Por que é importante entender o posicionamento feminino nos dias atuais sob uma perspectiva histórica?

A verdade é que não existe muita distância entre o que passou e o que vivemos hoje, pois além de ser uma condição de gênero, ser mulher também é uma condição histórica.

Somos resultado de anos de repressão, controle e submissão e isso justifica muitas das situações e lugares onde estamos inseridas.

 Ao longo dos anos, vivemos uma série de conquistas que foram documentadas, mas até que ponto isso, de fato, contribuiu para que a mulher se sentisse mental e fisicamente mais livre? Na verdade, nós pagamos um preço alto demais por cada uma dessas conquistas, ainda mais quando os movimentos em defesa dos direitos da mulher têm vertentes políticas muito fortes e acabam por excluir aquelas que são contrarias a qualquer ideia posta.

De certo modo, algumas das imposições ocorridas no tempo, levam algumas mulheres a erroneamente pensar que a tábua de salvamento depende da ordem vigente ou de outras pessoas. Na bem da verdade, é forma como você se posiciona que determina como você será vista, respeitada e, consequentemente, tratada como igual.

Mas para se posicionar, você precisa se conhecer. Precisa entender quantos paradoxos envolvem o universo feminino e em qual você se encaixa, que podem ser todos ou nenhum. É justamente por ser um paradoxo multipotencial que a mulher precisa entender que é livre para escolher a vida que faz sentido para ela e assim se posicionando, acaba por convencer as outras pessoas que essa é uma escolha certa.

O posicionamento está muito ligado à metáfora da máscara de avião. Primeiro coloque em você, depois nos outros. Acontece que instintivamente, temos o impulso de primeiro salvar as outras pessoas e só depois, se sobrar ar, nós iremos sobreviver.

No posicionamento o erro é primeiro tentar imaginar o que as pessoas vão falar e depois criar uma “vida de novela” para se adequar. Quando você inclui um ingrediente chamado estratégia, você entende que primeiro cria a vida que você quer viver e se posiciona de uma forma que convença as pessoas disso e não ao contrário.

Importante lembrar que nem todo mundo irá entender e esse é o “pulo do gato” do posicionamento: não precisa que todos entendam, precisa apenas que as pessoas certas comprem a sua ideia. Para isso você primeiro precisa acreditar, pois ninguém sustenta uma mentira por muito tempo. Por isso é tão importante que você entenda a posição que quer ocupar e como os contextos históricos estão te impedindo ou podem te fortalecer nessa busca.

Isso foi algo que sempre senti falta do mercado. Alguém que falasse do posicionamento feminino sob uma visão histórica, aplicada ao fato de que a mulher desde os tempos mais antigos foi privada do acesso ao conhecimento por claramente tem uma capacidade intelectual muito maior que a do homem.

Mas pelo sistema patriarcal e talvez até bíblico, não cabia à mulher se colocar em uma posição acima do homem, considerando que foi feita a partir deste.

Porém, ressignificando a forma como a história foi escrita, importante lembrar que se um dia fomos queimadas por entenderem que o nosso posicionamento seria perigoso demais, hoje podemos colocar fogo no mundo, como eu sempre digo, usando essa força que foi calada tantas vezes, a força criativa e intelectual de toda mulher.

Você não necessariamente precisa se voltar contra o sistema religioso, político ou social. Você apenas precisa ser livre para escolher. Seja para se dedicar ao mercado e ser independente financeiramente, seja para se dedicar à família, ao marido e aos filhos. Ou ainda, às duas realidades. A escolha é totalmente sua, sem o peso do julgamento interno e externo.

A mulher por muito tempo foi retratada sob uma visão negativa, o que diminui a sua autonomia. Ou seja, a mulher nunca atingiu a sua plenitude quando falamos em liberdade, nem mesmo nos dias de hoje considerando os altíssimos padrões e cultura de cancelamento.

O fato é que, desde os tempos mais antigos, o poder de influência da mulher está diretamente ligado à aparência, ao posicionamento, à atração que ela exerce sobre os outros e isso foi considerado crime por muitos anos.  A inferiorização do papel da mulher está baseada na cultura, nos costumes, na história e só mudamos a história contando uma nova, recomeçando, revolucionando a ordem vigente.

Isso não é um ato de rebeldia, mas de rompimento com imposições sociais; códigos prontos, com o bloqueio da autodeterminação, da submissão e da repetição de padrões;

O chamado aqui é para que você se emancipe através da história, pois ser mulher é sinônimo de segurança, força e independência para fazer as próprias escolhas, contar a própria história e construir o próprio palco.


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