Por que é tão difícil ser mulher em TI?
Foto retirada da internet

Por que é tão difícil ser mulher em TI?

Comecei escrever este texto como uma forma de desabafo, mas ao pensar sobre o assunto percebi que não era apenas um desabafo, era um fato, uma dura realidade: por que é tão difícil ser mulher e atuar em TI, principalmente em cargos de gestão? Por que não recebemos o mesmo tratamento dispensado aos homens? Por que não somos ouvidas durante reuniões? Por que somos hostilizadas em publico? 

Acredito que para tentar entender um pouco esse "fenômeno" preciso voltar a minha época de faculdade.

O ano era 1999, eu, caloura de Ciência da Computação, ao entrar na sala de aula pela primeira vez me deparei com com 59 homens e apenas 10 mulheres. Todas tímidas, cabisbaixas, com aquele olhar apavorado com o mesmo pensamento: "O que eu estou fazendo aqui?". Bom pelo menos era o que eu pensava. Não fiz colégio técnico, não estudei em escolas particulares e principalmente, não sabia uma linha de código fonte, aliás, prazer linguagem Pascal. Meu nome é Fernanda! 

Em poucas horas de aula, percebi que precisaria me esforçar muito mais do que os outros para tentar acompanha-los, mas isso não seria um problema, o problema estava no desprezo inicial de alguns professores, não apenas por eu não saber programar, mas por causa dos inúmeros olhares de reprovação que diziam: "O que vocês mulheres pensam que estão fazendo aqui?"

Nos corredores durante os intervalos, alguém sempre nos perguntava: "Vocês são de qual turma de Direito?"e quando dizia-mos: "Somos da Computação!" o mesmo olhar de espanto tomava conta de todos! 

Os anos passaram, veio a formatura e um rápido crescimento profissional, com apenas 3 anos de formada eu já era coordenadora de equipe. Só que a partir desse momento eu passei a enfrentar algo, que até então, jamais tinha enfrentado antes: Falta de respeito! 

Não prestarem atenção no que você fala, falam por cima, distorcem suas palavras e claro, sempre que você resolve falar um pouco mais grosso ou mais alto, a mesma frase é repetida: "Você está descontrolada!" ou então "Você está de TPM?".


Não! Nós não somos descontroladas, não estamos na TPM, apenas queremos ser ouvidas! Queremos ser respeitadas! Queremos cobrar a equipe e não ser hostilizada em corredores, queremos ser levadas a sério! 

Mas como? O que deveríamos fazer de diferente? O que não fazemos? Existe algo que possamos fazer para mudar? 

Para mim a resposta é simples: Não estamos fazendo nada de errado, não precisamos fazer nada de diferente, apenas vivemos em uma sociedade patriarcal que não consegue enxergar e aceitar mulheres em posições superiores. Mas como mudar isso? Simples: Com respeito! Ouça o colega, pondere as ideias alheias, abra-se a diversidade, compartilhe experiências, comemore sucessos, divida derrotas, simplesmente respeite! 

Aos meus mentores de vida e profissão, obrigada por me ensinarem isso! Aos meus colegas de trabalho, obrigada por compartilharem e respeitarem, aos homens que ainda se sentem superiores, repense, reflita, respeite! As vezes, aquela mulher que você tanto despreza por que a julga como inferior, está apenas com medo de lhe dizer a verdade. As vezes ela poderá te ajudar de uma maneira tão inovadora que você poderá se surpreender! 

Que tal dar uma chance?

Conzuelo Migueles Barrenechea

Google Cloud Advocate - Ayuda a las empresas en la transformación digital

2 a

🚀👏👏👏

Tabitha Pessôa

Especialista de Teste| Scrum Master | CSM |MBA | CTFL | Cidadania Italiana

5 a

Fer, amei seu texto e infelizmente todas nós passamos por isso nessa àrea, ainda existem muitos machistas que ficam amedrontados diante de nós como se fossemos amear a virilidade deles.  Certa vez ouvi de um cara que trabalhava comigo que havia muitas mulheres no setor de testes que estava muito difícil para ele trabalhar, ao que eu pensei "O mundo dá voltas".  Apenas para polemizar já é difícil ser mulher na área de TI se for lésbica ou BI é mais difícil ainda. Tenho fé que assim como no caso da minha mãe que quando fez odontologia tinha 5 mulheres e 40 homens e hoje é um curso em que as mulheres predominam, a área de informatica converta para isso e a diversidade ganhe voz. 

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