Por quê o Profissional de Crédito precisa de apoio?
Muitas vezes não precisamos de aumento salarial, ou promoção para atingir o que parece impossível, Arquimedes eternizou uma frase que dizia “Dê-me um ponto de apoio e levantarei o mundo” Por isso escrevo e te provoco a pensar: Por quê o Profissional de Crédito precisa de apoio?
Na segunda guerra Winston Churchill eleito primeiro ministro, substituindo Neville Chamberlain, na época, muitos parlamentares e o rei George VI não gostavam de Churchill, seu estilo não era amigável, grande parte das pessoas que o circulava, não tinham apreço por ele.
Muitas vezes sozinho Churchill precisava tomar medidas e decisões duras e como qualquer ser humano talvez nem ele soubesse de fato o que estava fazendo, tudo poderia dar errado, não havia um manual a ser seguido, não havia “Job description” para tudo aquilo que estava ocorrendo, em um determinado ponto o próprio Churchill começava a duvidar de si mesmo.
Afinal quem APOIARIA Churchill?
Nesse momento difícil para o primeiro ministro, o Rei George em pessoa o convoca para uma reunião a portas fechadas, e nela expressa seu total e incondicional apoio ao ministro, mesmo não tendo apreço por ele, precisava apoiá-lo, esse é o papel de um líder mostrar o caminho e motivar seus liderados a fazerem o que precisa ser feito.
Churchill saiu renovado, o resto está descrito na história.
Um dos primeiros artigos que escrevi aqui no LinkedIn, compartilhei o conceito de crédito: ACREDITAR.
Na maior parte do tempo é o que profissionais de crédito fazem, ACREDITAM em clientes, concedem valores, prazos, condições, taxas e produtos, de várias formas ACREDITAMOS que o cliente honrará seu compromisso, por isso nos expomos ao risco desse compromisso ser desonrado, como consequência respondemos, às vezes, severamente por nossos erros em ACREDITAR no cliente errado, eu mesmo ja sofri e sofro várias “punições”, pois nosso “acreditar” influencia o volume de vendas, cobrança, fraude e resultado do acionista, além do humor de todos a sua volta.
Abro espaço para uma história, certa vez uma startup de crédito necessitava alterar sua planta física, uma expansão era necessária, devido ao crescimento de colaboradores a sede atual não mais comportava o contigente de funcionários. Um novo espaço foi locado, paralelamente arquitetos foram contratados para desenhar o projeto da nova sede. Devidamente arquitetado faltava por em prática a obra e a mudança da sede.
Foram orçados alguns empreiteiros para colocar o plano em prática, os primeiros orçamentos eram astronômicos e aos olhos da direção parecia inviável os planos apresentados.
Alguns meses se passaram e a obra não havia saído do plano, pressionando os custos, a nova locação teria seu peso somado a antiga, algo precisava ser executado, porém, não cabia essa responsabilidade a nenhum colaborador, pois cada um seguia seu “Job description” o fato do projeto não evoluir fez com que a direção buscasse em seu quadro de colaboradores, qual profissional poderia colocar em prática o “accountability”, por isso chamaram o gerente de crédito.
Uma pessoa de poucas palavras que cuidava das complexas políticas, compromissado em entregar o que fosse necessário, foi o perfil escolhido para a tarefa, a direção o chamou e perguntou se além das tarefas diárias poderia assumir esse compromisso. O gerente de crédito assumiu a responsabilidade como uma “Mensagem à Garcia”.
Fez no projeto o mesmo que se faz em crédito, avalia os fornecedores, projeta o resultado, aprova o orçamento com a diretoria e executa, na execução consegue projetar quando o processo deve ficar pronto, sempre com uma margem de erro.
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A execução envolveu liderar, pedreiros, gesseiros, profissionais de piso, elétrica, demolição, compra de materiais e virada de noites, isso com todo o processo de crédito em andamento, até que chega à direção e divulga após 3 semana de obra: “Na próxima segunda faremos a mudança dos colaboradores para a nova planta”.
Foi um susto para a direção, ninguém acreditou, um dos colaboradores ligados ao RH foi conferir a obra e voltou para o RH com a mensagem é impossível que consigamos mudar de planta na próxima segunda, o diretor de RH entrou em contato com o gerente de crédito explicando que seria impossível, o gerente de crédito falou de forma enfática: Mudaremos na próxima segunda, ao desligar o telefone o Gerente ficou triste e começou a duvidar de si e da equipe se realmente conseguiriam.
Os pedreiros que estavam com o Gerente do crédito viram a tristeza e foram perguntar o motivo, ao explicar a situação os pedreiros e serventes mostraram TOTAL e INCONDICiONAL apoio, ENTREGARAM TUDO NO PRAZO. A empresa fez a mudança e o gerente foi premiado pelo seu feito.
Todo profissional de crédito precisa de apoio, se vier de cima melhor, mesmo que digam que ele é severo, não aprova, não isso, não aquilo, afinal contratamos esse profissional justamente para falar não, controlar o risco, precisamos dar espaço para ele entenda os dados, as pessoas, negócios, que saiba onde e como falar não, ajustando expectativas. As pessoas tem problemas quando ouvem o NÃO.
Motivo para muitas áreas desejarem a crucificação dos gestores de crédito, aprovar é um Risco, quando e como dizer NÃO é uma arte, se não gosta da palavra pelo menos observe o impacto positivo que ela causa, historicamente os gestores de crédito que mais disseram SIM colocaram empresas em situações delicadas de resultado, os que mais disseram NÃO são tachados de inflexíveis e são os esquecidos no amigo secreto da empresa, pense nisso apoie o profissional de crédito.
Cientista de dados | Professor na ESPM | Prof. convidado na USP-ESALQ-Pecege e FGV/EESP
2 aPois é, se o profissional de crédito é hostilizado na empresa, agora você imagina o cara que audita ele!