Por que desaprendemos a conversar? (E como isso prejudica marcas e pessoas)
Conheça a Cida Saldanha, livreira há 33 anos na Livraria da Vila da Fradique
Conhecida por sua simpatia e profundo conhecimento literário, ela se tornou uma figura querida por quem frequenta o lugar.
Quando jovem, ela se mudou para São Paulo para estudar sociologia e sua casa rapidamente se tornou um ponto de encontro para amigos e conhecidos, que chegavam sem avisar, tocavam a campainha e eram recebidos com um sorriso. Essa abertura e hospitalidade são marcas de sua personalidade, refletindo um tempo em que as pessoas se conectavam de forma mais direta e espontânea.
Hoje, Cida ainda cria conexões genuínas, ela pergunta aos clientes sobre seus gostos e interesses literários, e suas recomendações são quase sempre certeiras, levando muitos a sair com mais livros do que pretendiam comprar. Cida não apenas vende livros, ela cria experiências e momentos de troca. Sua capacidade de conversar e entender as pessoas faz dela uma presença insubstituível na livraria.
Tecnologia e isolamento
Vivemos na era digital, onde a comunicação nunca foi tão fácil, mas paradoxalmente, a habilidade de conversar está se perdendo. Em um mundo onde mensagens de texto e e-mails substituíram as interações face a face, estamos nos afastando das conversas genuínas que antes nos conectavam de maneira mais profunda e importante.
Hoje, uma ligação telefônica não programada é vista como uma invasão. Penso que isso reflete uma crescente desconexão emocional, onde preferimos a segurança das mensagens digitais à vulnerabilidade de uma conversa real. Este isolamento tecnológico nos afasta não apenas no âmbito pessoal, mas também profissional, criando um ambiente onde as conversas necessárias vão desaparecendo cada vez mais.
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E as empresas?
As empresas precisam tratar a conversa como uma arte a ser cultivada. Se me perguntarem qual o principal papel de CMOs e líderes hoje, eu diria sem pestanejar: gerar conversas! Especialmente entre seus clientes atuais e seus futuros clientes. O boca-a-boca nunca deixou de ser a melhor ferramenta de branding e vendas.
A criação de espaços para encontros e conversas espontâneas, assim como na casa da Cida, pode potencializar a dinâmica das comunidades em torno das marcas.
Sem conversas verdadeiras, a compreensão mútua e a colaboração sofrem, gerando relações fragmentadas e baixa lealdade.
Isso sem contar no ambiente interno de toda empresa que eu conheço que se resume a: horário de começar, horário de terminar, pauta bem definida e conversas quase sempre não terminadas. Muita produtividade e pouca criatividade. Mas, sem criatividade, nós que trabalhamos com comunicação e serviços, estaríamos produzindo o que exatamente? Sempre mais do mesmo?
E agora?
É hora de iniciar um movimento de redescoberta e valorização das conversas genuínas, que alguns até chamam de “difíceis”
Ao resgatar práticas de conversas fortalecemos não apenas nossas relações humanas, mas também nossos negócios. Que as marcas e seus líderes de marketing abracem o papel de facilitadores de diálogos autênticos, transformando cada interação em uma oportunidade de conexão verdadeira e impacto positivo.
Dica bônus: Recentemente reli “Como fazer amigos e influenciar pessoas” do Dale Carnegie, uma preciosidade publicada em 1936 e segue atualíssimo. Você encontra lá com a Cida ou no seu Kindle ou loja de audiobook.
Coordenador na Nano Incub | Guia na Abstartups | Mentor na ACE Startups | Product Manager | Discovery | Analista de Negócios | Customer Success
3 mHá alguns dias estava numa cafeteria com alguns amigos conversando exatamente sobre isso, e refletindo sobre "em que momento virou uma regra de etiqueta na sociedade ter que mandar mensagem no whatsapp avisando se podemos ligar, visitar ou simplesmente conversar com a outra pessoa". Além de desaprender a conversar, percebo que as pessoas estão desaprendendo a arte da hospitalidade. Antigamente, quando chegava visita, as pessoas faziam café, bolo... hoje em dia as pessoas esquecem até mesmo de oferecer um copo d'água! Preocupante...
Mentoria, Coaching & Professor FIA Business School
4 mNo momento em que vivemos com equipamentos, ferramentas cada vez mais ágeis para a comunicação, merece uma reflexão da ferramenta, talvez mais primitiva, que sao os encontros que proporcionam diálogos, conversas que nos tragam novas perspectivas sobre um ou mais temas de interesse daquele grupo. E foi assim que evoluimos… “ Que voltem as cadeiras nas calçadas, os bate papos sobre os assuntos do dia e ouvirmos novos ponto de vista…”
Cultura Organizacional | Felicidade Corporativa | Negócios Conscientes | Futuro do Trabalho | Filantropia | Ajuda Humanitária
4 mMuito bom, Ju! Reflexão necessária. Nunca estivemos tão conectados como agora e, paradoxalmente, tão sozinhos. Saudades 😉