Por quê o maior líder da sua carreira deve ser VOCÊ

"Não te convenças de que a tua verdade possa ser encontrada por qualquer outro." André Guillaume Gide

Entre uma reunião e outra, ao longo do dia, checo meu celular para ver as notificações e, quase sempre, vejo na minha caixa de entrada um e-mail ou mensagem de algum coach profissional interessado em 'bater um papo' comigo. Isso é recorrente desde que ingressei ao mundo corporativo, e tenho consciência que não sou o único que recebe essas abordagens diariamente. Já cheguei a contar mais de 10 mensagens em um único dia; grande parte das mensagens era impessoal e me ofertava a famosa primeira sessão grátis. Acredito que o papel de coaches, mentores e líderes é essencial no desenvolvimento de uma carreira, mas durante as últimas semanas refleti bastante sobre até que ponto somos os únicos responsáveis pelo nosso próprio desenvolvimento.

O quê realmente impacta nos nossos resultados? O quê alavanca o sucesso e o reconhecimento em uma carreira? Qual é o caminho que é preciso trilhar para alcançar o equilíbrio em todas as áreas da vida? São algumas perguntas que julgo serem complexas demais para responder sozinho. Ao mesmo tempo, imagino que somos navegantes vagando solitariamente em barquinhos que denominamos de "vida". Cada um por si, atrás de seus próprios sonhos e ambições. Ao ponderar todas essas questões, separei três razões pelas quais, antes de mais nada, precisamos ser os líderes de nós mesmos.

1. Ninguém te conhece tão bem como você

Por mais assertivo que seja o processo de descoberta que um coach ou um mentor normalmente conduzem, dificilmente as questões verdadeiramente importantes surgem. As motivações e ambições mais íntimas, e que frequentemente são as que inspiram ação, estão numa caixinha que nunca abrimos. São aquelas coisas que não se falam numa primeira sessão grátis. Sempre haverá facilitadores que podem aconselhar e oferecer diretrizes efetivas, mas no fim do dia somos nós que precisamos gerenciar nossas ansiedades, nossas angústias e nossos medos.

Por essa razão, é essencial passar por um processo de auto-conhecimento. O que realmente é importante para você? Para onde você está indo? Essa é mesmo a melhor opção? É o que te vai fazer feliz? Essas e outras questões estão em constante metamorfose no nosso âmago, e você não pode contar com um coach quando estiver remando na tempestade. Conheça suas emoções, e aprenda a domá-las.

Como?

Ensine-se.

Boa parte do que eu aprendi (mesmo que pouco) foi remando sozinho. Tive excelentes mentores e líderes que me instruíssem, mas eventualmente eu me veria num oceano com os mais rudimentares instrumentos de navegação, e o que determinaria meu sucesso seria minha força de vontade e o controle das minhas emoções. Aos trancos e barrancos, é possível acordar no dia seguinte com uma noção mais real de onde se está indo e como isso está acontecendo.

2. Ninguém pode tomar uma decisão por você

"Nada é mais difícil e, portanto, tão precioso, do que ser capaz de decidir" Napoleão Bonaparte

Acredito que Napoleão Bonaparte foi um dos mais icônicos líderes de todos os tempos, e também acredito que, antes de ser líder de um colossal exército, ele era líder de si próprio. Isso significa lidar com inseguranças, objeções e dúvidas, e ainda assim investir em uma batalha que pode custar a vida. Na grande maioria das vezes, estamos em situações semelhantes.

O dilema de uns é trivialidade para outros, e vice versa. Existem dois tipos de decisão: as explícitas e as implícitas. A decisão explícita é aquela que conhecemos: onde vou almoçar, que horas vou acordar amanhã, que carro vou comprar, etc; a decisão implícita é aquela que também conhecemos, mas que é sutil e silenciosa: se vou ou não ouvir o que a outra pessoa está dizendo, se vou procrastinar uma tarefa difícil, se vou deixar minha zona de conforto para fazer algo que ninguém está olhando.

As decisões implícitas, na maioria das vezes, são as que definem nosso trajeto, e também são as que normalmente não compartilhamos com coaches ou mentores. São micro-decisões que tomamos ao longo dos dias, dos anos, da vida e sequer nos damos conta, e como lidamos com elas está intimamente ligada ao gerenciamento das próprias emoções. É prepotência imaginar que essa responsabilidade possa ser delegada a alguém. Existem profissionais qualificados que viram de tudo em suas carreiras, e sabem como transmitir essa sabedoria, mas é sabido que na prática é diferente. Na prática, 20% é inspiração e 80% é ação. É necessário 'se jogar'! E para isso, é necessário preparar-se e conhecer-se. Esse é o caminho para ser líder de si mesmo.

3. Ninguém dará valor às suas conquistas por você

Quando se amadurece no processo de auto-conhecimento, é possível olhar para trás e ver cada passo que foi trilhado, cada batalha vencida, cada ferida que foi lambida. Avalia-se cada canto da vida e descobre-se coisas novas nesse vislumbre. O valor disso não é percebido externamente, por quê só você sabe o que foi necessário para que aquilo fosse alcançado; é uma narrativa em primeira pessoa onde a personagem principal também é o locutor.

Provavelmente ninguém além de você saberá valorizar de forma devida cada degrau que você precisou subir. Outros podem ter uma ideia, mas será você que extrairá o melhor de cada experiência e reutilizará no futuro. Não espere alguém ter a receita do sucesso e compartilhar com você para as coisas começarem a encaixar. Faça um balanço do que deu certo e impactou nos seus resultados, o que alavancou o sucesso nas suas tomadas de decisão, e o que você fez para encontrar equilíbrio em algum momento oportuno. Você se frustrará se depositar as respostas de todas essas perguntas em alguém que não sabe um centésimo sobre você!

Concluindo...

Coaches, mentores e gurus tem muito a agregar nas nossas vidas pessoais e profissionais, mas a parte mais importante do desenvolvimento é intrínseco à nós mesmos. É fundamental saber liderar suas próprias emoções e sentimentos antes de recorrer a alguém. Não se trata de menosprezo aos profissionais que se dedicam a essa atividade, mas sim um alerta para aqueles que consideram 'terceirizar' na sua totalidade uma tarefa imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento pessoal e profissional. Fiquem à vontade para compartilhar suas experiências pessoais e opiniões acerca das reflexões deste artigo!