Por que atiramos pedras?
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Por que atiramos pedras?

Independente da sua religião ou crença, este artigo é um convite à reflexão sobre o homem Jesus. Que Ele existiu, ninguém pode duvidar, pois fé e ciência já se encontraram sobre isso.

Numa sociedade imediatista, onde a informação vence o conhecimento, poucos praticam uma das fontes mais cristalinas na busca da felicidade: a filosofia. Vemos cada vez mais o vazio se “alimentando” da banalidade e do caminho mais fácil, mais curto. O mesmo vazio que fará cobranças no futuro...

Jesus, como era regra na época, seguia a profissão do pai (carpinteiro), portanto, desde muito cedo já utilizava em seu trabalho as ferramentas (prego, martelo) que iriam crucificá-lo anos mais tarde. E de forma consciente! Como homem que era, deveria então ser o mais depressivo, ansioso ou estressado da época! Mas, paradoxalmente, um de seus grandes legados foi praticar (e ensinar) o genuíno poder da inteligência emocional e seus benefícios.

Tudo o que Ele fez e falou durante sua passagem pela Terra foi pura sabedoria e, nos Evangelhos da Bíblia, podemos nos deleitar nela. Aliás, Evangelhos escritos por alguns de seus discípulos, homens que ele simplesmente transformou da água para o vinho. Pedras brutas que Ele maravilhosamente lapidou com sua liderança. Portanto, mudanças são possíveis!

Temos a chance de aprender muito com Jesus. Terapeuticamente, “viajaremos” agora em sua sabedoria. Vou citar aqui apenas uma dessas oportunidades de aprendizado.  

"Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Pois bem, quanta sabedoria (não explorada) há por trás deste episódio onde Jesus defende uma pecadora das pessoas que a estavam condenando, as quais, depois de ouvirem esta frase, foram se retiraram do local, uma a uma, sem atirar as pedras (a frase e o episódio completo estão no capítulo 8, versículos 1 a 11 do Evangelho de João).

Quantos continuam hoje, 2018 anos depois, na mesma: julgando o outro e sofrendo, por não entenderem que estas pedras atrapalham o seu próprio caminho. Pedras são fardos, crenças limitantes, passado mal resolvido, lixos emocionais que tentamos “atirar nos outros” para nos livrarmos (mas só pioramos nossa situação). Portanto, veja a magnitude do grande convite de Jesus neste episódio! Na verdade, Ele faz aquelas pessoas refletirem não só no fato de não terem o poder de condenar alguém, mas Ele quer que esta reflexão vá além: só não atira pedras nos outros quem não as tem! Isso é resolver na raiz...

Estamos neste mundo em evolução constante e devemos entender que cada um tem sua história, estrutura, limites... pedras (independente da quantidade, tempo ou tamanho, pois ninguém é igual a ninguém). Vemos, inclusive, muita gente (famosa ou não) sendo acusada e condenada por erros que comete e, o pior, a parte “boa” destas pessoas vai de carona no contexto e isso realmente não faz o menor sentido.

Portanto, cada um está no seu ponto de evolução e podemos inteligentemente respeitar essa dinâmica, pois o foco deve ser o que aprendemos com nossos erros, buscando novos “pontos” de evolução, mesmo que algumas tentativas falhem. Isso é viver com sabedoria, ou seja, evoluir, sermos melhores hoje do que fomos ontem e não melhores que os outros. Claro que podemos ajudar os outros a evoluírem, mas veja a palavra usada: “ajudar” e isso nada tem a ver com jogar pedras, se vingar, julgar ou condenar, pois essas são atitudes que, além de não resolverem nada, apenas desperdiçam nossa energia emocional e tempo, nos sufocando e prejudicando.

Que, a exemplo desta passagem da vida de Jesus, olhemos cada vez mais para nossas pedras, quais são, quantas são e o que elas estão “produzindo” nesta nossa caminhada de evolução por esta vida.

(Artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, dia 08/12/18, em coluna do autor)

               

         

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