se lhe opunha, e sentindo-se forte pelo número, aboliu os privilégios e proclamou a igualdade diante da lei. Esse princípio marcou, em certos povos, o fim do reino da aristocracia de nascimento, que não é mais do que nominal e honorífica, uma vez que ela não confere mais direitos legais.
Um novo poder se levantou, o do dinheiro, porque com dinheiro dispõe de homens e de coisas, era um sol diante do qual se inclinava, como outrora se inclinava diante de um brasão, e mais baixo ainda. O que não se concedia mais ao título, se concedia à fortuna, e a fortuna teve seus privilégios iguais. Mas, então, percebeu-se que, se para fazer fortuna é preciso de uma dose de inteligência, não era preciso tanto para herdá-la, e que os filhos são frequentemente, mais hábeis para comer do que para ganhar, que os próprios meios de se enriquecer, nem sempre são irrepreensíveis, disso resultou que o dinheiro perdeu, pouco a pouco, seu prestígio moral, e que essa força, tende-se a substituir por outro poder, uma outra aristocracia mais justa, a da inteligência, diante da qual todos podem se inclinar sem se humilhar, porque ela pertence tanto ao rico como ao pobre.
A concepção de liderança vem exatamente da aristocracia, pois mesmo nos dias de hoje, se é necessário a presença de um líder, por isso escolhemos políticos para nos dirigir e governar.
Como todo grande poder é imprimido uma enorme responsabilidade, quanto maior o cargo a ser ocupado para se dirigir uma quantidade de pessoas, maior são as responsabilidades existentes sobre o líder.
Para ser um verdadeiro líder, o político precisa obter a autoridade, que nada mais é do que a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que ele quer por causa de sua influência pessoal, mas para adquirir essa autoridade, necessita criar hábitos, e a maior deles é a servidão. Isso mesmo, a servidão é o principal atributo que o um líder tem que ter ou desenvolver, e isso utilizando-se, pouco ou quase nada, o poder que lhe é demandado, pois o poder é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.
Um verdadeiro líder que serve seu povo ao único propósito de os quererem bem e progredirem sempre, tem diversas qualidades, compactando todas elas, chegamos a estas seis, sendo elas: Servidão, Sabedoria, Credibilidade, Benevolência, Coragem e Retidão.
O político deve identificar a diferença entre necessidade e vontade, partindo dessa máxima, pode-se então verificar a necessidade de um povo e agir prontamente em cima dela, pois o compromisso é com as necessidades e não com as vontades. Vontades vem do egoísmo, necessidade vem da sobrevivência. Com a evolução da tecnologia, muitas são as necessidades do povo para progredir e o líder ter que estar sempre atento a estas transformações.
O político verdadeiro necessita sempre ser vigilante e respeitar a todos sem distinção, tratando-os como gostaria de ser tratado, criando os meios necessários para fornecer a população sempre o mesmo ponto de partida, a depender de cada um, seu crescimento pessoal.
Política Única
A política é única, os meios para se chegar até ela é que são diferentes, a divergência de pensamentos que englobam a política são apenas os degraus para se chegar até ela em sua plenitude, assim como funciona as religiões, que trabalham a fé cristão, também é única, sua base é sólida, mas os meios a se chegar até ela também são diferentes, e com base nessa divergência criou-se o velho ditado, que política e religião não se discute.
Realmente política e religião não se discute se olharmos do ponto de vista ideológico, se olharmos ambas como únicas, a política como o meio de se perpetuar o bem de todos, visando necessidades e não vontades e a religião como trabalho na fé para o conforto espiritual da própria criatura, ambas não serão discutidas mas sim implantadas progressivamente até seu entendimento concreto, onde a aliança das pessoas em torno dela à tornará cada vez melhor.
A partir do momento em que todos compreenderem o verdadeiro significado da política e atuarem em cima das necessidades de todos, o pensamento mudará e caminharemos para um grande sistema de melhorias, trazendo educação, tranquilidade, segurança, paz e justiça a todos os habitantes, tornando o bem estar que tanto almejamos, uma realidade que será palpável a todos.
A divergência de pensamentos ainda continuará a existir, mas a partir do momento em que todos trabalharem em prol do bem estar social como um todo, a utopia do mundo perfeito começará a existir e mais um paradigma se quebrará, o respeito ao direito de todos trará uma justiça mais forte e justa.
Todos nós temos sonhos, mas só conseguiremos alcança-lo quando o Estado nos proporcionar condições iguais e um ponto de partida idêntico para com todos, o esforço e a dedicação de cada criatura a partir dessa prerrogativa, nos permitirá alcançar nossas realizações sem que elas prejudiquem o próximo.
Criar ambientes favoráveis, prósperos e fraternos, permitirá a felicidade e alegria, pois em trabalhos como liderança, que diz que o líder deve criar ambiente agradável para o trabalho, permitirá a ele um clima na qual as pessoas sintam-se orgulhosas em fazer parte daquele time e o progresso e a conquista das metas estabelecidas virão como consequência desse trabalho realizado pelo líder, na política é a mesma coisa, a criação desse ambiente em todas as esferas da sociedade, permitirá ao político o progresso daqueles que depositaram nele a confiança da governabilidade e é a partir daí que a mudança se tornará cada vez mais presente e a alegria poderá prosperar em todas as esferas.