Por que a Eficiência Energética?

Por que a Eficiência Energética?

As discussões inerentes aos riscos de desabastecimento de água e energia, aumento da destruição do meio ambiente, o esgotamento de fontes energéticas não renováveis e o crescente avanço do valor das tarifas de energia elétrica, levam-nos sempre à busca de soluções adequadas para o armazenamento e conservação de energia. O Brasil parece que ignorou as experiências anteriores, sendo a mais recente em 2001, quando os reservatórios das hidrelétricas tiveram índices baixíssimos e foi necessário contratar energia cara e poluente, de curto prazo para suprir a demanda crescente na ocasião.

Eu pude experimentar estas situações quando trabalhava para empresas especializadas no fornecimento de projetos, equipamentos e serviços de EPC (Engineering, Procurement & Construction) e comissionamento de termelétricas para os sistemas isolado e interligado. Instalamos termelétricas para fornecimento de energia elétrica em contratos longos de 20 (vinte) anos, mas também para fornecimento temporário, com contratos de alguns meses ou até uns 5 (cinco) anos. Algumas destas termelétricas foram instaladas para suprir energia emergencial por meio do Programa Emergencial de Energia Eletrica a partir de 2001. Aquela crise não surgiu por acaso e nem a causa pode ser resumida a apenas um só motivo. Esse processo tem como referência histórica a redução de investimentos na transmissão, distribuição e conservação de energia elétrica; a dependência do país com relação às usinas hidrelétricas, responsáveis pela produção de grande parte da energia consumida no território nacional; as transformações ambientais, incluindo os baixos índices pluviométricos, que produziram impactos negativos na matriz energética brasileira; aumento da demanda em razão do desenvolvimento de novos empreendimentos nos diferentes setores da economia associado a um aumento de consumo residencial de energia elétrica.

Embora a criação, a partir de 2005, dos chamados Leilões de Energia Nova e outros leilões de energia promovidos pelo Ministério das Minas e Energia (MME) e suas entidades Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), além da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), parece-me que estas ações ficaram descasadas, ou seja, os investimentos em geração e transmissão não acompanharam um cronograma que pudesse fechar em tempo hábil para termos hoje maior estabilidade de fornecimento de energia em todas as regiões. Observei que o tempo para construção de novas linhas de transmissão ficaram até 2 (dois) anos defasados da construção das usinas, talvez por não prever as ações de órgãos ambientais, que certos ou errados, impediram o progresso de projetos por entenderem que agrediam o meio ambiente de forma mais danosa do que o calculado pelos empreendedores vencedores dos leilões.

Neste atual cenário, só não estamos em situação mais difícil porque também não crescemos como o previsto e, desta forma, não tivemos maiores problemas com o abastecimento de energia no país.

Se não podemos avançar em projetos de construção de hidrelétricas com reservatórios maiores, ou porque as termelétricas são caras e poluentes, ou mesmo porque as usinas de geração de energia por fontes renováveis não podem garantir ainda um fornecimento de energia elétrica firme e constante para o sistema, ainda não sendo possível armazená-la para uso futuro, a melhor alternativa é gerar a mesma energia existente de forma mais eficiente.

Dessa forma, é preciso trabalhar empresas, empresários, órgãos públicos e população para uma maior conscientização no uso das reservas de água e energia e os projetos envolvendo eficiência energética. As vantagens dos projetos de eficiência energética estão nos ganhos de produtividade, confiabilidade de operação, qualidade da energia, economia de água e demais insumos levando à redução de custos operacionais e ações de sustentabilidade.

O que me motiva a buscar soluções no uso eficiente da energia elétrica já existente é a possibilidade de adotar soluções, que na maioria das vezes serão mais simples do que a implantação de uma nova usina, sendo de um modo geral projetos que necessitam de menor investimento por parte do interessado, além do tempo mais curto do que a construção de geração nova. Este tipo de ação apenas começa a ser mais requisitada por empresas que desejam ter suas contas de energia elétrica e seu custo de produção reduzido.

Então, não vamos esperar outra crise, pois o momento de ser mais sustentável é agora!

sergio waissman

Auditor Interno na Eletrobrás

9 a

Prezados, gostaria de acrescentar ao que já foi dito o aspecto comercial, que é importante para aquele(a) que quer empreender, ter um produto que seja fácil e barato de manter e limpo na hora do descarte.

Jussara Oliveira do Nascimento, Msc

Waste to Energy/Mudanças Climáticas/Planejamento Energético/Engenharia/Energias Renováveis/Educação

9 a

Muito bom, Cesar! Mais do que priorizar outras fontes de energia, precisamos melhorar a eficiência da já existente. É certamente mais sustentável. A mania brasileira (vamos ser razoáveis. Dos brasileiros que opinam sem base) de simplesmente copiar os mais desenvolvidos acaba atrapalhando algumas vezes. Nosso potencial hídrico é muito maior do que os países europeus e por isso nosso cálculo de viabilidade é diferente. Dra Denise Barros, o que acha?

Wagner Barrozo

Gestor da Divisão de Novos Negocios para America do Norte, África e Asia

9 a

Concordo com a colocação do David sobre a questão política mas acrescentaria também um viés econômico-financeiro para os agentes do mercado onde eles tentam transformar tudo isto em algum tipo de receita e isto parece não estar claro ou não incentiva de alguma forma. Veja a confusão hoje na CCEE com as geradoras e distribuidoras buscando respaldo no judiciário. Você está certo quando diz que é hora de se repensar mas sem vícios do passado.

David B. Svaiter

Cryptologist - Entrepreneur - Consultant - Master Developer (.NET, SQL, MQL5) - Professor - Founder NAWKA and OASYS.

9 a

A questão é muito mais política que gerencial. Vimos com surpresa que, situações como a da Petrobrás, favorecem as saídas emergenciais, dispensadas de Licitações e portanto, favoráveis à corrupções diversas nos escalões superiores. Fica muito difícil para nós, contribuintes afastados do centro do Poder, acreditar que toda esta questão não é (em verdade) planejada e cuidadosamente gerenciada justamente para crises que facilitem o mal-feito. Posso estar errado, claro, mas é essa a impressão que dá e seu artigo reforça isso. Abração Cesar!

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