Por que não gosto da Apple?

Em primeiro lugar, não tenho interesse em incitar a ira de fanboys, tampouco comparar computadores, notebooks, tablets e smartphones.

A bem da verdade, a Apple possui gadgets¹ que são verdadeiros objetos de desejo, sonhos de consumo capitalista. São de um design extremamente bonito – o que não deixa de ser passível de gosto pessoal – e funcional. Não à toa é uma das marcas mais valiosas do mundo. Falando de século XXI, lembro-me da rodinha do iPod, o que foi aquilo? Nada menos que uma verdadeira revolução!

É impossível olhar um iMac e não admirar suas linhas. Qualquer sala ou escritório de design, arquitetura, fotografia... na verdade *qualquer* escritório tem ao menos um exemplar em posição de destaque, onde qualquer um possa vê-lo.

iPhone merece um capítulo à parte e exclusivo na história mundial dos celulares. Foi pioneiro no que a gente conhece e entende por smartphone. Para fins desse artigo, não quero me estender nesse tópico.

Mas, afinal, por que odeio uma das marcas mais valiosas do mundo?

Abro aqui um parêntese, como se minha opinião nesse universo valesse de alguma coisa. Sou um simples mortal que curte eletrônicos. Não sou blogueiro, youtuber, marketeiro nem formador de opinião. Dito isso, peço que tente enxergar meu ponto de vista de maneira isenta e imparcial.

Nós, brasileiros, há muito somos um mercado consumidor potencial dos produtos da marca. Do computador ao celular, do smartwatch ao Apple TV, cada vez mais vemos maçãs entrando por aqui de forma legal e, principalmente, ilegal. Mas, falando em ilegal, isso tem mais a ver com política, impostos e afins, e eu não vou me estender nessa discussão.

Pois bem, com tanta demanda por esses produtos, por que ainda não vemos os olhos da empresa voltados pra cá?

"Como assim?" – você pode perguntar.

Ora, não falo de já haver produtos, lojas autorizadas e assistências por aqui, mas sim da atenção da marca com nosso mercado. Vamos ser pragmáticos: você já viu algum teclado de computador da marca com "ç"? E não me diga que não faz diferença. Ora, faz sim! Nosso idioma tem "ç" e, mesmo que você seja um programador ou não seja nativo, já precisou redigir um e-mail ou um documento tendo que fazer aquelas tais combinações de teclas.

Você lembra o tanto que demorou para a assistente Siri reconhecer nosso idioma? (Isso porque ela já falava espanhol, italiano, alemão, japonês, chinês...)

Já tentou compartilhar algum conteúdo de mídia (foto, áudio ou vídeo) ou qualquer tipo de arquivo com outros celulares não-Apple? Ainda, nem quero citar o imbróglio que é ter que usar o iTunes para gerenciar suas músicas ou backup de arquivos e apps.

Já passou pelo PARTO que é precisar migrar sua Apple ID, ou conhece alguém que já o tenho feito sem xingar o Steve Jobs e suas gerações futuras?

Coitado, era um gênio. Pelo que já li era uma pessoa de difícil convívio, um típico sociopata funcional, mas inquestionavelmente um gênio.

E esse MacBook Pro com "Retina Display" (nome gourmet para sua tela de alta resolução), touch bar, touch ID, teclado retroiluminado, etc, etc, etc? Custa um rim sadio e não tem uma porta Ethernet! E se, para o que eu preciso, uma conexão wi-fi não for suficiente? Aí você diz "Ah mas tem adaptador pra isso!", tá, mas e o preço? Tenho mesmo que comprar adaptador(es) próprio(s) de 200~300 reais pra usar USB (!), HDMI, DV Port e até Ethernet? É um absurdo, abmudo e abcego isso não vir como acessório! Thunderbolt? Sério? Não preciso citar a ausência de leitor de CD/DVD porque mídias físicas estão "morrendo". Fato. Mas se um dia eu quiser assistir um Blu-ray 4K nessa tela superpower – que provavelmente não é capaz de exibir HDR – vou ter que comprar um leitor externo. Tudo bem. Não fosse assim não teríamos esse corpinho inteiriço em alumínio de pouco mais de 1 Kg.

Design puro, mas nada funcional.

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1. Gadget (do francês gachette, peças mecânicas variadas) ou gizmo é uma gíria tecnológica sobre um equipamento complexo criado para facilitar uma função específica e útil no cotidiano, como por exemplo, dispositivos eletrônicos portáteis (PDAs, celulares, leitores de MP3) que possui inovação, tecnologia, produzido de modo inteligente ou com design mais avançado. Comumente chamado de bugiganga ou engenhoca.